Hoje, José Carlos Pereira foi notícia por umas boas horas de excessos. Alegadamente, o actor passou 24 horas com um grupo de jovens que o encontrou já num estado lastimável numa discoteca lisboeta. Zeca e o grupo acabaram por prolongar a festa, que terá tido lugar em Setembro, e parte dessas horas de loucura foram filmadas, acabando alguns frames desse vídeo, onde entre outras coisas, o actor aparece embriagado e deitado a cantar, na capa do Correio da Manhã. O que tem gerado uma onda de indignação.
Existem dezenas de formas de analisar tudo isto. Aquilo que mais incomoda as pessoas é a devassa da vida privada do actor. Até porque o vídeo é efectuado numa casa e sem o consentimento de Zeca que está podre de bêbado. Pessoalmente, condeno a divulgação deste tipo de imagens ou vídeos. E o estado da pessoa é motivo mais do que suficiente para ser usado como explicação. Porém, numa análise mais fria e distante, isto não é nada a comparar com o que se vê lá fora. E algumas pessoas que criticam este vídeo são as mesmas que adoram um bom reality show que explora ao detalhe a vida privada de algumas famílias. Ou são as mesmas pessoas que se riram ao ver o vídeo onde David Hasselhoff tenta comer um hambúrguer e vomita igualmente podre de bêbado. Vídeo esse que é da autoria da sua filha. E que chegou a ser partilhado em serviços noticiosos. Ou ainda os canais que pedem privacidade em certos momentos mas que não os respeitam (aliás, exploram) quando as vítimas são outras.
Acho que um dos factores de diferenciação está na proximidade ou distância de cada caso. Ou seja, na situação da antiga estrela de Marés Vivas, ninguém em Portugal tem uma proximidade suficiente para gerar indignação e toda a gente acaba por achar piada a momentos que não a têm. Quanto toca a um dos nossos, e o Zeca é um dos nossos, é algo que se leva mais a peito. Que indigna. Como isto não estou a defender a divulgação do vídeo. E deixo bem claro que não o divulgava. Até porque, há muitos anos, numa festa no Algarve encontrei o mesmo Zeca em condições semelhantes. E nenhum jornalista fez disso notícia. Porque não era para o ser. Era apenas mais um jovem a divertir-se e que tinha algum álcool a mais no sangue. Como tantos outros da sua idade naquele local.
Não só como jornalista mas como pessoa gosto de me colocar no lugar dos outros. E, neste caso específico, qualquer pessoa que se coloque no lugar do Zeca certamente que não ia achar piada à divulgação do vídeo. Mesmo que fosse apenas numa página de um qualquer facebook de um qualquer amigo. E quem bebe álcool e gosta de se divertir certamente já bebeu mais do que a sua conta junto de amigos. Já fez coisas de que se arrepende e figuras menos felizes. E isto, assim o entendo, não passa disso mesmo. De um excesso de um jovem que necessita de ajuda.
Não conheço o Zeca profundamente. Mas, o conhecimento que tenho permite-me criar uma imagem que julgo não andar longe da realidade. Acredito que se trata de uma pessoa de bom coração. Um rapaz simples que gosta de se divertir como tantos outros. E que devido ao seu bom coração, facilmente se deixa levar por pessoas que o procuram porque sabem que, na sua presença, o acesso a excessos é fácil. Pessoas que acabam por usa-lo enquanto se querem divertir à grande e de borla. E que desaparecem quando a torneira seca. Infelizmente, Zeca aparenta não ter a capacidade de dizer “não” a que se aproxima por interesse.
Por isso, alegra-me saber que está internado em tratamento. Que, alegadamente, irá passar seis meses longe desta realidade de excessos. E desejo que volte, para ser actor, pediatra ou outra coisa qualquer com a capacidade de dizer não. E espero que as pessoas que - e muito bem – o defendem agora, se lembrem de o ajudar quando ele precisar. Em vez de o “empurrar” para os excessos.
Sempre achei ( por seguir outras escritas tuas) que és um homem sério, íntegro e de uma enorme sensibilidade.
