19.11.14

ainda dizem que o dinheiro faz bem ao amor e traz felicidade...

Não sei precisar quantos prémios do Euromilhões já tiveram como destino Portugal. Refiro-me sobretudo aos montantes mais chorudos. Ou seja, os primeiros prémios e os aliciantes jackpots que levam a que algumas pessoas apostem mais alguns euros na esperança de levar para casa o dinheiro que vai mudar uma vida. O tal dinheiro que faz bem aos casais, porque ajuda e realizar muitos sonhos, e o tal dinheiro que traz felicidade.

Como disse, não sei quantos prémios é que os portugueses já ganharam. Mas recordo-me de dois. O primeiro diz respeito a um jovem casal que tinha uma relação perfeita. Não existiam zangas. Sonhavam casar e constituir família. Era o amor no seu melhor. Até que ganharam o Euromilhões. E até que o dinheiro – aquele que faz bem e traz felicidade – ocupou o lugar até então ocupado pelo nobre sentimento. O caso arrastou-se em Tribunal. O prémio esteve congelado. “A chave é minha”, diz um. “Eu é que meti o talão”, diz o outro. "Eu quero tudo", acrescenta. "Eu contento-me com metade", e muitas outras coisas. Guerras para aqui, guerras para ali e a relação perfeita teve o seu final. Acabou-se o amor. Ficaram os milhões de euros.

Recordo-me também de outro. Uma senhora que ganhou o Euromilhões no ano passado, se não estou enganado. Senhora que foi notícia pelo prémio e pela grande festa que providenciou às pessoas da sua terra. Foi uma festança onde nada faltou e onde todos elogiaram a forma de ser da senhora. Agora, sabe-se que está separada do marido. Diz que passou um inferno ao lado do ex-companheiro que até acusa de violência doméstica. Agora, e como no primeiro caso, ambos reclamam o prémio para si. Ela diz que é dela e que até viajou para Lisboa (para reclamar o prémio com o talão escondido no soutien) e ele diz que a aposta foi registada por si.

O dinheiro (sobretudo quando se trata de uma quantia astronómica) faz bem a quem sempre o teve. Quando se trata de pessoas que tinham “pouco” e que de repente têm de lidar com uma fortuna ao estilo do Tio Patinhas, esse “bem” depende de muitos factores. Das opiniões de quem rodeia os novos milionários e dos interesses que movem essas mesmas pessoas. Já para não falar da maneira de ser da própria pessoa. Como já referi em diversas ocasiões, o dinheiro compra muitas coisas mas a felicidade não é uma delas. Em alguns casos até serve para a destruir.

33 comentários:

  1. Agora é que disseste tudo, esse segundo casal que falaste, creio que foi aquele que foi novamente notícia há umas semanas. Continua tudo na mesma... é triste.

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  2. Pipocante Azevedo Delirante19 de novembro de 2014 às 12:04

    "jovem casal que tinha uma relação perfeita"

    Se calhar é esta premissa que está errada

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  3. O problema é que dificilmente se consegue imaginar de facto, a euforia que tal acontecimento nos poderá trazer.Por mais que se tente imaginar, conseguimos sempre num cenário de tamanha felicidade incluir a nossa parceira/o, mas até onde e/ou quando ?Como gerir essa emoção?O que vai passar para segundo plano ? Tudo com o que sempre se ambicionou se torna possível.Daí os perigos...
    Há quem diga que todos nós temos um preço, variam são os montantes. Em muita simplicidade se gera complexidade.De facto, a exorbitância de um primeiro prémio euromilhões que tantos desejam, traz consigo escondido um presente envenenado. Como alguém disse...Tudo tem o seu preço". Já ouvi de alguns mas poucos amigos, assumirem um medo se tal destino lhes sucedesse. Convém informar que são pessoas felizes.

    Agora um à parte, gosto muito deste blog, passo por cá há já alguns meses. Parabéns pelo seu blog.
    Identifico-me com este espaço.

    Um abraço.

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    1. Ricardo, trata-me por tu, pode ser?

      É por pensar como tu que defendo que muito dinheiro só não faz mal a quem sempre viveu com ele. Quem tem tudo num acto de sorte tem de lidar com muitas coisas. É certo que a partir de um certo valor a Santa Casa disponibiliza acompanhamento/gestão do prémio. Mas a verdade é que as pessoas tinham pouco e toda a gente sabe que têm muito. Aparecem os amigos todos e os interesseiros a querer uma fatia do bolo. Surgem ideias de negócios e outras mil coisas. Não será fácil lidar com isto mas a verdade é que em muitos casos acaba por ter maior destaque do que o amor de uma vida.

      Obrigado pelas palavras e vai passando sempre que quiseres.

      Abraço

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  4. Olá :)
    Na minha opinião, se uma relação se destroi assim "facilmente" devido ao dinheiro, então para começar, nunca foi uma "relação perfeita", independentemente das aparências.
    O segundo caso que citas, de certeza que não o era, se havia violência doméstica. Mesmo com lutas pelo prémio e todas as chatices que daí ocorrem, um dia a senhora vai-se aperceber que a separação foi uma espécie de "jackpot".

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    1. Pipocante Azevedo Delirante20 de novembro de 2014 às 10:48

      O ex-Ministro e a Apresentadora da Chuva também tinham uma relação perfeita, com filhos lindos com nomes aristocráticos, passeavam-se todos felizes sob o olhar das lentes, e agora é o que é...

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    2. @Ana Chagas Também acho que quando é facilmente destruído é porque não era forte. Quando o amor acaba e se luta por um prémio, fica presente aquilo que é realmente importante.

