Infelizmente, e num acto de uma homem descompensado, 149 pessoas, às quais se junta o tal homem, de nome Andreas Lubitz, morreram num trágico acidente de avião. O co-piloto trancou-se no cockpit do avião que despenhou contra os Alpes franceses. Desde então, surgiram largas centenas ou milhares de notícias sobre o trágico acontecimento. Já se sabe tudo da vida do jovem alemão. São notícias atrás de notícias (algumas nem esse carácter deveriam ter) sobre a morte destas 150 pessoas ou 149 +1 se preferirem.
A minha questão é uma. Quantas pessoas sabem que teve lugar um atentado na universidade de Garissa, situada no leste do Quénia que ceifou a vida a 148 pessoas, a maioria delas estudantes. E que foram igualmente vítimas de um acto tresloucado de quatro pessoas que massacraram quase uma centena e meia de inocentes. Acto esse que já foi reivindicado pelo grupo islâmico somali shebab.
Porque será que existem tantas e tantas notícias sobre o acidente em França e quase que se parece ignorar aquilo que aconteceu no Quénia? Porque será que se tentou perceber se o primeiro era um acto terrorista e se ignora que o segundo é? Será que 150 (ou 149 + 1) é assim tão diferente de 148? Ou será que só nos importa a realidade que eventualmente nos poderá bater à porta? Será também que aquilo que aconteceu no Quénia é numa realidade tão distante de nós que mais vale fechar os olhos e fingir que não aconteceu?
(Peço desculpa pela brutalidade da imagem mas acho que aqueles inocentes merecem mais do que aquilo que lhes estão a dar. E tal como as vítimas do avião também não devem ser esquecidas) #jesuiskenya
Entre um alemão e uma queniano este mundo só se interessa pelo alemão... É muito triste ser assim, mas infelizmente é esta a realidade! Paz a essas almas!
ResponderEliminarExistem realidade aparentemente mais importantes, mesmo que sejam iguais.
EliminarAcho que tanto uma como a outra deveriam ter tido o mesmo impacto.. enquanto que agora os jornalistas já andam a servir de revista cor de rosa sobre a vida do co piloto deviam de reparar que existem atos de terrorismo horrendo em todo o mundo..
ResponderEliminarExistem notícias que se varrem para debaixo do tapete. A do Quénia é uma delas.
EliminarInfelizmente para a sociedade ocidental a vida de um queniano não vale tanto como a vida de um francês ou de um alemão. Muita gente quer ignorar que antes de tudo somos humanos, que é mais importante a nacionalidade do que o valor de que cada vida humana tem. Todas as vidas são importantes, mas até na morte as sociedades conseguem ser preconceituosas.
ResponderEliminarNão sei se lhe devemos chamar preconceito mas é algo que dá que pensar e que dava pano para mangas.
EliminarSerão necessárias mais provas da bondade do mundo em que vivemos? Há pessoas de primeira, 2.ª, 3.ª e depois há os outros, qualquer outra coisa (?!) que não merece um segundo sequer de tempo de antena, uma linha de um qualquer jornal, nada. Tudo isso seria um desperdício, segundo os "senhores" que tratam destas coisas do mundo.
ResponderEliminarUma lástima, mais do que isso, uma vergonha.
Obrigada pela pedrada no charco.
A foto que aqui partilho é muito dura mas poucas pessoas devem saber que existe (e existem outras igualmente chocantes). Se houvesse algo semelhante do acidente do avião, toda a gente a partilhava nas redes sociais. É uma triste realidade.
EliminarConcordo com tudo o que dizes, mas não gosto do discurso que adoptaste... Sou contra o "Ah falaram deste, porque não falam daquele?"....
ResponderEliminarEssa é a maneira mais simples de resumir o texto. Mas a minha pergunta não é assim tão simples. É perceber os motivos pelos quais todos parecemos ser familiares dos ocupantes do avião ao mesmo tempo que parecemos viver num planeta diferente dos quenianos.
Eliminar"(...) só nos importa a realidade que eventualmente nos poderá bater à porta" tens aí a tua resposta. Uma conclusão e resposta triste, que faz de nós (e aqui me incluo, cabisbaixa) uns seres com muita pouca humanidade.
