21.8.13

desde que o trabalho apareça feito

A crise tem prejudicado muitas famílias. É uma verdade que ninguém pode negar. Tem ajudado a destruir muitas empresas. Outro dado que está aos olhos de todos. Mas, infelizmente, tem sido aproveitada por muitos patrões para cortarem em tudo e mais alguma coisa. Para estes, a crise é uma aliada que justifica tudo. Em muitas empresas, onde a palavra crise fica à porta, de acordo com os lucros que apresentam, verifica-se uma redução de empregados, que chega a passar a metade.

É óbvio que muitas empresas tinham empregados a mais. Algumas até tinham chefes que eram apenas e só chefes de si mesmos porque não faziam parte de nenhuma secção. Mas, em alguns casos deveria ser impossível reduzir os empregados para metade. E dou como exemplo espaços que tenham atendimento ao público. Ou restaurantes. E podia dar muitos outros exemplos.

Num dos locais onde costumo almoçar verificou-se isto. Existe apenas uma pessoa para atender todos os clientes sendo que é essa mesma pessoa que prepara a comida dos clientes. Escusado será dizer que se aparecerem dez pessoas ao mesmo tempo, o tempo de espera aumenta de forma bastante significativa. Porém, isto não importa para quem manda. Pelo simples facto de que o trabalho aparece feito. E o dinheiro na caixa.

Quem manda, não quer saber se os clientes esperaram dois minutos ou meia hora. Quem manda não quer saber se os clientes foram atendidos de forma correcta ou à pressa porque a fila de espera era enorme. Quem manda nem sequer quer saber se meia dúzia de pessoas deixaram de frequentar o espaço porque o tempo de almoço não permite tanto tempo de espera. Aliás, aposto que em muitas empresas onde isto acontece, existe alguém com um cargo qualquer que a meio de uma reunião diz: “eu não disse que aquele trabalho podia ser feito com menos pessoas”, sendo aplaudido pelos seus pares. E este caminho é o mais rápido para destruir ideias e conceitos bastante interessantes. Mesmo que se tratem de grandes grupos empresariais.

18 comentários:

  1. E depois quem se lixa, é o mexilhão, que leva com o trabalho todo e ainda tem que mostrar uma cara simpática para não ouvir aqueles desabafos "não estás bem muda-te". Mas que é ingrato é, porque se por um lado, é bom ter um trabalho hoje em dia, uma sorte, uma dádiva, como muitos dizem, por outro, o mexilhão agradece aos deuses que o dia termine rápido e que o calvário dele termine.

    Isto é apenas um pequeno reflexo da má gestão que se pratica, porque caminhamos a passos largos para o buraco negro.

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  2. Oh yeah....
    Aconteceu isso aqui no meu estaminé. O trabalho, faz-se pois claro, mesmo que se almoce em menos tempo e se saia mais tarde - tranquilo. O problema é quando não tens tempo para rever o teu trabalho, quando o que está feito está feito. E os erros que depois surgem acabam por ser mais caros que o ordenaod de mais um par de braços.

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  3. Mas como referiste no texto, há sitios (estamos a falar de restaurantes) onde as pessoas não se sentem com vontade de voltar. E hoje é um, daqui a dois dias é meia dúzia e daí a um mês já perderam 2 ou 3 dezenas de clientes. E não me acredito (porque já trabalhei numa empresa GRANDE de restauração) que eles não se importem... Importam! Só não admitem. Porquê? Porque são grandes, e um grande não falha.
    Eu também trabalhei muito tempo sozinha (mas só no atendimento - embora na cozinha também só estivesse uma pessoa) e o trabalho só aparecia efectivamente feito porque eu tenho uma capacidade enorme de organização. Na mesma situação, tive colegas a sairem a meio do turno a chorar porque não aguentaram alguns dias de maior pressão.

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    1. Posso dizer-que que já estive numa grande loja de desporto nacional a atender a loja toda das 21 às 24h. Era eu e uma pessoa na caixa. Imagina o caos. Estamos a falar mesmo de uma grande loja num centro comercial.

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  4. nem sempre é assim, felizmente. muitas vezes quem manda tb é inteligente.

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  5. Trabalhando eu em part-time num restaurante aqui da zona, onde durante 8 meses foi somente uma pessoa a fazer atendimento aos almoços e outra aos jantares, digo-te que ao fim de oito meses lá acharam que se calhar havia necessidade de colocar outra pessoa para fazer as férias e mais algumas noites. Mas, durante esses oito meses e muitas horas de trabalho e trabalho duro, porque o restaurante chega a rodar as mesas que tem por 2 vezes, tanto á noite como ao almoço, eu e a minha colega quase que vamos a pé a Santiago de Compostela com a quantidade de kms que fazemos. Mas para além do atendimento de balcão e de servir ás mesas há todo um conjunto de tarefas a realizar, como o carregar os frios e deixar a sala em condições para o outro dia!! Chegámos a ter as 2 salas completamente cheias e sermos só as duas a atender e ir á cozinha lavar loiça ou arranjar os pratos ou fosse o que fosse!! E fizemos e orgulhosas disso, porque se fossem outros teriam saído a meio dada a pressão e o stress que se sente neste tipo de trabalho!! Um obrigado, um bónus?? Nop!! Nadinha!! Mas nós lá continuamos e com gosto, porque gostamos do trabalho, dos clientes e até do Patrão! Somos quase uma família!!! Mas sim havia necessidade de termos mais alguém!!

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    1. Parabéns a ti e à tua colega. E a verdade é que muitas pessoas fazem isso. Pelo menos aquelas que têm brio no seu trabalho, seja ele qual for.

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    2. Obrigada!! Tenho dois trabalhos e em ambos tento ser o mais profissional possível!! Porque gosto dos dois, embora muito diferentes! Faço com gosto e como se fossem meus!! Assim trabalha-se muito melhor!!:)

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  6. É verdade! Os patrões muitas vezes não se importam q o trabalho de 10 seja agora feito por 5... Só se importam q seja feito e apareça o lucro... Infelizmente há poucas excepções a esta regra...

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  7. continua a haver a margem de lucro e isso é suficiente para muitos patrões ou chefias.

    Ex, às vezes (muitas vá) contrata-se subempreiteiros fracos e a resposta da chefia é que a diferença de preço paga as chatices e isto porquê, porque a maior parte delas não é ela que as atura...

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  8. Concordo plenamente. Vi isso acontecer ao longo do tempo na empresa onde estava e acabei por ser mais um dano colateral. O problema é que as pessoas não são de ferro e acabam por cometer erros, o serviço perde qualidade e os clientes ficam insatisfeitos. E as empresas perdem clientes, os lucros são menores e eles voltam a cortar onde não deviam. É um ciclo vicioso e os que mandam são tão burrinhos que não vêem o óbvio.

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