9.12.16

o controlo da televisão

Durante muito tempo foi a televisão que mandou nas pessoas. Era a televisão que controlava o telespectador. Isto no sentido em que as pessoas estavam dependentes da televisão. Dos horários escolhidos por quem mandava nos canais e mesmo dos conteúdos. A pessoa sabia que estava dependente de determinado horário para ver algo de que gostasse.

Nos dias que correm as pessoas querem, cada vez mais, mandar na televisão. As pessoas não querem ser controladas. O telespectador quer controlar. Quer ser dono dos horários e dos conteúdos. Quase como se fosse dono de determinado canal. Algo que já é possível com as gravações e também com a possibilidade de recuar no tempo para ver algo que já passou na televisão mas que não se gravou. Uma das poucas excepções a esta regra é o futebol. Que tem mais encanto em directo e que ainda consegue controlar as pessoas e as suas rotinas.

Mas controlar o horário não chega! E as pessoas não se contentam com a possibilidade de ver um episódio de uma série de que gostam. Nem apenas na televisão. As pessoas querem mais! E todos estes desejos conseguem ser saciados na Netflix, serviço do qual passei a ser cliente. E basta utilizar uma vez para perceber que muito do que as pessoas querem está ali. E não me refiro apenas aos conteúdos mas ao poder quase total em relação a produtos que estão muito na moda como é o caso das séries televisivas.

Provavelmente comecei a ouvir falar da Netflix ao mesmo tempo que comecei a ouvir falar de Narcos. Quando o desejo de ver a série se tornou incontrolável acabei por me render à Netflix. E sou exemplo de tudo aquilo que escrevi anteriormente. Em dois fins-de-semana devorei duas temporadas de Narcos, série que não estava disponível noutro serviço. E fui eu que controlei tudo. Vi quando quis, onde quis e como quis. E isto faz com que esta sensação de controlo, associada a um conteúdo de grande qualidade, como é o caso de Narcos, me deixe satisfeito enquanto cliente.

Muitas pessoas podem defender que o catálogo da Netflix não é o melhor, o mai rico. Isto será sempre discutível porque envolve gostos. Mas o que ninguém pode negar é que existem produtos de qualidade que só se encontram ali. Pelo menos de forma rápida e com boa qualidade. Já para não falar de conteúdos exclusivos e de produção própria como é o caso de Narcos e de outras séries que prometem vir a dar que falar. Creio que são estes motivos (e ainda o baixo preço, a possibilidade de descarregar conteúdos para ver sem consumir dados móveis e poder aceder em quatro dispositivos diferentes) que fazem deste serviço um sucesso mundial, contando com mais de 80 milhões de assinantes.

A Netflix surgiu numa altura em que fiz alguns cortes nos serviços de televisão que tinha. E os motivos são aqueles que expliquei. Cortei com certas coisas porque achava o preço elevado, os conteúdos limitados e um ausência de controlo total da minha parte. Sendo consumidor de séries é impossível não ficar rendido a serviços como este que são claramente o futuro. Porque as pessoas querem que os conteúdos estejam disponíveis quando desejam e não o inverso.

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