Existem alguns casos em que os jornalistas se transformam em notícia. E dentro destes casos existem alguns com motivos mais felizes e, infelizmente, outros em que a notícia a dar é dramática. Por exemplo, quando morre um familiar de um jornalista. Em casos destes já me deparei com jornalistas, que apresentam serviços noticiosos na televisão, que dizem algo do género: “neste momento pedimos, aos nossos colegas jornalistas, privacidade num momento de dor”. Resumindo, não querem que exista cobertura jornalística de, por exemplo, um velório ou funeral do familiar que morreu. Defendem que não é notícia.
Nada tenho contra este modo de pensar. Até porque qualquer pessoa (retirando algumas excepções desta equação) deseja privacidade num momento de dor. É legítimo que assim seja. Mas alguns dos jornalistas que pedem essa privacidade são os mesmos que “gostam” de dar notícias de velórios e funerais de outras famílias anónimas que se transformaram em notícia por algum motivo trágico, como aconteceu recentemente com as duas meninas que perderam a vida numa praia, em Caxias. Aqueles que não querem jornalistas nos seus momentos de dor são os mesmos que ordenam que outros jornalistas façam a cobertura jornalística de momentos de dor de outras pessoas.
Será que existem diferentes tipos de dor? A dor do comum cidadão anónimo é diferente da dor que sente um jornalista ou uma figura pública num momento semelhante? Uns têm direito a pedir privacidade quando negam essa privacidade a outras famílias que também vivem momentos dolorosos? Acho que nenhum jornalista pode pedir que não façam consigo aquilo que faz diariamente com outras pessoas que não são conhecidas. Como diria Alanis Morissette... “and isn´t it ironic... don´t you think”.
It is, it really is. Para além de que hoje em dia tudo é notícia. Parece que a imprensa se transformou mais num tanque de roupa suja no que numa fonte de informação.
ResponderEliminarJiji
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E um tanque incoerente!
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