Ontem ouvia a Prova Oral, programa da autoria de Fernando Alvim, que pode ser ouvido diariamente na Antena 3, das 19 às 20 horas. A convidada era Luísa Castel-Branco, uma daquelas mulheres de quem é muito fácil gostar. Quer seja pela forma como fala, pelo modo como transmite as suas ideias e também por não ter papas na língua e dizer tudo o que pensa. A determinado momento Luísa falou sobre os filhos e também sobre os netos.
Sem qualquer receio confessou gostar mais dos netos do que gosta dos filhos. Explicou que os sentimentos em relação aos filhos e aos netos podiam ser guardados em prateleiras distintas mas reforçou a ideia de que gosta mais dos netos do que dos filhos. Fernando Alvim perguntou se os filhos sabiam disso. Explicou que sim. Acrescentando que lidam bem com isso e até se socorreu de um famoso ditado popular que diz “quem meu filho beija minha boca adoça”.
Minutos depois ligou um ouvinte que partilhou ter sido criado pelos avós. E também disse ter a certeza de que a avó gostava mais de si do que dos filhos. “Perguntaste-lhe isso?”, questionou Alvim. “É algo que não se pergunta, basta olhar para ela”, explicou o ouvinte. Opinião que foi imediatamente corroborada por Luísa Castel-Branco. E a verdade é que ninguém ligou a mostrar-se chocado com a ideia de um pai gostar mais de um neto do que de um filho.
Quando ouvi a frase pela primeira vez fiquei um pouco espantado com as palavras. “Como é que pais podem gostar mais de netos do que de filhos?”, perguntei. E quanto mais pensava nisto menos espantado ficava. E cheguei à conclusão que isto é capaz de ser um grande elogio para os filhos. Até porque, na maioria dos casos, um neto surge na vida de uma pessoa quando o trabalho com os filhos está bem encaminhado, apesar de nunca estar completo. Quando surge o neto os agora avós têm a oportunidade de reviver aquilo por que já tinham passado numa fase diferente das suas vidas. Sendo que provavelmente estão muito mais disponíveis para os netos do que tiveram oportunidade de estar para os filhos.
Além disto, este amor pelos netos está acompanhado de uma visão que acredito ser maravilhosa para um pai que passa a avô. Ou seja, tem oportunidade de ver o filho a ser pai e a fazer aquilo que aprendeu ao longo dos anos de vida. E acredito que isto é um motivo de orgulho para qualquer pai. Talvez o mais justo seja dizer que o amor em relação aos filhos e aos netos não compete entre si porque é diferente. Mas não fico chocado por ouvir um pai dizer que gosta mais dos netos do que dos filhos.
Os meus Pais passaram a ignorar-nos (a mim e à minha irmã) depois dos netos nascerem. São os primeiros a admitir que depois de terem sido Avós, que só os netos é que lhes importam, nada mais.
ResponderEliminarNem sequer me/nos perguntam como estamos ao telefone, só perguntam pelos netos, se estão bem.
Mimos ;)
A Luísa também disse que pedia à nora fotos do neto e não do marido/filho pois não tinha saudades dele mas do neto :)
EliminarEu gosto de acreditar que não é caso de se gostar mais. É caso de se viver a infância dos netos de forma diferente. Talvez misturado com o sentimento de não se ter o neto só para si, sempre à disposiçãom pois há duas outras pessoas (regra geral) que têm "prioridade" sobre ele.
ResponderEliminarMas ela assumiu mesmo que gostava mais.
EliminarNão é nada de anormal isso acontecer.
ResponderEliminarOs meus pais só têm um neto (o meu G), e a minha mamã diz exactamente o mesmo.
Adora-me, mas o sentimento que ela tem pelo G é qualquer coisa de inigualável.
Nem ela sabe explicar bem.
Os netos são filhos com açucar :)
Não há "responsabilidade", só há mimo, amor, carinho e preocupação.
Gosto muito dessa frase.
EliminarEspero que esteja tudo bem contigo e com o teu filhote :)