Se não costumas acompanhar o ténis de perto, posso dizer-te que Marcelo Ríos foi um grande tenista. O chileno, hoje com 44 anos, foi o primeiro sul-americano a chegar a número um do mundo. Sendo que também fica para a história como o primeiro a chegar ao topo sem ter vencido um Grand Slam. Que são os quatro torneios mais importantes do calendário anual da modalidade.
Conhecido pelo talento de raqueta na mão, Marcelo Ríos também nunca levou para casa aquilo que podia dizer na hora. E se era assim enquanto profissional, ainda mais agora. Por isso, não espanta que tenha aproveitado uma entrevista ao La Tercera para rasgar o ténis de alto a baixo. A começar pela ATP (Associação de Tenistas Profissionais), que diz ser dirigia por "gringos".
Segue-se um ataque a Andre Agassi, tenista que defrontou ao longo da carreira. "Apanharam o Agassi quatro vezes [com doping] e esconderam porque era o Agassi e o ténis estava na merda. O ATP é a maior merda que existe. Só gringos”, dispara. Agora, é a vez de Pete Sampras, tenista que diz ter sido favorecido. “O Masters era sempre indoor e em piso rápido para o Sampras ganhar. Eu e o [Sergi] Bruguera pedimos que o Masters fosse numa superfície diferente todos os anos”, conta. “Fisicamente quebrei aos 26 anos f***-me de tanto correr. Eu não media 1,90 metros, tinha de jogar cinco sets, saltando sobre o cimento durante três meses. Este é o único desporto que muda de superfície quatro vezes por ano”, lamenta.
A conversa serviu ainda para criticar as regras do ténis. “Não entendo por que motivo há dois serviços no ténis. É como sair duas vezes no golfe. É absurdo. Alguém inventou isto, é vantajoso para quem mede 2,14 metros”, argumenta. A entrevista não chegou ao fim sem que Marcelo Ríos explicasse que os elogios que ouviu de Roger Federer, tenista suíço que disse que o chinelo foi dos melhores que viu competir, sabem melhor que muitos prémios.
“Ouvi as palavras de Federer e fiquei muito feliz. É alguém que é perfeito. É o tenista perfeito. Podia estar em casa no sofá há 10 anos, mas continua a jogar e a ganhar. Ouvi-lo elogiar-me é mais relevante do que entrar na porcaria do Hall of Fame. É o Hall of Federer, bem mais importante. Receber um elogio dele faz-me sentir que valeu a pena ser jogador do ténis”, termina.
Marcelo Ríos estreou-se como profissional em 1994, terminado a carreira dez anos depois. Para a história ficam 391 vitórias, 192 derrotas e a conquista, entre outras coisas, de cinco Masters Series. O chileno ganhou quase nove milhões de euros em prize money.
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