Já perdi conta ao número de textos que partilhei no blogue e que andam em torno dos ideais de beleza feminina, ou melhor, daquilo que é um corpo perfeito. Uns puxam pelas mulheres magras e com corpos atléticos. Outros puxam pelas mulheres com “gordurinhas” e “reais”. Uns atacam as magricelas e montes de ossos. Outros ofendem as gordas e potes de banha. Uns querem mulheres magras nas publicidades e capas de revistas. Outros querem mulheres reais, com curvas. E nunca ninguém está satisfeito.
Acredito que todos os temas que envolvem mulheres, especialmente beleza e tipos de corpos, nunca vão levar a nenhum consenso. E ainda bem que assim é. Caso contrário todos gostariam das mesmas mulheres. E todas as mulheres acabariam por tender a ser bastante semelhantes. E isto retirava mais de metade da piada que o mundo tem. Aquilo que não percebo é a necessidade de ofender as pessoas que são diferentes daquilo que se aprecia. Se gosto de mulheres magras não tenho de ofender as que têm um corpo diferente. E, por exemplo, gostar de mulheres magras não deve levar a que se odeie o destaque dado a uma mulher com um corpo diferente.
Esta fotografia é de Ashley Graham, uma famosa modelo plus size, de 28 anos, que se pode orgulhar de ser a primeira modelo plus size a aparecer na capa da não menos famosa revista Sports Illustrated. Ashley Graham, que veste o 44, está a ser notícia em todo o mundo devido ao facto de ser a primeira manequim plus size a aparecer de fato de banho na capa da revista. “É oficial. Sou uma modelo da SI Swimsuit. É um sonho tornado realidade. Obrigada a todos os que defenderam as curvas”, partilhou nas redes sociais.
Já conhecia Ashley Graham. Considero que é uma mulher bonita e sensual. Mas nada disto importa. Porque se achasse que era feia e que não tinha qualquer sensualidade não iria ficar revoltado ao vê-la na capa da revista. Iria sempre apreciar a diversidade em relação às capas anteriores porque isso é sempre de salutar, sobretudo numa altura em que se discute muito aquilo que é uma mulher “real” e a importância da imagem na vida de tantas mulheres.
E talvez seja este modo de pensar que me leva a não perceber o motivo pelo qual as pessoas optam por ofender Ashley Graham em vez de enaltecer, mesmo não apreciando a sua beleza nem o seu corpo, o facto de ser a primeira manequim plus size a aparecer na capa da publicação. Ainda fico espantado com a quantidade de pessoas que lhe chamam gorda, que dizem que deveria ter vergonha de mostrar as pernas, que a comparam com um presunto ou mesmo as pessoas que acham bem combater a anorexia mas que acham melhor deixar as “gordas” fora desta guerra.
É certo que nunca haverá consenso em torno em torno da beleza feminina. Mas, tal como ter uma manequim magra não significa que todas as mulheres devam ser assim, ter uma mulher considera plus size numa capa de uma revista não quer dizer que todas as mulheres devam ser iguais a Ashley Graham. Significa apenas que existem mulheres diferentes e que todas podem aparecer em publicidades e capas de revista. Mas a verdade é que existe sempre a crítica e a ofensa, quer a mulher seja magra, gorda, alta, baixa e por aí fora.
As pessoas são umas bestas, muito simplesmente. Gostam de atacar e insultar, são más e é preciso ter-se estômago para ignorar os insultos, sejam eles de que natureza forem. O corpo (feminino, principalmente, sim) é sempre um assunto sensível e polémico... a parte que mais me surpreende é "as pessoas que acham bem combater a anorexia mas que acham melhor deixar as “gordas” fora desta guerra". Hipocrisia no seu melhor.
ResponderEliminarO insulto serve para tudo e é usado por todos.
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