15.2.16

a relação das pessoas com o “desculpa”

“Muitos jovens desta geração passam o tempo a pedir desculpa, mas antes de o fazerem deviam parar para pensar”. Li esta frase hoje. E o contexto da mesma é absurdo. Tão absurdo que nem vale a pena explicar. Mas a frase exemplifica muito bem um dos problemas dos jovens nos dias que correm. E quando me refiro a jovens falo da minha geração e sobretudo das gerações mais novas. Sendo que algumas pessoas mais velhas do que eu não estão fora desta linha de pensamento.

No que toca ao dizer “desculpa” existem diversos tipos de pessoas. Para começar aqueles que não têm qualquer problema em dizer desculpa, de forma sincera, quando cometem um erro. É o primeiro passo que tomam quando colocam a pata na poça. Depois existem as pessoas que nunca dizem desculpa. Quer seja por orgulho ou por acharem que nunca erram. São as pessoas que entendem que meio mundo lhes deve um pedido de desculpa mas que não o devem a ninguém.

Existem também as pessoas que não gostam de dizer desculpa. Ou que acham que não devem dizer. Mas que, por outro lado, acham que tudo se resolve com um falso pedido de desculpa. Hoje ofendem este e aquele e dizem “desculpa” na esperança de que tudo fique bem. Tratam mal este e aquele de forma frequente e usam o “desculpa” porque isso basta. E, em alguns casos, ainda ficam ofendidos se alguém os critica pelo que fizeram. “Pedi desculpa! Isso não chega? Que mais queres que faça?”, dizem.

Cada vez existem menos pessoas no primeiro grupo. Existem algumas que estão inseridas no segundo e que continuam a achar que nunca na vida ficaram a dever um pedido de desculpas a ninguém mas que, desde o colega do lado ao senhor do talho, todas as pessoas lhe deveriam dizer desculpa. E, numa tendência crescente, está o grupo dos “desculpas” que são usados como o cartão “livre da cadeia” do Monopólio. Faz-se a maior asneira do mundo, diz-se desculpa, dá-se uma palmadinha no ombro e tudo está bem. Se não estiver, a culpa é dos outros que não sabem aceitar um pedido de desculpas.

2 comentários:

  1. excepcionalmente a preferir o anonimato16 de fevereiro de 2016 às 00:03

    Verdade.
    A minha relação com a palavra desculpa insere-se no primeiro grupo. Não é por vaidade - nem gosto de o escrever aqui - mas a esse respeito não tenho reticências. A desculpa sai sincera, é dita quando se percebe que algo não devia ter sido feito mas foi, sai quando se dá um encontrão a alguém, quando se pisa um pé sem querer, quando se salpica água num desconhecido, quando se chega a um encontro com um minuto de atraso. Digo muitas vezes desculpa. Ultimamente tenho refletido no que isso influencia a vida com o que nos envolve.

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