ResponderEliminarAssim fossem todos, o nosso jornalismo estaria de grande.
Bem hajas!
Quem me conhece sabe que existe valores do quais não abdico. E na minha profissão é a mesma coisa. Obrigado pelas tuas palavras.
EliminarSempre achei ( por seguir outras escritas tuas) que és um homem sério, íntegro e de uma enorme sensibilidade.
ResponderEliminarAssim fossem todos, o nosso jornalismo estaria de grande.
Bem hajas!
Excelente.
ResponderEliminarDá-me dó ver pessoas embriagadas sejam elas conhecidas ou não. Não gosto de as ver nesse estado "lamentável" mas também não sou capaz de atirar pedras, nem julgar, apenas fico triste.
Quase sempre as melhores pessoas são as mais frágeis e é lamentável os supostos amigos aproveitarem-se do seu estado para fazerem dele motivo de riso e divulgarem nos media.
Oxalá, sim ele recupere e tenha força suficiente para o "não".
Parabéns, pelo post.
Pelo que percebi não eram amigos. Era um grupo de rapazes que o encontrou num estado já lastimável. E que prolongou a festa até que alguém se lembrou de filmar.
EliminarA ideia que tenho dele (e já vi isso de perto) é que tem bom coração e deixa que todas as pessoas se aproximem de si. Espero que mude.
Obrigado
Com 'amigos' assim, eu acho que o Zeca estava melhor sozinho...
ResponderEliminarÉ a minha opinião e vale o que vale mas acho que nunca teve ninguém do seu lado (refiro-me a amigos, por exemplo) que o afastasse dos problemas.
EliminarMas AMIGOS dignos do nome, e não pessoas que andam à sua volta - como abutres - e depois vendem imagens como as referidas à comunicação social.
EliminarSe te fosse falar dos "amigos" e do que lhes fazem, ficava aqui o dia todo mas digo-te já que é tema para uma conversa bem interessante.
EliminarFaço votos para que o Zeca recupere de vez, pois e um grande actor e gosto imenso de o ver. Como Mãe que sou, desejo força e coragem a sua Mãe para o ver recuperar para sempre. Infelizmente ha muita gente maldosa que quer aproveitar se destas tristes situações. Força Zeca, vais conseguir e ficamos esperando o teu regresso com muita ansiedade. Beijinhos
ResponderEliminarEspero que mude. Porque caso contrário poderá ter um final muito triste.
EliminarBeijos
Lamento o caso de José Carlos Pereira, desperdiçando sucessivamente oportunidades e destruindo a sua vida à vista de todos...acho lamentável quem se aproveita dos problemas dos outros para ganhar dinheiro.
ResponderEliminarBjs
Maria
É um tema de conversa recorrente entre colegas. Sei muito mais do passado dele do que aparece naquele vídeo e isso não interessa para nada. Mas sempre houve essa questão: o porquê da aposta tão grande em quem, como dizes, desperdiça várias oportunidades. Por isso é que espero que mude de vez.
EliminarBeijos
O que mais me incomoda é que alguém se importe com o que faz o Jose Carlos Pereira.
ResponderEliminarIrrelevante!
Percebo o que dizes. Mas não é irrelevante o que o Passos Coelho faz na sua vida privada com o seu dinheiro? Ou o que outro político qualquer faz na sua vida privada? Ou aquelas pessoas que têm as suas vidas e dramas explorados em programas de televisão a troco de audiência para os canais? Não será tudo irrelevante?
EliminarPessoalmente, estou-me nas tintas para o que faz Passos Coelho na sua vida privada. Ele pode emborrachar-se, trair a mulher, fazer sexo em grupo com animais de aviário, desde que não prejudique a gestão do seu cargo, é-me indiferente.
EliminarClaro que existe a ressalva de que, se o senhor PPC chegar atrasado a um conselho de ministros ou aparecer numa cimeira da NATO de ressaca, aí sim, é assunto de interesse público.
