A solidariedade deveria ter sempre o mesmo destino, que é ajudar alguém. Mas nem sempre é assim. Há quem seja solidário porque ganha dinheiro com isso. Há quem seja solidário porque se promova ao revelar interesse em ajudar alguém. São pessoas que não se movem pela solidariedade mas pelo que podem ganhar com isso.
Depois existe solidariedade que vive da publicidade. Pelo simples facto de que é a única forma de ajudar alguém a uma escala maior. E posso dar dois exemplos disto. Já organizei duas acções solidárias com o blogue. Numa ajudei o canil/gatil da minha zona e na outra ajudei uma família a ter um Natal melhor. E senti a necessidade de divulgar aquilo que pretendia fazer. Pelo simples facto de que a ajuda seria em maior número com o apoio de outras pessoas. E foi o que aconteceu em ambos os casos.
Mas a verdade é que existe solidariedade que dispensa a publicidade. E esta é levada a cabo por pessoas que têm a possibilidade de ajudar e que não necessitam de avisar os outros daquilo que vão fazer. Algo que até leva a algumas acusações pois existem pessoas que condenam determinadas figuras públicas por nunca ajudarem ninguém quando em muitos casos existe ajuda, só não se faz dela um acontecimento mediático.
Sabe-se agora, após a sua morte, que George Michael ajudou muitas pessoas e em diferentes situações. Pagou tratamentos de fertilização in vitro a uma desconhecida ao saber do caso num concurso de televisão. Deu 30 mil euros a uma mulher que chorava desesperada no café que costumava frequentar. E costumava fazer voluntariado numa instituição, pedindo que ninguém revelasse que o fazia.
Outro caso semelhante é o do treinador (e antigo jogador) Sérgio Conceição. É mais um exemplo de ajuda sem publicidade. É mais uma pessoa que felizmente tem a possibilidade de ajudar e que o faz sem ter que gritar ao mundo que é bonzinho e que ajuda os outros. Não condeno a solidariedade que é publicitada porque só assim faz com que chegue a um maior número de pessoas.
Aquilo que condeno é a falsa solidariedade. É o fingir ser solidário apenas pelo proveito próprio. É fingir que se ajuda apenas para que se ganhe dinheiro. E por mais que isto possa chocar algumas pessoas, trata-se de uma triste realidade que não é assim tão rara quanto isso.
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