a diferença entre 10 ou 90%

Se um médico disser a um paciente que a operação para debelar o que quer que seja tem 10% de probabilidade de correr mal, uma grande percentagem de pessoas recusa fazer essa operação. Se o mesmo médico disser ao mesmo paciente que a mesma operação para debelar o que quer que seja tem 90% de probabilidade de correr bem, a grande maioria das pessoas aceita, sem hesitar, submeter-se à intervenção cirúrgica.

No que à saúde diz respeito, uma boa parte das situações está dividida em percentagens. Em duas para ser mais específico. Existe o lado onde todos queremos estar, que é o lado bom onde estamos seguros e afastados do que é prejudicial, de uma forma mais ou menos grave, para a saúde. E existe o lado das trevas. O inferno onde desejamos nunca estar. Consoante as situações, a percentagem do lado bom é maior ou menor. Consoante as situações, é mais ou menos assustadora. Consoante as situações, mexe mais ou menos connosco.

O pior de tudo, é a maldita ansiedade que impede alguém de saber se está no lado bom e seguro. Ou se está no lado mau, onde o caminho vai ser mais complicado. No que toca a mim e aos meus, tento agarrar-me sempre ao lado bom, por mais curto que seja. Desde que exista, agarro-me a ele. Com todas as forças que tenho, sem o largar. Não minto ao dizer que ignoro o mau. Penso nele, porque é impossível não pensar. Tento preparar-me para ele, dentro do que é possível preparar. Mas faço isto sempre agarrado à tal percentagem do lado bom. Que, quanto maior, melhor.