de volta à idade da pedra

Passei boa parte da minha vida sem telemóvel. E não me fazia falta nenhuma. É certo que a idade era outra e o telemóvel não era uma ferramenta de trabalho, como acontece actualmente. Mas, nunca tinha a sensação de desorientação quando me esquecia dele em casa ou quando avariava. Não me sentia desligado do mundo. Agora, tudo é diferente.

Aparentemente, o meu telemóvel avariou-se. E isso quase que representa um regresso à idade da pedra. Parece que estou longe de tudo e de todos. Sinto que sou um náufrago. Se tivesse uma bola de voleibol comigo seria o Tom Hanks em Cast Away. E a culpa disto é, em primeiro lugar, minha. Mas quem é que resiste a um aparelho, seja ele de que marca for, que oferece este mundo e o outro, num aparelho que cabe na palma da mão? Ainda por cima, no meu caso, é uma ferramenta de trabalho bastante útil.

Enquanto não for à assistência técnica, sinto-me como um viciado numa qualquer substância, que não vai descansar enquanto não tiver mais uma dose. Que neste caso é dar vida ao telemóvel. Por outro lado, sempre que me acontece isto e quando a solução leva dias ou semanas, recuo ao tempo em que não tinha telemóvel e não tenho outro remédio que não seja voltar a aprender a viver sem ele.