8.9.14

aselhice, miséria e vergonha

Depois de ver o jogo de Portugal e de passar os olhos pela Imprensa desportiva de hoje só consigo reproduzir algumas das palavras que constam nos títulos dos desportivos e que reproduzem na perfeição a tragédia ocorrida ontem em Aveiro: aselhice, miséria e vergonha. Dizer mais do que isto é chover no molhado. É bater no ceguinho que já está deitado de tanta pancada. Como tal, e para uma melhor análise, preciso de recuar até Maio. Até ao dia em que Paulo Bento divulgou os nomes dos 23 jogadores que ia levar ao Brasil.

Naquela altura muitas pessoas criticaram os eleitos de Paulo Bento. Eu, defendi, ou melhor, entendi as suas escolhas e não fiquei surpreendido com as mesmas. Com isto não queria dizer que concordasse com todas as opções. Queria apenas dizer que aceitava que o treinador escolhesse os homens da sua confiança. Aqueles em quem acredita dentro e fora do campo. Os homens que dão tudo por si. E aquele leque, aos meus olhos, foi escolhido por isso mesmo. Quem já jogou futebol sabe que um treinador tem sempre jogadores da sua confiança. Aqueles que são uma extensão das suas ideias dentro do campo, os líderes, os que dão força ao grupo e por aí fora. E nunca abdica deles.

Aceito que Paulo Bento tenha feito isso mesmo. Mas, para o bem e para o mal tem de ser o homem que dá a cara. Porque as opções são suas. E a verdade é que correu tudo mal. Começando desde logo pela preparação. Estágios desnecessários. Chegada tardia ao Brasil. Escolha de um local inadequado para as condições dos jogos. E má programação de treinos, evitando as condições que iriam encontrar durante os jogos. A isto juntam-se más prestações individuais. Nenhum espírito de equipa e, segundo se consta, muita festa no hotel. Paulo Bento anunciou ao País que o objectivo mínimo era atingir os oitavos. Falhou redondamente. E, na minha opinião, deveria imediatamente ter colocado o lugar à disposição. Algo que não aconteceu.

Depois foi tempo de culpar o corpo clínico por todo o mal dos outros. Ficou a ideia de que os médicos – recordo que contrataram um do Real Madrid apenas para o mundial – eram os grandes responsáveis do falhanço da selecção. Depois disto falou-se de renovação. Estava na hora de renovar e dar sangue novo à equipa das quinas. É certo que é impossível mudar tudo num dia mas chega o primeiro jogo a doer e nota-se que no onze inicial consta apenas um jogador que não esteve no Brasil. Olha-se para o onze e temos um defesa direito que não joga no seu clube porque não conta para o treinador. Um defesa direito que é o melhor do mundo quando toca a refilar. Temos um defesa central que foi dispensado do clube e foi para um dos melhores campeonatos do mundo: o do Qatar. Melhor para a conta bancária e para o descanso físico. E temos outro defesa central que infelizmente começa a deixar de ser uma mais valia para a selecção, o que é pena. Não sei o que se passa com Pepe mas deixou de ser o jogador que em tempos foi.

No banco está Neto, um defesa central com rotinas de selecção e que nunca jogou mal quando foi chamado. Tirava lugar a qualquer um dos dois. Temos Vezo que, a continuar assim, vai ser titular na selecção em pouco tempo. Temos Adrien que deve (e merece) ter o seu lugar no miolo do meio campo. E se estes jogadores não são lançados às feras contra a Albânia vão ser lançados contra quem? No particular com a França para que tudo corra mal e sejam vistos como culpados e nunca como solução ou alternativa aos problemas que já temos?

Vi Carlos Queiroz ser massacrado por alguns dirigentes e ser despedido por muito menos do que isto. Neste momento acho que Paulo Bento perdeu o seu espaço e a margem de manobra que tinha. Prolongar a sua continuidade é arriscar ficar de fora do próximo Europeu, algo impensável para Portugal. Acho que é necessária uma mudança. E numa altura em que os clubes são criticados por não apostar em jovens talentos, seria também justo que a selecção (e Paulo Bento) fossem alvos dessa mesma crítica.

