a inveja é fo… tramada (e outras coisas)

Aquilo que me une a Jessica Athayde são os poucos emails que trocámos. Nada mais do que isto. Como tal, não escrevo este texto para a defender, porque não precisa disso. Escrevo porque é impossível não o fazer. Sobretudo por causa do que tenho lido e das coisas sem sentido – na minha modesta opinião – que algumas pessoas defendem e também pela ausência de limites que certas pessoas demonstram. Basicamente, e para quem não sabe o que se passa, Jessica Athayde desfilou de biquíni na Moda Lisboa. Isto foi o suficiente para abalar o mundo de muitas pessoas, que entre outras coisas bem piores, acusam a actriz de não ser manequim e de ser gorda. E tudo isto pode ser analisado de diversas perspectivas.

Muitas pessoas revoltam-se porque Jessica Atahyde não é manequim. Como tal, comparam-na com as manequins profissionais. E isto não tem razão de ser. A actriz desfilou como figura pública. Não mais do que isso. Se a marca quisesse uma manequim, contratava uma. E isto é bastante comum neste, e em muitos outros, eventos de moda. Por exemplo, na edição deste ano desfilou também Érica Fontes, a mais famosa actriz pornográfica portuguesa. Nos últimos anos desfilaram os embaixadores da Adidas, que vão de atletas a apresentadores de televisão e actores, que também não são manequins.  Qual a polémica disto? Nenhuma! E não podem existir comparações porque é um convite que é feito a uma figura pública, neste caso uma actriz, para desfilar. É a mesma coisa que defender que um manequim não pode, por exemplo, ser actor porque é manequim. Do meu ponto de vista, não faz sentido.

Outra coisa que fica evidente neste tema é a maldade das mulheres em relação às próprias mulheres. De acordo com a Jessica (o seu ponto de vista está neste texto - que deve ser lido) a maior parte dos comentários maldosos partem de mulheres. E esta é uma triste realidade que não pode ser negada. As mulheres são as primeiras a chamar gorda a outra. São as primeiras a dizer que tem celulite. Que é isto e aquilo. E que devia, entre outras coisas, olhar-se ao espelho antes de sair de casa, quando quem critica não segue o conselho que apregoa. Quem já esteve num evento como a Moda Lisboa – ou outro do género – e assistiu a desfiles perto de grupos de mulheres, certamente que já ouviu comentários do género: “olha aquela cheia de celulite”, “olha a roupa da outra”, “as pernas tortas daquela” e por aí fora. E isto acontece em eventos destes como acontece em muitos outros sítios. E é pena que as mulheres sejam as primeiras a querer derrubar as outras, achando que isso faz delas mulheres melhores e mais valorizadas.

Depois, existe o fenómeno, faz o que digo mas não faças o que eu faço. Muitas pessoas dizem, neste caso, que Jessica Atahyde tem barriga, está flácida e outras coisas. Quantas destas pessoas têm um corpo melhor do que aquele que criticam de forma feia e vazia? Quantas pessoas dedicam parte do seu tempo a tratar da sua saúde, que é isso que realmente importa, tal como faz Jessica Athayde – algo fácil de comprovar na sua conta instagram? É muito mais fácil atacar alguém que está exposto do que colocar a nu aquilo que podia e devia ser melhorado na própria vida e, neste caso, no aspecto físico. Ou seja, escondem-se os defeitos pessoais atacando terceiros.

É impossível não mencionar a inveja. Por mais que me queiram vender que este tipo de comentários não têm uma dose de inveja e de outros sentimentos nefastos associados, não acredito nisso. As pessoas continuam a descarregar as suas frustrações na vida dos outros. A Jessica é uma mulher de sucesso. É actriz, tem uma carreira sólida, tem uma boa vida, é bonita, sensual e está em forma. E tudo isto incomoda muita gente. Sobretudo, quando aparece de biquíni num desfile. E a inveja, que consegue ser fo… tramada fica evidente na forma como se critica algo de que não se gostou. Quem faz um ataque, e não uma crítica, é movido por sentimentos feios e carregados de raiva, entre eles, a inveja, especialmente da vida que vê noutra pessoa e que não consegue ter.

Por fim, Jessica Athayde está sujeita à exposição enquanto figura pública. E quem gosta, gosta. Quem não gosta, não gosta. E ambos os grupos estão no direito de dar a sua opinião. Isso é mais do que válido e justo. Mas, quem não gosta, pode dizer somente isso. “Não gostei de te ver desfilar. Considero que não és manequim e, como tal não deves pisar uma passerelle, e entendo que não tens corpo para desfilar” é um exemplo do que podia ter sido dito por alguém. E que passava a mesma mensagem de “és gorda. Tens celulite, só sabes representar e não devias estar ali”. A diferença está na ausência de ódio. E é pena que as pessoas continuem a canalizar o ódio que sentem para derrubar os outros em vez de o transformarem em força para melhorar a sua própria vida. Lá está, é uma questão de mentalidades. Eu não quero chegar ao patamar de alguém. Quero é que se espalhem ao comprido e que venham até onde estou. E pessoas assim dificilmente evoluem. E o curioso é que nunca percebem porque a vida não lhes sorri.