17.11.14

mãe coragem

Admiro mulheres que partem para uma gravidez sozinhas. Quer dizer, não decidem ser mãe sem a companhia de um homem. Indo directo ao assunto, são abandonadas pelos homens que tiveram a sua quota parte na criação de uma vida. Por norma, os conselhos vão no sentido de que a mulher desista da criança que tem dentro de si. “Não sabes onde te vais meter” e “é complicado ser mãe sozinha” são das coisas que mais ouvem. Mesmo assim, optam por levar a gravidez até ao fim.

Acredito que não o façam por capricho. Para provar que são superiores ao sexo masculino. Ou para mostrar a um homem específico que não precisam dele para nada. Acho que é algo muito superior a isso. Será um amor de mãe que só elas, que carregam uma vida dentro de si ao longo de nove meses, conseguem explicar. Será algo que “só” elas sentem e que querem levar até ao fim pelo amor que sentem a partir do momento que sabem que têm uma vida a crescer dentro de si.

Por isso, tenho o maior respeito do mundo por estas mulheres, que considero um exemplo de força, determinação e amor. Mulheres que passam a ter como missão que nada falte ao filho que carregam. E que não temem os problemas que possam vir a encontrar ao longo do caminho que tem como única certeza a ausência de um pai. Por outro lado, não percebo como é que alguém consegue (e tenho casos na minha família) abandonar uma mulher grávida. Melhor, não percebo como é que conseguem abandonar um filho. Porque aceito que as pessoas se zanguem e que cada um siga o seu caminho. Mas as crianças não pedem para nascer.

Tal como não percebo quando as pessoas dizem que a gravidez “aconteceu”. Como se fosse possível andar nu por aí, tropeçar numa pedra e cair em cima de uma mulher que, por obra do acaso, fica grávida. As pessoas sabem ao que vão. Sabem os riscos que correm. E podem prevenir-se dos mesmos. Quando não o fazem, acho que o caminho é assumir o que foi feito. Por isso é que tiro o meu chapéu às mulheres que não deixam que ninguém lhes diga que não são capazes de educar um filho. Obrigado a todas pelo exemplo de força.

22 comentários:

  1. a minha mãe é mãe solteira há 22 anos e aconteceu duas vezes, sou eu e a minha irmã, dito assim até parece que a minha foi era uma desnaturada, mas aconteceu, e agora somos duas raparigas lindas por dentro e por fora. E sinceramente acho que nenhuma sentiu falta da educação de uma parte masculina, a minha mãe fez um otimo trabalho tabalho sozinha, a pior parte é mesmo ve-la sozinha agora que estamos crescidas.

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    1. Sei o que pretendes dizer mas aposto que quando olha para vocês não se sente sozinha e percebe que tudo valeu/vale a pena.

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  2. Uma grande amiga minha ficou grávida.
    Assumiu sozinha a gravidez, ele, o pai da criança nunca conheceu a filha.
    Hoje, a filha tem 13 anos, é uma filha mãe e a minha amiga uma excelente mãe.

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    1. Como disse, aceito que as pessoas se zanguem mas não percebo esse desprezo em relação a um filho.

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  3. Tive a sorte de ter como Mãe, um exemplo de perseverança e força.
    Na teoria não foi mãe solteira, mas na prática esteve completamente “solteira” no que toca à minha educação. Se ela lesse o teu post diria que não é Mãe coragem até porque ainda hoje recusa determinantemente que lhe diga que foi Mãe-e-pai.
    Mas uma coisa é certa! Definitivamente é preciso ter muita coragem para todos os dias “escrever” numa “página em branco” (que é criar um filho/a) assumindo total responsabilidade pelos sucessos ou fracassos dessa tarefa.

    Nina
    momentosemcapsulas.blogspot.com/

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    1. Parabéns à tua mãe pela sua postura. Ainda bem que existem pessoas assim.

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  4. Concordo e eu tb tiro o chapéu para essas mulheres corajosas. E tb acredito que não há gravidez por acaso -pelo menos não nós tempos em que vivemos.

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    1. Parece que algumas pessoas têm relações sexuais por acaso. Tropeçam e quando dão por si estão a fazer sexo.

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  5. Olhe que nem sempre é assim tão linear. Existem casos onde a mulher garante tomar a pílula e o homem, confiante, saberá tarde de mais que não era verdade. É que muitas mulheres ainda pensam que um homem se "apanha" com uma gravidez inesperada. É triste, mas muitas gravidezes resultam de traições à confiança estabelecida entre as partes.

