12.1.17

carta aberta ao pingo doce

Exmo Senhor Pingo Doce,

Começo por dizer que não me conhece de lado nenhum. Afinal, sou apenas mais uma das pessoas que frequenta as suas instalações. E posso acrescentar que tenho por hábito beber café no Pingo Doce, situado no Fórum Sintra, quatro vezes por semana. Sendo que há dias em que o café é precedido de um almoço no seu espaço de Sushi, de que gosto e que recomendo.

Perante este início de conversa talvez não consiga perceber o motivo que me leva a escrever-lhe. Poderá pensar que se trata de um elogio. Mas não... Lamento mas o motivo que me leva a escrever não é o mais simpático. Mas também não é preciso fazer essa cara que irei continuar a beber café nas suas instalações, algo que já é um hábito. Até porque o café é mais barato do que num tradicional café de centro comercial e tem qualidade. Reconheço isso.

O problema é que não sou o único a beber café nas suas instalações. “Mas isso é bom”, poderá responder. Dou-lhe razão. É bom para si. Mas é muito mau para mim. Porque enquanto espero fico a olhar para a montra de pastelaria que não é nada discreta. Assumo que já fui mais guloso. Mas não sou de ferro. E existem coisas às quais uma pessoa tem dificuldade em resistir.

Eu tiro senha com a ideia de beber café. E fico ali a ser seduzido pelo cartaz que me dá a conhecer que os palmiers simples (que delícia pois são como gosto, finos, estaladiços e saborosos) custam apenas 0,75 cêntimos. E começo a salivar. Quando penso que vou resistir surge sou seduzido por outra informação. Croissant Conquistador por 0,85 cêntimos. E aqui já estamos a entrar num jogo para duros que é quase impossível resistir a estas criações de um qualquer pasteleiro do demo.

Como se isto não bastasse... agora são as Bolas de Berlim. “O delicioso sabor da praia. Recheadas à mão, uma a uma”, é aquilo que têm para me dizer. Isto parece o canto de uma sereia, o que faz de mim um pobre marinheiro que não consegue resistir a tanta tentação. Posto isto, chegou a altura de fazer a minha reclamação. Isto não se faz! Não sou de ferro. E deixo o meu apelo. Sei que não pode tapar a montra. Mas peço-lhe encarecidamente que não me seduza com cartazes obscenos. Grato!

Bruno, o homem que só queria beber café.

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