Na questão do dinheiro, há 2 "senões":
1- é sempre relevante saber de onde vem esse dinheiro, visto que o senhor é e sempre foi pago pelo Estado
2- é interessante saber como e onde gasta o dito, na perspectiva de adoptar no seu discurso para com os cidadãos uma filosofia moralista. Por exemplo, se o senhor Coelho acha que eu devo poupar na electricidade e ler a luz de velas, é de todo relevante saber se também segue as suas directivas.
Mesmo assim, comparar o Primeiro-Ministro, ou qualquer outro político com directa acção sobre a vida de 10 milhões de portugueses com um actor, é de mau gosto. Um é importante para todos nós, o outro, por maior papel que tenha na cultura (com aspas), nem por isso.
Percebo o que dizes e não pretendo comparar um actor com um político. O que comparo são as vidas privadas de ambos. Que são isso mesmo, privadas. Até porque os exemplos que dás podem ser aplicados a actores. Por exemplo, é do interesse público saber se o actor atrasa as gravações de uma novela porque está sempre bêbado, drogado ou porque não aparece e quando aparece não sabe os textos (é um exemplo)? Usando um exemplo da política. Quantas pessoas gozaram com as contas do Guterres? Alguém se deu ao trabalho de perceber o que estava a acontecer na sua vida naquele momento? Os exemplos são mais do que muitos. Aquilo que condeno é a incoerência e não mais do que isso.
EliminarComo referi, as vidas privadas não me interessam. Nunca. Nisso sou 100,1% coerente.
EliminarAgora, há situações em que a vida privada pode influenciar a vida profissional, e no caso de detentores de cargos público, aí sim torna-se caso de interesse público.
As bebedeiras do Pereira terão interesse sim, para os accionistas da TVI, para os produtores, patrocinadores, claro, desde influenciem o seu desempenho profissional.
O caso do Guterres acontece com o senhor no desempenho da função para a qual foi eleito, por isso o cidadão português tem o direito de gozar o prato.
Já agora, junto ao pote os divórcios, as tricas, os namoros, os dramas (oh, os dramas!), etc... é tudo m####.
Mas...
Há quem compre... e há a quem interesse vender. E não me refiro apenas a revistas e jornais. Para bom entendedor...
Mas naquela altura o Guterres lidava com a doença que acabou por roubar a vida à mulher. Abordas um tema interessante. Se existe aquela linha editorial, é porque existe um vasto público que o consome. Quem não quer consumir, tem outros jornais nas bancas. Como te disse noutro comentário, o melhor protesto é não comprar e não ler.
EliminarMas é claro que há quem consuma. Revistas cor-de-rosa, lifestyle, dramas, tricas, devassa da vida privada. Tal como a casa dos segredos só tem sequelas porque a anterior teve sucesso.
EliminarNem quero sequer fazer o papel de educador do povo. Querem comer, comam à vontade. Apenas não tentem convencer da importância do repasto.
Mas aquela linha editorial também existe porque há oferta. E porque parece que não me expliquei bem à primeira, aqui vai: há uma série de indivíduos neste país (e não só) que gerem carreira e fazem vida deste tipo de episódios. VENDEM os seus dramas pessoais de modo a tornarem-se relevantes, e obterem proveitos vários que o seu talento profissional não lhes proporcionaria.
Se te fosse falar desse "VENDEM" a que te referes... Era conversa para horas e ficarias surpreendido. Até quem pensa que já viu de tudo ficaria surpreendido. Mas isso é tema para outra conversa.
EliminarAs figuras públicas são humanas e também erram. O pior não são esses supostos meios de comunicação (eu chamo-lhes alcoviteiras) noticiarem esse tipo de "informação"... O pior é que vende (porque há quem compre)... Provavelmente os que compram as revistas do género.
ResponderEliminarSe eu concordo? Claro que não. E por isso não alimento esses meios de comunicação... faço a minha parte!
(Sim... O meu mau feitio é grande)
É uma opinião muito minha e vale o que vale. Acho que o Correio da Manhã é um jornal completo. É certo que as primeiras dezenas de páginas são dramas atrás de dramas (tal como a maior parte dos noticiários de televisão) mas tem notícias interessantes de política e de economia, por exemplo. As pessoas têm o poder de escolha. E deviam fazer uso disso mesmo.
