Num destes dias estava a ver um jogo do Benfica. A determinada altura fala-se de um jogador – não me recordo qual – de 31 anos. Que é catalogado de veterano. Criou-se a ideia de que se trata de um jogador “velho” quando entrou nos trinta recentemente. Momentos mais tarde, e ainda no mesmo jogo, fala-se de Ricardo Carvalho, um jogador português há muito radicado no estrangeiro, que tem 36 anos. Neste caso, enalteceu-se a qualidade de jogo do português, apesar dos seus 36 anos. Parecia uma espécie de super-herói que ainda consegue jogar futebol com 36 anos. Ninguém pode negar que a carreira de um jogador de futebol (e de tantos outros atletas de alta competição) é substancialmente mais curta do que a maioria das profissões. Mas, daí a chamar “velho” a quem tem pouco mais de trinta anos vai uma grande distância. E este modo de pensar é transversal a muitas áreas da nossa sociedade.
Quase que existe uma regra que define que depois dos trinta somos automaticamente velhos. Para o que quer que seja. No caso do futebol é bastante evidente. Muitos jogadores já lamentaram esse facto e optaram por sair de Portugal porque é complicado encontrar um clube que aposte em jogadores com mais de trinta anos. Depois, temos outros campeonatos, como é o caso do italiano, onde se joga até aos quarenta ou mais. E aqueles que chamam velhos aos nossos, são os mesmos que enaltecem a qualidade dos velhos (que não o são) dos outros campeonatos. E são também os mesmos que enaltecem os jogadores estrangeiros, com mais de trinta anos, que chegam a Portugal. “Ainda têm muito para dar”, dizem.
Nos empregos chamados normais, aqueles das nove às cinco, também existe a mentalidade de que os trinta são os novos setenta. Está enraizada a ideia de que a partir dos trinta começa o declínio da pessoa que, na realidade, não passa de uma jovem. E esta mentalidade leva a que muitas pessoas desta idade se sintam velhas e temam o futuro. Parece que em 2060 Portugal vai ser um país de velhos. Mas, na realidade já o somos. Porque ter pouco mais de trinta significa ser um desgraçado de um velho que não serve para nada.
Não me parece que seja linear. No desporto, percebe-se (é uma questão de "pico" físico) e em algumas actividades de alto stress (em que conta mais a energia que o conhecimento) também.
ResponderEliminarMas na minha área - engenharia química - um tipo com 30-35 anos é "novo" e ainda "tem que aprender". Aliás, até aos 55 são novos (55 é mais ou menos o "pico" da carreira).
Percebo e aceito o pico físico mas mesmo assim acho que não tem sentido chamar velho a um jogador de 30/31 anos. Devia ser na tua área e em quase todas mas cada vez mais ouço relatos que apontam para o outro lado.
EliminarMuito bem dito! Há dias fui a uma entrevista, onde me perguntaram se me dava jeito fazer estágio profissional, eu disse prontamente que sim claro. Ao que o senhor me diz "ainda tens 26, tens muito tempo para o fazer, 4 anos é muito tempo". O problema é que, com 30, ninguém me emprega, muito menos sem experiência profissional. É o país que temos...
ResponderEliminarÉ uma questão de mentalidade.
EliminarA primeira vez que ouvi dizer que estava velha para um determinado trabalho, eu tinha 36 anos...entretanto a pessoa que me disse isso já foi "dispensada" eu já tenho 45....e estou a fazer um trabalho de muito maior responsabilidade que o daquela altura...muito pior que a idade, assusta-me a mentalidade...
ResponderEliminarAssusta-te porque o problema reside na mentalidade e não na idade.
EliminarE eu estou caquética! Afinal já há mais de uma década que passei os trinta, por isso devo estar com os pés para cova, no mínimo.
ResponderEliminarÉ triste, muito triste e assim o país não avança por desperdiçar boa mão-de-obra "madura" por acharem que já não vale a pena investirem neles/nós. Nem dão hipótese.
Eu sou de uma área que não padece tanto desse mal, pois a "experiência" conta- o ensino- mas em compensação aquilo que foi e agora é o ensino deixa muito amargo de boca a "maduros" como eu de ver a falta de respeito e dignidade com que somos tratados.
Acho que acaba por ser um mal geral. É uma triste realidade.
EliminarEspero que nada disso seja verdade porque só vou começar a minha carreira perto dos 30! Devo começar já a pensar na reforma?
ResponderEliminarEspero que tenhas a maior das sortes. Sendo que esta sorte também tem muito de engenho.
EliminarTens toda a razão!
ResponderEliminarJá senti isso na pele quando respondi a um anúncio de emprego, o que é sinistro...
E acabei de passar os 30 anos=S
Será receio de mentes frescas, tentando-as convencer de que já não o são?
Será estupidez apenas?
Não sei...
Acho que é uma mentalidade que se instalou e que veio para ficar. Infelizmente.
EliminarIdeias tacanhas.
ResponderEliminarBeijinho
Sad but true.
EliminarBeijos