Sou apenas mais um no meio de tantos outros. E refiro-me às pessoas que utilizam o carro diariamente no percurso casa-trabalho-casa. Poderá existir quem pense que se trata de um capricho mas no meu entender não é. Diariamente faço, pelo menos, 80 quilómetros. Se esta viagem podia ser feita com recurso a transportes públicos? Podia! Implicava acordar ainda mais cedo do que aquilo que já acordo. Tinha de deslocar-me até ao terminal dos barcos ou estação do comboio. Em Lisboa teria de apanhar outro comboio. E ainda teria de fazer parte do percurso a pé por não existir um transporte que passe no meu local de trabalho. A isto junta-se a indefinição horária que complica ainda mais a situação.
Se escolhesse esta opção gastaria muitas horas nos transportes com a mesma. Se podia mudar de casa para um local mais perto do trabalho? Também podia. Mas provavelmente a diferença de preço na renda das casas seria superior ao valor que pouparia em combustível. É um facto que ninguém me apontou uma arma à cabeça para andar com o carro diariamente. É uma opção que tomei. E que ponderando factores como tempo ganho e qualidade de vida, entre tantos outros, acredito ser a melhor opção. Mesmo sabendo que essa opção tem um peso significativo no meu orçamento mensal. É a vida que escolhi.
Mas a minha opção, que será certamente partilhada por tantas outras pessoas, não deveria fazer de mim um consumidor de segunda quando o tema a debater é o elevado preço dos combustíveis praticado em Portugal. Agora parece que vão existir preços especiais, em três zonas distintas da fronteira, para o gasóleo. Parece que vai ser um preço igual aquele que se pratica em Espanha, uma decisão prometida pelo Governo e que será uma realidade nos próximos meses. Mas apenas para as transportadoras de mercadorias.
Esta decisão faz de todas as outras pessoas consumidores de segunda. Nada tenho contra as transportadoras e acho justo que tenham um preço mais acessível. Tal como deveriam ter todas as outras pessoas. E não apenas perto da fronteira mas em todos os postos de combustível espalhados por Portugal. O problema não está apenas nos camionistas nem nas zonas de fronteira. O problema afecta todas as pessoas, que tal como eu gastam um valor considerável em combustível por mês, e de todas as zonas. Não são apenas os camionistas que vão a Espanha atestar o depósito.
Infelizmente esta decisão vai apenas “calar” parte dos consumidores. Talvez aqueles que podiam fazer mais barulho e ameaçar com greves. Mas não vai resolver o problema de milhões de pessoas. A solução deveria ser igual para todos e todos ficavam a ganhar. É pena que esse cenário não seja visto por quem de direito.
Temos de ver que esta medida nao é para baixar os preços mas para evitar que dinheiro português seja gasto la fora. E desculpa la, mas so leio desculpas aqui. A unica razão porque vais de carro é porque é mais conveniente. Eu nunca tive carro. E não tenho qualquer dificuldade em deslocar-me de transportes públicos para onde quer que seja. E quando vivia em França tambem trabalhava a 80km de casa. Tinha de apanhar 2 comboios, metro e autocarro. E aproveitava esse tempo para trabalhar ou ler. Foi o que escolheste, certo. Mas o ambiente agradecia se não andasses 160km de carro sozinho todos os dias. E a tua carreira provavelmente também ;)
ResponderEliminarBeijinho
The-not-so-girlygirl.blogspot.com
Não são desculpas. É uma opção. Era isso ou acordar às seis para estar no trabalho às 9h30 e estar em casa perto das 20h ou mais tarde. Não tenho problemas em andar de transportes mas no meu caso não são a melhor solução. E isto é um facto.
EliminarFalas em evitar que o dinheiro seja gasto lá fora e acho que o tema é mesmo esse. Mas se baixarem o preço e se todas as pessoas passarem a abastecer cá não ganham mais dinheiro? Acho que o tema é esse :)
beijos
Infelizmente há, e haverá sempre, portugueses de 2ª e até de 3ª categoria.
ResponderEliminarQuanto aos camionistas e respectivas transportadoras, são das classes com mais poder. Se eles param, é uma questão de tempo (e estamos a falar de muito pouco tempo), e o país para com eles. Por isso esta benesse só para esta classe.
Inês
Lembro-me de estar no Algarve (em trabalho) quando eles pararam. E estive muito tempo na fila da única bomba onde ainda existia gasóleo.
EliminarEstou na mesma situação, são mais de 60 km por dia, teria que apanhar 3 transportes públicos para fazer o trajecto casa-trabalho/trabalho-casa. Mas nem vale a pena discutir com algumas pessoas, de cima do seu bom salário e carrão adoram "mandar" os outros andar de carro. Há gente tão limitada que pensa que toda a gente vive em metrópoles, a 5 minutos do trabalho, e com 5 tipos de opções para além do carro. Ainda que morassem, ninguém tem que se meter e mandar postas de pescada. O que se passa com os nosso combustíveis é uma vergonha, caça ao imposto fácil e ainda para mais tentam ( e conseguem muitas vezes) fazer as pessoas de lorpas, dizendo que é por causa do ambiente....O primeiro carro que tive, foi dado pelo meu pai,e quem motivou esta bela prenda foram os maquinistas. Com tanta greve que fizeram o meu pai fartou-se de pagar o passe e de ter que fazer ainda assim 80 km para me ir buscar. Pegou em mim e comprou-me um carro. Maravilha....
ResponderEliminarÉ um tema muito mais complexo do que parece.
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