As últimas horas ficaram marcadas pelo anúncio do Nobel da Literatura que foi atribuído a Bob Dylan. Não acredito que existe uma única pessoa que não tenha ficado surpreendida. Isto não é falar mal do talento literário deste artista que a maioria reconhece da música. Tal como não é passar um atestado de estupidez aos monstros literários que eram apontados como principais candidatos ao galardão. Entre eles o "nosso" António Lobo Antunes, o eterno candidato ao prémio, que era apontado como sétimo na corrida ao maior galardão que um escritor pode receber.
De Lobo Antunes a Bob Dylan todos terão ficado surpreendidos. Acredito que até tenham existido uns reconfortantes "foda-se" pelo meio. No meu facebook pessoal brinquei com a situação, criando um hipotético cenário que levou a academia a escolher Bob Dylan. O mesmo envolve drogas, álcool e boas músicas de Bob Dylan, o que levou a que no momento de escolher um nome todos gritassem "Bob Dylan". Também me ri com o brilhante trabalho de As Minhas Insónias em Carvão que fez uma montagem de uma foto de Quim Barreiros a escrever à máquina e a pensar na eleição do próximo ano. Isto e com muitos outros cenários que estão a ser partilhados nas redes sociais.
Brincar com a eleição levou a que algumas pessoas achassem que era contra a eleição. Mas não sou. Apenas acho que é uma opção surpreendente. Até tendo em conta o historial mais ou menos recente do galardão. Mas também não sou mentiroso. Recuso fazer parte daquele grupo que repentinamente conhece a totalidade da obra literária de Bob Dylan e que defende que esta distinção peca por tardia. É uma espécie de je suis Bob Dylan. Tal como não finjo ser um intelectual literário que conhece toda a obra de todos os escritores que eram apontados como favoritos. Fico-me por um singelo "gosto de Bob Dylan e este prémio surpreende-me".
Acho especial piada a este fenómeno que é comum a tantos momentos como este. Ou seja, nas últimas horas (e só em Portugal) Bob Dylan descobriu que tem pessoas que conhecem toda a sua obra e que há muito desejavam que fosse distinguido com o Nobel da Literatura. Nas últimas horas descobriu-se também que em Portugal afinal toda a gente lê livros, em especial dos favoritos na corrida ao Nobel. Aquilo que há muito se sabia é que todos sabem tudo de tudo com a maior das certezas. Mesmo que, e aqui que ninguém nos ouve, nada saibam.
Ele ganhou pelas letras das músicas e não pelos livros.
ResponderEliminarEm honra ao Homem, aconselho-te a ouvir o album Highway 61Revisited. Mas aviso desde já que vais ficar apaixonado. xD
Eu sei mas agora fica bem dizer-se que se tem livros dele e que se conhece todo o seu trabalho literário que vai além das excelentes letras.
EliminarNão sendo o seu maior fã, no sentido em que não conheço a fundo o seu trabalho, gosto do que tem feito. É claramente um dos maiores nomes de todos os tempos. Vou seguir a tua sugestão :)
Gostei de o ouvir e de algumas letras, algures no tempo.
ResponderEliminarAgora, estava esquecido. Há outros do seu tempo que passam pelas gerações e que não esquecem.
Sinceramente, acho que não merecia o prémio.
O prémio abre uma porta que ninguém esperava.
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