Antes das eleições e da campanha eleitoral para as legislativas de 2022 verificou-se, no famoso tribunal em tons de azul à moda de Zuckerberg, um ataque cerrado a um partido político. E não é preciso esconder o nome. Refiro-me ao Chega. Depois das eleições aconteceu aquilo que é, infelizmente, comum no rescaldo dos resultados: ofender quem votou.
Basta passar breves segundos nas redes sociais para perceber que Portugal é, e passo a citar, “um País de burros”. Muitos fazem uma associação ao Síndrome de Estocolmo para fazer uma leitura à maioria do Partido Socialista e existem muitos outros ataques. Mas que não existam dúvidas. Cada voto no Partido Socialista é um voto de um cidadão burro que deveria ter feito isto, aquilo e mais não sei o quê. E isto é o prato nosso de cada dia. Bem como passar quatro anos e deparar-me com opiniões políticas de não votantes no famoso mundo azul virtual.
Por aqui, opto por não ofender quem foi votar. Seja em que partido for. Enalteço também a descida da abstenção, ainda que continue a ser elevada. De resto, não chamo burro a ninguém. A leitura que faço é que a maioria dos portugueses (votantes) está satisfeita com a liderança de António Costa. Podemos falar de votos úteis, de sondagens falsas, de teorias políticas e de tudo e mais alguma coisa. Mas os números estão aí e não deixam margem para dúvidas.
O motivo que me leva a escrever este texto é a desilusão perante a inércia política de tantas pessoas. Que só sabem escolher o rumo de Portugal (e solucionar todas as crises) com recurso ao teclado do computador ou num ecrã de um smartphone. As pessoas ficam espantadas com o crescimento do Chega, mas a verdade é que os apoiantes de André Ventura vão votar. E qual é a melhor forma de combater isto? Saindo de casa e indo votar em outro partido. Defendem que o António Costa tem tido uma péssima liderança? Como se muda isto? Votando numa alternativa. E por aí fora.
Só que as pessoas continuam a não querer sair de casa para ir votar. É mais fácil ficar nas redes sociais a fazer análise política. Ignorando o facto de que é o seu dinheiro que está em jogo para os próximos quatro anos. Acreditam em sondagens erradas. Acham que ganham sempre os mesmos. Acham que o voto não fará a diferença. Blá blá blá. E depois ficam indignadas com os resultados. Pior do que isto, ofendem quem votou quando não o fizeram. A ditadura não é uma realidade assim tão antiga para que as pessoas não percebam a importância da arma que têm em mãos. Saí de casa, votei e agradeço a todos que fizeram o mesmo. Independentemente da orientação política. Tenho os meus ideais políticos e irei bater-me sempre por eles com algo tão simples como uma cruz num pedaço de papel. Algo que me ocupa qualquer coisa como 5/10 minutos de um dia.
De resto, e olhando para os resultados, não fico muito surpreendido. Lamento pelo desaparecimento do CDS. Temo que a CDU e o Bloco de Esquerda, caso não mudem de estratégia, sigam pelo mesmo caminho. Vejo o PSD como um partido cada vez menor. Olho para o PS como um partido que parece agradar aos portugueses. E não fico surpreendido pelo crescimento da Iniciativa Liberal e do Chega. O primeiro tem sido inteligente a cativar pessoas que estão fartas dos outros partidos. Já o Chega é o exemplo português de um fenómeno que tem vido a verificar-se na Europa. Veremos o que acontece daqui para a frente.
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