Muitas pessoas olham para os actos de vandalismo ocorridos em Espanha, e protagonizados por jovens portugueses, como um confronto de gerações. “No meu tempo não era assim, era tudo melhor”, é algo que se vai ouvindo por aí. Discordo disto a 100%. Porque não analiso estes comportamentos comparando com aqueles que marcaram a minha geração.
É certo que as gerações são diferentes. Sinto isso em relação a esta nova geração. Como aquela que antecede a minha dirá o mesmo da minha geração e por aí fora. Isto é do mais normal que pode haver. Sinto que existem coisas que esta geração perdeu. É algo que lamento. Mas certamente que o mesmo será dito em relação à minha. E isto é apenas parte do assunto. Além de que não deve ser aquilo que tem de ser discutido.
Aquilo com que não posso concordar é que tudo se desculpe com chavões como “é da idade” ou “se não fizerem isto agora quando é que vão fazer” ou ainda “se fossem santos faziam a viagem de finalistas em Fátima”. E não concordo porque o vandalismo não tem excepções de idade. Estão a atirar colchões pela janela? É da idade! Se não for agora quando é que vão fazer. Estão a arrancar candeeiros da parede? É da idade! Se não for agora quando é que vão fazer. Estão a levar a mobília do quarto para os elevadores? É da idade! Se não for agora quando é que vão fazer.
Criticar isto não é confrontar a geração. Não é dizer que são piores ou melhores do que a minha geração. É apenas dizer que são comportamentos que não podem ser considerados normais para a idade. Porque não são! Esta coisa do desculpar tudo com a idade é errado. E nada resolve. Tal como fazer comparações com viagens até Fátima. Seguindo essa linha de raciocínio poderia ser dito para irem acampar para um descampado onde estavam à vontade a fazer as tais coisas que a idade desculpa.
E é isto que tem de ser debatido e analisado. Não é dizer que a minha geração fazia isto ou aquilo. E pessoalmente até já assumi que a minha geração fez coisas piores do que estas. E recordo-me de que quando foi apanhada droga num autocarro existiram castigos para algumas pessoas. Não foi usado o chavão “é da idade” ou “se não fumarem droga agora, quando é que vão fumar”. Tiveram comportamentos inapropriados, foram castigados pelos seus actos. Simples!
Outra coisa que me faz confusão, e que mais uma vez nada tem a ver com confrontos de gerações, são aqueles pais que desculpam aquilo que os filhos fazem e que ainda se são como exemplo, dizendo que também cometem excessos quando saem com os amigos. Quando os exemplos são estes, pouco ou nada pode ser acrescentado às atitudes de um adolescente que provavelmente será sempre desculpado pelos erros que comete.
Por fim, gostaria apenas que as notícias fossem um pouco diferentes. Vamos imaginar que mil jovens espanhóis tinham sido expulsos, acusados de vandalismo, de um hotel português. Será que também se aplicava o cliché “é da idade” ou será que a maioria das pessoas iria considerar que tinham tido comportamentos errados?
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