17.10.14

a felicidade dá comichão

Tenho a felicidade e o sucesso de terceiros, sobretudo de pessoas que me são mais próximas e cujos percursos e histórias de vida conheço de perto, como exemplos de motivação e inspiração. Porque, assim entendo, revelam aquilo que se deve seguir para estar num patamar semelhante. E aqui, semelhante, significa estar igualmente feliz e ter, de modo igual, sucesso. Não se trata de uma cópia do que os outros são nas suas vidas. Mas uma fonte de inspiração de pequenos detalhes que podem fazer a diferença em determinados momentos e que nos colocam no lado que considero bom, o da felicidade e do sucesso, tirando-nos do lado obscuro da infelicidade e vitimização constantes.

Como tal, a felicidade e o sucesso dos outros não me dão comichão. Não me deixam com urticária. Não me deixam com os olhos raiados de sangue. Não começo a ranger os dentes. E não fico com inveja, nem tampouco desejo que aquele momento seja bastante curto nas vidas daquelas pessoas. Pelo contrário. Espero que se perpetue no tempo. Que seja cada vez mais intenso e que resulte em coisas boas para essas pessoas, dentro do percurso que escolheram seguir.

Porém, percebo que faço parte de uma minoria. Parece que ficar contente com a felicidade e sucesso de alguém é quase um dom. Uma espécie de joia rara que poucas pessoas têm a oportunidade de usar. O mais comum é ficar cheio de comichão quando alguém é feliz ou tem sucesso. As pessoas coçam-se até fazer ferida. Ficam com os olhos raiados de sangue. Rangem os dentes. E não conseguem ter o discernimento necessário para perceber que a felicidade e o sucesso dos outros consegue ser algo bom.

E as pessoas que têm estes efeitos que referi nunca os aplicam a alguém que se vitimiza constantemente. Já para não dizer que não percebem que o problema não são os outros. Ninguém fica com comichão quando encontra alguém que fica incomodado com a felicidade e sucesso alheios. Ninguém se coça até fazer ferida quando está na companhia de alguém que nada faz para evoluir. Nos dias que correm, parece que o normal é ser assim. É invejar os outros e aquilo que têm, ou que julgam que têm (algo que acentua ainda mais a comichão) e esperar que tudo não passe de um mero momento feliz para que cedo se juntem aos que preferem o lado sombrio da infelicidade constante. Tenho pena de quem desperdiça o curto tempo nesta vida, e o dom de viver, no lado sombrio a tentar atrair pessoas para esse espaço em vez de lutar para sair da escuridão.

12 comentários:

  1. Esse tema tem ensombrado as ultimas semanas da minha vida. Percebi tarde e más horas (profissionalmente) estar na origem de invejas que não entendo. Nunca invejei ninguém, não sei como isso se faz. Estar na origem de ciúme, invejas foi algo que levei cerca de duas semanas a digerir...precisei de ajuda para entender. Não percebo essa forma de estar na vida.
    A felicidade dos outros faz-me bem e não sei ser de outro jeito. Não é por ter descoberto o que descobri que vou mudar. Não lhes quero mal, quero apenas que me deixem ser quem sou e trabalhar sossegada. Será complicado de pedir? As próximas semanas vão dizer-me. Boa noite Bruninho e nunca te arrependas de ser quem e como és.

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    1. Pensa que se falam de ti e se provocas comichão a alguém é porque essas pessoas se sentem inferiores a ti. Se falam nas tuas costas, é porque estás à frente delas. Depois, pensa se essas pessoas fazem melhor do que tu? Não fazem, certo. Ninguém que escolhe esse caminho faz melhor do que os outros.

      Obrigado e que seja uma grande semana :)

      beijos

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  2. Faz-me comichão, a vitimização. :-P Coço-me até fazer ferida quando vejo alguém a queixar-se sem parar do trabalho que tem, mas depois não faz nada para se mudar. Só se queixa. E viro as costas ao pessoal que se rói de inveja com a felicidade dos outros.
    Ah! É um dom, ficar-se feliz com a felicidade alheia? Uma jóia? Será que consigo rentabilizar isto? ;-) LOL

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    1. Ainda bem que há alguém assim :)

      Olha que ganhavas muito dinheiro a comercializar esse dom :)

      Sabes, é como o desodorizante. Quem mais precisa dele (dom) não o usa :)

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  3. Nada a dizer! tudo dito! apenas subscrevo casa palavra! ou como diria o meu filho " arranjem uma vida"

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    1. Arranjar uma vida dá trabalho. Mais vale viver a dos outros.

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  4. Olá :)
    Ora aqui está mais um ponto no qual estou totalmente de acordo!
    Eu gosto, genuinamente, da felicidade alheia. Fico feliz por quem "consegue", especialmente quando se trata de alguém merecedor. Mesmo que seja por algo que eu também gostaria.
    E se sou assim, não é porque seja um "anjo de pessoa", mas sobretudo por egoísmo.
    Torcer pela felicidade alheia é torcer pela nossa. Um mundo repleto de pessoas felizes, significa um mundo com menos mesquinhez, queixinhas, mau astral, guerra, dor de corno, mau olhado e por aí fora. Uma pessoa feliz não nos aborrece, não implica, não é ciníca nem anda a cortar na casaca. E é um mundo assim que eu quero, pela minha felicidade ;)

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  5. então, este post bastante certeiro não merece comentários?

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    1. Poucas são as vezes que aprovo comentários durante o fim-de-semana.

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  6. Verdade verdadinha!!! E isso como dizes não deveria mesmo ser uma coisa rara mas normal, somos todos humanos não?!
    se há uma coisa que aprecio em mim é a capacidade de me alegrar com os outros e também de chorar com os que choram. às vezes é muito triste sentirmos a inveja a baternos à porta, sem motivo aparente. Nunca fui melhor que ninguem, nunca competi com ninguem (a não ser comigo mesma) e constantemente sinto a inveja de algumas pessoas sobre mim. Mas tento lidar com isso e também me proteger um pouco. Obrigado pela tua escrita e por este tema! bjsss

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  7. Eu digo imensas vezes: adoro gente feliz.... porque gente feliz não chateia :D

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