3.2.16

memórias que ficam para sempre

Os quase dez anos que levo enquanto jornalista profissional já me levaram a diversos locais do mundo. Já vivi muitas histórias que ficam para contar. Já conheci pessoas extraordinárias. Já passei horas a falar com pessoas cativantes. Tudo isto resulta em memórias que ficam para sempre. E num rápido exercício recordo-me de três momentos que consigo recordar como se tivessem acabado de acontecer.

Em tempos fui a Barcelona para estar à conversa com James Morrison. Quando me encontrei com o cantor no hotel, um rapaz simples e bastante acessível, despido de tiques de vedeta, fui convidado para uma pequena actuação num igualmente pequeno clube de jazz. Recordo-me de estar naquele bar com cerca de vinte pessoas a assistir ao concerto de um artista que enche espaços muito maiores. Foi dos melhores “concertos” que tive oportunidade de assistir.

Ainda em Barcelona, participei num evento que tinha como protagonista Ronaldinho Gaúcho. Para quem não sabe quem é, posso dizer que é provavelmente a maior estrela do passado recente do Barcelona, isto antes do aparecimento de Messi. Era a estrela na altura dele. Aquele evento teve lugar numa altura em que Ronaldinho não falava com a imprensa há meses. Como tal, estava meio mundo na conferência. O que mais recordo daquele dia, além do aparato, foi a pontualidade. Ao minuto que estava previsto aparecer, apareceu, sentou-se e a conferência teve início. Não é por cá onde fazer esperar é algo visto como elegante.

Por fim, e mais recentemente, estive em Marselha para a inauguração de um cruzeiro de uma empresa que tem como madrinha Sophia Loren. Neste caso, tudo foi em grande. O número de convidados (o cruzeiro tinha todos os quartos ocupados com convidados), os festejos como nunca vi e como não consigo descrever. Dentro deste aparato recordo-me de uma coisa e de um momento. Nunca esquecerei a piscina de água salgada aquecida no último andar do cruzeiro e com uma das partes em vidro, o que permitia estar dentro de água e a ver o “mundo”. E o momento em que Sophia Loren apareceu para falar com a imprensa. Naquele momento facilmente se percebe que Portugal é muito pequenino (refiro-me à dimensão de fama que algumas pessoas julgam ter). Deu também para perceber que uma diva não se mede pela falta de anos de vida nem pela escassez de roupa que cobre o corpo. A culpa deste texto é deste vídeo, que me fez viajar até Sophia Loren. Daí viajei até Barcelona e passava horas a recuperar tantas memórias.

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