EliminarComo outros espaços de comunicação (e como em todos os locais) existem bons e maus profissionais. o Correio da Manhã (e outros) não são excepção.
EliminarEu não me identifico com o tipo de notícia, por isso não leio - como não vejo telejornais em "prime time".
O que eu estava a dizer é que o tipo de destaque (e reportagem) que é feito é, também, porque vende. Porque há quem leia (mesmo que diga que não). Devem ser os mesmos que dizem que não vêem a casa dos segredos e outras coisas que tais...
Mas neste caso assume-se que o correio da manhã não tem bons profissionais. Parece que a capa é da responsabilidade de todos. Acho que o caminho é esse. Não gostas, não lês e não vês. Estás a marcar a tua posição.
EliminarOs produtos existem porque existe público. O público é que determina o que é feito, quer seja numa publicação ou num programa de televisão. É óbvio que um jornal segue o que sabe que vende e que as pessoas procuram. Mas, como dizes, neste país ninguém comprou o correio da manhã de ontem, ninguém o viu e ninguém vê a casa dos segredos.
Os excessos do José Carlos Pereira é um título tão repugnante como as fotos do CM, o verdadeiro excesso cometido.
ResponderEliminarTodos construímos imagens de pessoas conhecidas, nem todos escrevemos posts cujo objectivo é que nos elogiem pela nossa tolerância misturada com avisos moralistas, o que agradará àqueles que gostam de debater para que serve um dildo.
Filipa
Bom dia Filipa!
EliminarEm primeiro lugar, começo por agradecer o teu comentário.
Lamento que aches repugnante o título que escolhi. Que te vou explicar. As pessoas acham que o jornal excedeu-se. A notícia é sobre uma pessoa que excedeu o consumo de álcool. Perceber a ligação entre as coisas é fácil. Mas percebo que não tenhas alcançado o meu objectivo.
Aceito que aches que o título foi repugnante. Pessoalmente, e sem sair da blogosfera, encontro coisas tão ou mais repugnantes do que a notícia (e este título) sobre o José Carlos Pereira. Mas, cada qual sabe aquilo que o repugna.
De resto, poderia dar início a um mar de divagações sobre ti e sobre o teu comentário. Mas a verdade é que (pelo menos acredito nisso) não te conheço de lado nenhum. Por isso, não vou tentar adivinhar se procuras elogios ou se pretendes saber a funcionalidade de um brinquedo sexual.
Mas obrigado pelas tuas palavras. Bom dia e um excelente fim-de-semana para ti.
... ... Já mt foi dito sobre estre assunto, mt indignação, é verdade, talvez seja devido ao facto de nos tocar de perto... convenhamos... não somos todos iguais??... quado nos toca a nos pia sempre de maneira diferente... ha um ditado q diz quem n se sente não é filho de boa gente... e é de facto lamentável a falta de ética , pq expor um ser humano no pior da sua doença... é algo... q me dixa sem palavras.
ResponderEliminarAgora o CM digam o q quiserem, eu pessoalmente acho q é de facto um jornal q usa e abusa mais q qualquer outro da vida pessoal das ditas figuras públicas... acho q tem muito de revista "cor de Rosa"!! Perde mais em termos de credibilidade!
Começo a achar cada vez mais, q deveríamos recuar uns anos, e recuperar valores tais como ética, respeito ao próximo.
Alguém fica indignado com os vídeos das celebridades internacionais bêbadas? Como referi no texto, acho que tem a ver com a proximidade. O jornal existe mas ninguém é obrigado a comprar nem a ler. E o maior protesto que pode ser feito é não comprar nem ler.
EliminarFácil falar, a curiosidade leva sempre a melhor! somos assim...
EliminarPara além de que o protesto de não ler seria sempre em minoria, nem repercussão teria!
Isso leva-nos a outras questões. Os indignados são uma minoria? Aqueles que condenam será que o fazem apenas porque fica bem pois foram ler a notícia e ver o vídeo? Este tema está associado a muitos outros que nos levavam a uma conversa sem fim.
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