      @Pipocante Azevedo Delirante Aí está mais um exemplo do paraíso que passou a inferno.

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    3. Pipocante Azevedo Delirante20 de novembro de 2014 às 14:20

      mas qual paraíso? qual paraíso? Eu já tenho idade para saber que no mundo real os carros não explodem quando batem num muro, e um tipo não dá dois mortais à rectaguarda quando leva um sopapo. Isso é ficção.
      Na linha dessas famílias em que todos se levantam, diariamente, alegres e bem-disposto, é meia hora de abraços e carinhos, pequeno almoço a la novela da Globo, não há atritos, não há stress, é tudo a perfeição. Isso é bom para enganar os papalvos que compram essas histórias, ansiando ou invejando essa vida ideal.
      Para ver filmes, há canais temáticos (e livros, também)

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    4. Era a ideia que vendiam. Não mais do que isso. Como referes, só acredita quem quer.

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  5. Já por isso é que, se for para jogar a qualquer coisa, jogo sozinha. E, se ganhar, calo-me bem caladinha e faço o que tenho a fazer com o meu dinheirinho sem grandes publicidades :D (e oh se tenho planos)

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    1. Jogo sempre com as duas chaves que tenho com a minha mulher. E em alguns casos fazemos outras. E em caso de prémio será dos dois. Tão simples quanto isso.

      Quem não tem sonhos para eles? :)

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  6. Eu acho que tem tudo a ver com a personalidade da própria pessoa. E o problema começa logo no início: a questão de dar a cara... Quando a pessoa sai do anonimato, dá para se tirar muitas ilações, a meu ver... Se fosse comigo, era garantido: só reclamava o prémio alguns dias depois daquele hype todo, e nunca (mas nunca mesmo, em nenhuma circunstância) saía do anonimato!

    Só um pequeno aparte:
    O segundo caso (da senhora que ganhou no ano passado e deu a festa lá na sua terra)... Tenho uma vaga ideia de, nessa altura, ter ouvido que a senhora era viúva (e que até criou não sei quantos filhos sozinha)... Não tenho bem a certeza, mas tenho ideia disso... E se assim foi, explica em muito a questão conjugal actual... Provavelmente o gajo quis aproveitar-se...

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    1. Se era viúva já devia ter este "namorado" porque ele diz que o prémio é dele. E isso implica uma relação no momento do prémio.

      Acho que quando o prémio é muito grande as pessoas devem optar pelo low profile. É certo que no meio todos vão saber quem é mas a publicidade só atrai problemas.

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  7. Sinceramente eu acho que esse dinheiro só mostrou que o amor não era assim tão grande... Eram relações à partida condenadas

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  8. Grande verdade. Quando se trata de dinheiro as pessoas parecem perder o discernimento. A ganância ganha toda uma nova dinâmica e até a racionalidade é perdida... tanto para muito como para pouco.

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  9. Não podemos pôr a culpa no dinheiro. O amor é que não era verdadeiro, senão teria sobrevivido.

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    1. O amor foi apenas o algodão que mostrou o que estava por baixo.

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  10. Isso que dizes é bem verdade, pode destruir... mas discordo quando se diz que o dinheiro não traz felicidade. Se separou esses casais, é porque não existia amor nenhum, poupem-me. Eu, se tivesse dinheiro, era feliz de uma forma q agora não sou, pelo simples facto de que podia realizar muita coisa q me faria feliz!

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    1. Já escrevi muito sobre isso. O dinheiro compra muita coisa mas não compra felicidade e ninguém pode garantir que era muito feliz com muito mais dinheiro. É uma grande possibilidade mas para a maioria de nós é apenas uma ilusão. E em alguns casos impede que se viva o presente.

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  11. Lembro-me de outra velha máxima: o dinheiro não traz felicidade.
    Quando, ganho assim numa situação destas, acredito que mexa com a cabeça de qualquer um.
    Até comigo. Mas, garanto, eu sei bem o que faria. E iria fazer muita gente feliz.

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    1. Eu sei o que faria. Sei quem seria prioridade. E sei o que nunca ia acabar por casa de dinheiro.

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  12. Olá! Já agora também podia falar dos ingleses que receberam um dos maiores prémios de sempre. Já estão separados e ela vive com o jardineiro :)))

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    1. Mais um caso. Fiquei-me pelos nossos mas era uma reportagem engraçada. Encontrar os maiores vencedores de sempre e descobrir como estão as suas vidas agora :)

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  13. Ninguém entende o primeiro caso, esse que acompanhei mais de perto por ser na minha terra. Não teria sido mais sensato cansarem, viajarem os dois e serem felizes. Tanto quiserem que depois acabaram por perder os dois, tempo e depois dinheiro com a brincadeira dos tribunais. Ele sei que ainda investiu e está bem, já ela acho que nem por isso. É pena, não sei o que o dinheiro faz às pessoas..

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    1. Acompanhei o primeiro caso pelas notícias e recordo-me da postura dele. Parecia não querer alaridos e por ele dividia-se aquilo ao meio. A guerra era dela (de acordo com o que li por influência da família). É mesmo pena.

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  14. não imagino o que é sair tanto dinheiro a um gajo...mas que parece bom, parece, mas pelos vistos não passa de uma miragem...é a ganância e o poder que destroi as pessoas.

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  15. Uma vez ouvi a seguinte frase: "O dinheiro não muda as pessoas, apenas realça aquilo que elas já são.". E eu acho que há muita verdade nisso.

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