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    1. Prefiro que me trates por tu, pode ser? Pensei nisso quando estava a escrever o texto. Optei por não desenvolver porque quero acreditar que as pessoas conseguem ter a percepção de saber qual o interesse da outra pessoa, neste caso de uma mulher que quer engravidar para prender um homem, como se costuma dizer. O pior é que algumas pessoas cegam com a excitação e não analisam a questão da forma correcta. Mas, nada disto invalida que se abandone ou ignore um filho. Mesmo que não seja desejado.

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  6. Estou contigo! São mesmo muito corajosas!

    Sabes o que também me irrita? Os caramelos que fogem à responsabilidade e passados uns anos, quando a criança já está "criada", dá-lhes e rebate de consciência e querem passar a ser pais e estragam-nos com bens materiais... quando na hora h souberam fugir e por-se a milhas...

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    1. Tenho um caso muito próximo de mim que é mais ou menos assim. E a pessoa em questão recusou a aproximação. Mas, neste caso é uma mãe.

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    2. São raros, mas também sucedem com mães (eu também conheço um caso).
      Condeno na mesma!

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  7. Meti-me na "aventura" de trazer um filho ao mundo há coisa de dois anos e meio. O meu maridão está comigo desde sempre. Nunca lhe passaria pela cabeça abandonar-nos estando as coisas a correr mal, assim como estão, muito menos. Conhecemos as dificuldades inerentes à educação respnsável de um ser humano, futuro adulto e com impacto na sociedade futura (por muito pequeno que seja). A luta para que esse impacto futuro seja positivo é diária. E não estou sozinha.

    Todo este parágrafo para te dizer que estou 100% de acordo contigo: admiro muito as mães que levam até ao fim uma gravidez sozinhas e educam depois os seus rebentos com as mesmas dúvidas que as mães que estão enquadradas numa família, e com o dobro ou o triplo das dificuldades!
    E não faço ideia do que leva um homem a abandonar assim a família. E a responsabilidade de "construir" a vida em cuja origem participou. Será algo instintivo? E muito pouca maturidade para combater esse instinto. Não faço ideia.
    Mas considero-me abençoada por o pai do meu filho não ser assim. :-)

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    1. Ainda bem que tens uma pessoa assim contigo. Aposto que as coisas ficam mais fáceis. E quem deseja ter um filho deverá ler o teu primeiro parágrafo. Obrigado!

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  8. Se alguma vez algo assim me acontecer, não vou abortar de certeza. Isso é homicídio (a meu ver), pois seria responsável pela morte de um ser humano, ainda que fosse do tamanho de um feijão.

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  9. Ai, este post encheu-me a alma, a sério. Sou uma dessas mulheres; traída e abandonada pelo pai da minha filha aos 7 meses e meio de gravidez. Humilhada, gozada, alvo de troça da parte dele e da à altura "amante", que sabia que ele tinha uma mulher grávida em casa, tendo ela também um marido, mas não quis saber.
    E custou muito ultrapassar aquelas últimas semanas, com uma família muito pequena, com uma depressão que me assolou o espírito, o meu corpo a fraquejar e uma bebé a formar-se.
    Foi um parto complicado; com o início das contracções, peguei no carro e fui a conduzir sozinha para a maternidade - depois de tudo o que me tiraram, ir sozinha de ambulância era algo que me atormentava.
    ...depois de um longo trabalho de parto, quase 2 dias a "sofrer", ia partindo para outra dimensão, lá nasceu a minha criança, com uns famosos 4,190kg...jamais esquecerei o que sofri emocionalmente, e que ainda sofro, mas têm sido 4 anos de luta, alegrias, às vezes dor...mas não me imagino sem a minha pequena, de todo.

    Obrigada pelo post...

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    1. Muito obrigado pelo teu testemunho. Obrigado por este momento de partilha e que várias pessoas passem os olhos pelas tuas palavras.

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  10. Concordo contigo em todo o post, menos nisto:
    "Tal como não percebo quando as pessoas dizem que a gravidez “aconteceu”. Como se fosse possível andar nu por aí, tropeçar numa pedra e cair em cima de uma mulher que, por obra do acaso, fica grávida. As pessoas sabem ao que vão. Sabem os riscos que correm. E podem prevenir-se dos mesmos."

    Os acidentes acontecem (been there, done that)... Não é falta de cuidado, nem de responsabilidade, acontecem mesmo. O meu irmão mais novo, por exemplo, foi um "acidente de percurso" lol

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    1. Eu concebo um acidente como uma preservativo que se rompe, por exemplo. Quando nada se faz (e estou a excluir as quebras de confiança) não acredito em acidentes. Tal como tu conheço pessoas que nasceram de acidentes (pílulas estragadas, por exemplo) mas mais do que isso é arriscar ;)

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