o amor não tem hora marcada

O amor não tem hora marcada.

Aparece quando queremos.

Ou quando não estamos disponíveis.

Porque temos medo dele.

Aparece quando é desejado.

Ou quando o queremos a quilómetros de nós.

Porque sabemos que nos vamos magoar.

Entra quando quer. 

E não quando nós deixamos.

Mas nem o amor tem a possibilidade de abrir todas as portas.

Às vezes tem de ficar à porta.

À espera.

E por ali fica, resistindo à chuva, ao frio e ao vento.

À espera que alguém repare em si.

Quer seja quem está do lado de dentro.

Ou quem está na rua e passa ali por perto.

O amor não tem hora marcada.

E nunca terá.

Há quem diga que ele é fodido.

Mas toda a gente, nem que seja secretamente, o deseja receber.

Este texto foi motivado por uma situação que me aconteceu ontem. Decidi encostar o carro para colocar algumas coisas no porta-bagagens porque não gosto de deixar coisas à vista no carro tal como não gosto de as colocar no porta-bagagens no destino. Vi um espaço entre carros e encostei. Quando olho para o lado vi esta porta. Com um ramo de flores preso à mesma. Não resisti e fotografei o que vi. Não sei o que motivou aquele cenário. Só sei que hoje, pela manhã já lá não estavam. Espero que aquelas flores sejam o símbolo de uma linda história de amor. Prefiro acreditar nisso.