Volta e meia todas as pessoas – a partir de determinada idade – recebem aqueles convites onde se pretende, por exemplo, juntar a turma do liceu. Este é apenas um dos muitos motivos para jantares de convívio que reúnem pessoas que podem não estar juntas desde o último dia de aulas. Através das redes sociais encontram-se amigos perdidos, marca-se uma data, junta-se o pessoal restaurante barato e com bebidas à discrição. E depois escolhe-se um bar/discoteca onde a festa continua. Em muitos casos até se escolhe o local onde não se vai desde a noite do baile de finalistas (se ainda estiver aberto).
Estes jantares servem para várias coisas. Sendo que o convívio acaba quase sempre relegado para segundo plano. Existem pessoas que estão presentes pela amizade e saudades dos amigos que a vida acabou por distanciar. E isto deveria ser regra universal. Mas depois existem pessoas que gostam de se gabar de algo. A começar pelas carreiras. Há quem esteja presente para deixar claro que é o aluno que construiu uma melhor carreira.
Há também quem goste de se gabar dos filhos. Em quantidade, beleza e inteligência. Para estas pessoas os filhos são sempre os melhores em qualquer coisa. Existem também mulheres que gostam de ir a estes jantares de convívio para mostrar a boa forma física. Ao estilo de “continuo a ser a boazona que era e eles continuam a olhar todos para mim” e as outras são todas umas “gordas”. Existem homens que vão porque acham que ainda são os engatatões dos anos noventa. “Aposto que saio de lá com a não sei quantas que não tive oportunidade de fazer no liceu”, contam a um amigo noites antes do jantar convívio.
Existem pessoas que mentem, existem pessoas que fazem mil e uma coisas. E acaba por se perder o objectivo principal que passa por reunir amigos de longa data e recordar momentos de outros tempos. Aquilo que se desejava, aquilo que se construiu e por aí fora mas sem competições do melhor disto e daquilo. Dentro de todos estes grupos existe um que se destaca e que acaba por ser dos mais engraçados. E refiro-me aos “amarrados que soltam a franga” naquela noite.
Este grupo é composto por pessoas que já casaram há muito. E que por norma gostam de se gabar de coisas que não são reais. Gostam de brincar dizendo que mandam lá em casa. Que saem várias vezes, que isto e aquilo. Quando na realidade são pessoas para quem a relação implicou (independentemente do motivo) um adeus total à vida de solteiro. Ou seja, estas pessoas não saem com o marido/mulher nem com amigos nem com ninguém. Vivem “amarrados”.
Quando saem, algo que acontece quando alguém se lembra de fazer um jantar convívio (o que é raro), é a loucura. Bebem depressa demais. Ficam bêbados quando os restantes ainda estão a dar início ao prato principal. E a noite é sempre a subir... Quando chegam ao bar/discoteca para dar seguimento à festa já estão de camisa aberta e são os primeiros a subir para cima da coluna para dançar. Dizem tudo e mais alguma coisa. Existe a vantagem de não se recordarem de nada no dia seguinte.
Mas não deixa de ser curioso que é no momento em que as pessoas estão mais divertidas – não é o mesmo do que bêbadas – que o convívio fica melhor. Porque nessa altura as pessoas começam a esquecer os personagens que decidiram levar para o jantar com medo de ficar atrás deste ou daquele com quem competiam nos tempos do liceu. Nessa altura tudo é melhor e mais sincero.
Tão verdade!
ResponderEliminarÉ o que acontece.
EliminarE que nao seja cusco. Que nao comente as tuas fragilidades com outras pessoas! Ja me afastei de algumas amigas por causa disso
ResponderEliminarTambém é verdade!
EliminarNunca tive um jantar de colegas de liceu, mas já tive vários de colegas de curso. Nunca houve esse tipo de eventos/comportamentos que descreves. Talvez nos do liceu haja mais lugar a "invenções"...
ResponderEliminarSortuda!
EliminarEstive a pensar na situação e acho que não é uma questão de sorte, mas de circunstância. Com colegas de curso, a enorme maioria está na área (no meu caso, o ensino), pelo que não há grande margem para invenções sobre "que bem me dei na vida" (nenhum professor se dá muito bem na vida!)...
EliminarA não ser que me consideres sortuda por nunca ter tido um jantar de colegas do liceu! ;-)