Está a ser partilhada nas redes sociais uma crónica do Expresso, da autoria de Henrique Raposo. Foi graças a essas partilhas que me deparei com a opinião de Henrique que é também a minha há muito tempo. Em traços gerais, o texto anda à volta do horário de trabalho de boa parte dos portugueses. E daquelas ideia vincada de que os bons trabalhadores são aqueles que saem tarde do local de trabalho.
Já trabalhei em empresas, antes de ser jornalista, onde o horário não era algo flexível. Ou seja, tinha uma hora de entrada que tinha de ser cumprida. E uma hora de saída que normalmente, salvo casos pontuais, era respeitada. E esta é a forma como encaro um horário. É para isso que eles existem. E considero que, enquanto trabalhador, tenho de cumprir as minhas tarefas no horário estabelecido. Se preciso de trabalhar mais do que o normal é porque não fiz bem as coisas (falando de forma geral).
Desde que sou jornalista que percebi que muitas pessoas encaram o horário de trabalho como um acessório que não é preciso respeitar. Há até quem ache que isto de ser jornalista é começar a trabalhar duas horas (ou mais) mais tarde do que aquilo que era suposto. A isto juntam mais largos minutos sem que nada façam. Resumindo, o trabalho tem início muito tempo depois. E tudo isto, até porque existem horas a cumprir, obriga que o trabalhador saia do local de trabalho mais tarde do que era suposto.
Na realidade a pessoa podia chegar mais cedo. Mas optam por não chegar. Mas este atraso fica bem aos olhos de muitas pessoas. Pessoas que analisam apenas a hora de saída, ignorando a hora de entrada. E não percebem que existem pessoas que gostam de chegar cedo (leia-se a horas) para poder sair a horas, algo que é muito mal visto por algumas pessoas. E poucos são aqueles que conseguem perceber que as pessoas que cumprem horários é que estão bem.
Em tempos falaram-me de uma empresa, estrangeira mas com um espaço em Portugal, que dá as tardes de sexta-feira aos trabalhadores. Para isso têm apenas de cumprir as suas tarefas durante a semana. Aqueles que têm necessidade de trabalhar na tarde de sexta não são os bons exemplos. São os maus exemplos. São aqueles que não foram capazes de cumprir as tarefas no horário laboral. E a empresa olha para estas situações como casos que não devem acontecer. Na maioria das empresas, e de forma errada, defende-se o oposto.
Fica aqui o link para a crónica do Henrique Raposo. Vale muito a pena ler. E destaco uma frase. “O chefe português gosta do solteirão que fica até tarde, eh pá, sim senhor, ganda gajo, ganda entrega”.
Concordo a 100 % contigo. O problema é que, cada vez mais, quem dirige as empresas encara que quem saí mais tarde é o "melhor". Olhando sempre de lado aqueles que saem a horas.
ResponderEliminarMas o que tem piada, e que os patrões não percebem, é que esses não são necessariamente aqueles que melhor trabalham.
EliminarOlá :)
ResponderEliminarUi, trazes pano para mangas! Felizmente já começa a haver alguma evolução neste tema. Já existem empresas (há tempos li um artigo sobre uma, infelizmente não me recordo de qual nem onde), que proibia expressamente que se ficasse para lá do horário estabelecido, porque no seu entendimento o melhor funcionário é que aquele é que sabe gerir o seu tempo e efectuar as tarefas dentro do seu horário, e se achar que não consegue alerta para o facto que lhes estão a passar tarefas a mais.
Infelizmente ainda vai demorar um pouco mais para que esta ideia se generalize. Há muito chico-esperto por aí, que até sendo pior que os colegas ficou sempre bem visto por ficar mais tempo, embora isso não signifique de forma alguma que o tempo fosse usado de forma produtiva.
E assim é que deveria ser. As pessoas deveriam ser obrigadas a sair a horas.Porque ficar mais tempo é apenas demonstrativo do que não se fez antes, de uma má hora de entrada ao serviço ou, em alguns casos, de excesso de trabalho.
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