Por fim, gostava que a Imprensa desportiva desse a conhecer o motivo pelo qual jogadores como Tiago e Simão Sabrosa, apenas para dar dois exemplos, saltaram fora do barco da selecção. O que leva jogadores em excelente momento de forma a dizer “já chega” ao seu País? Neste momento, se Tiago aceitasse ser convocado, seria ele e mais dez. E, na altura do adeus, Simão também tinha lugar cativo nos convocados. Era bom que tudo isto fosse explicado. Tenho a esperança de que isso aconteça um dia.

12 comentários:

  1. Há muito tempo que o Paulo Bento devia ter saído. É a minha opinião.

    ateaos30ficoboazona.blogs.sapo.pt

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  2. É necessário (e imprescindível a meu ver) uma grande mudança...

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    1. Parece-me que o ciclo dele chegou ao fim. É necessário sangue novo para estimular os jogadores.

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  3. Não vi o jogo, mas concordo contigo.
    Há que renovar, investir noutros jogadores, dar uma lufada de ar fresco à seleção.
    Beijinho

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    1. Precisamos mesmo de uma lufada de ar fresco. Será que a vamos ter?

      beijos

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  4. Acho que a seleção neceessita de uma remodelação profunda... e tem que deixar de insistir em convocar jogadores que já deram o que tinham a dar, só para fazer favores a determinados Srs.
    Falta sangue novo, vontade, dedicação e empenho!! ( isto claro na minha humilde opinião).

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  5. Etstá na hora de uma reestruturação... e não passa só pela equipa em campo.

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    1. É mesmo isso. Há muito para mudar. Muito tacho para acabar.

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  6. Concordo com quase tudo o que escreveste. Apenas uns pontinhos de discórdia:
    - Fui dos que criticaram as escolhas para o Mundial. Achei que foi a convocatória mais anedótica dos últimos anos para uma competição.
    - Não acho que o Neto tirasse o lugar ao Pepe. A meu ver, o Pepe continua a ser uma mais-valia (apesar de ter perdido a cabeça no Mundial e de também não ter gostado de o ver todo sorrisos com o jogador da Albânia que marcou o golo). Mas Neto tiraria o lugar de certeza ao Ricardo Costa. O Ricardo Costa deu um sinal claro de fim de carreira, indo procurar a sua reforma dourada!
    - Ao contrário do que muita gente julga, não temos uma má formação! Podemos não ter nenhum Ronaldo nem nenhum Figo, que não temos. Mas temos provavelmente a melhor fornada de jovens dos últimos anos: Cedric, Adrien, Mané, William, Rúben Neves (embora este ainda tenha que crescer mais 1 aninho ou 2 antes de chegar à Selecção A), etc
    - Paulo Bento devia explicar o que se passou com Danny. Explicar claramente. E acima de tudo, não deixar que as suas quezílias pessoais com jogadores interfiram com o que devia ser um trabalho competente. Já começam a ser casos a mais (Bosingwa, Quaresma, Carlos Martins, Danny, Adrien, ...). E no caso de Danny, é gritante a falta que faz! A seguir a Cristiano Ronaldo, seria provavelmente o jogador mais desequilibrador!
    - Só uma pequena nota relativamente ao Tiago... Antes do Mundial, vi uma entrevista dele em que se notava algum arrependimento na decisão, mas dizia ele que era uma decisão que havia sido tomada e que agora não havia como voltar atrás...

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    1. Isto dava horas de discussão. Aos jogadores que mencionas, acrescentava mais uns quantos. O caso do Danny acho que está relacionado com a recusa de jogar na selecção por causa de uma biopsia, se não me engano, tendo acabado por jogar no Zenit dias depois. Isto nunca foi bem explicado mas era importante saber porque é que o Danny também faz isto. E concordo contigo, faz muita falta à selecção.

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