ResponderEliminarO Quénia fica lá ao longe onde os problemas não nos afectam. E esperamos que de lá nada venha, nem doenças. É triste.
EliminarEstá coberto de razão. O caso do co-piloto tresloucado, é bem o estilo que as nossas televisões gostam de repetir milhentas vezes ao dia, e durante vários dias, mesmo que não traga nada de novo e o povo gosta de ouvir também repetidamente como se fosse a primeira, até que apareça outro que lhe roube o protagonismo. Casos como o do Quénia, pelos vistos não são do interesse dos canais informativos, é preferível gastar tempo de antena com não notícias sobre o calor ou o frio e outras igualmente" interessantes".
ResponderEliminarPrefiro ser tratado por tu, pode ser Ana?
EliminarNeste sentido valorizo, porque tem de ser valorizado, o trabalho de canais noticiosos como a CNN, que trata as notícias por igual, independentemente do local de origem.
Claro, eu estava a referir-me ás nossa televisões, que até falaram do Quénia, mas não tem nada a ver com o modo como abordam outros casos.
EliminarTambém prefiro por tu, faltou o "s".
Até no online existem poucas notícias do Quénia. É pena.
EliminarConcordo contigo quanto à importância tão abismal que se dá a cada um dos atentados.
ResponderEliminarPergunto ainda se será que a gravidade destes actos barbáries são avaliados consoante o local onde acontecem?!
Tanto o atentado de França, como o do Quénia pode bater-nos à porta. Aliás, acho que este último pode mais facilmente acontecer, tendo em conta o fanatismo cego dos fundamentalistas islâmicos. Para estes, qualquer lugar do mundo é bom para cumprir os seus intentos. Qualquer lugar do mundo, segundo eles, está repleto de gente "impura" e "indigna" que é necessário abater.
Estes casos tocam-se no momento em que muitos quiseram, à força, arranjar uma ligação entre o co-piloto e um qualquer grupo radical. No caso do Quénia, isso foi assumido por quem orgulhosamente diz ter organizado aquele atentado.
EliminarIrei espreitar ;)
ResponderEliminarOlá!
ResponderEliminarO que se passou no Quénia, foi no Quénia... Enquanto o terrorismo não nos tocar à porta, vamos dar sempre prioridade àquilo que se passa à nossa volta!
Não deveria ser assim porque o terrorismo islâmico está a tomar proporções devastadoras, e do Quénia até à Europa vai só um passinho!
Beijos
Quénia? Isso é onde? É longe não é?
EliminarBeijos
Belo texto.
ResponderEliminarPartilho da mesma opinião
Obrigado pelas palavras.
EliminarSendo o que dizes verdade, acho que omitiste um detalhe que é determinante na resposta: os estudantes mortos eram, na sua mairia, cristãos. E foram mortos por terroristas islâmicos, por causa da sua religião.
ResponderEliminarJá os jornalistas do Charlie, eram ateus, e reservavam-se o direito de gozar com tudo e todos (em particular, as religiões).
O que acontece, é que os europeus se revêm muito mais nestes segundos do que nos primeiros: "Enquanto europeu, eu posso dizer mal dos meus políticos e das religiões dos analfabetos; como nunca vou professar uma fé, nunca serei morto devido à mesma". E daí que se tenha "religiosado" a liberdade de expressão, de repente éramos todos dessa nova religião, éramos todos Charlie. Mas das antigas? Quem no seu perfeito juízo é cristão hoje em dia? Quem é que quereria seguir Cristo? E ainda por cima no Médio Oriente...porque é que os Sirios não se convertem apenas? E os Somalis, e os Quenianos, e os Iraquianos e ainda os Chineses? Assim olha, têm as casas marcadas para os assassinarem, as escolas invadidas, as filhas raptadas. E a imprensa e a população? Não lhes interessa muito, porque nunca seriam eles nessa posição.
Think about it...
Eu estava a falar de França mas do avião e não do caso Charlie.
EliminarNo caso do avião tentaram ver se o piloto estava ligado a alguma organização terrorista. No caso do Quénia, isso é evidente.
Este comentário é muito ignorante. Após séculos de exploração ds colónias, escravizar povos inteiros, destruir culturas, reprimir povos, estabelecer pessoas de primeira e pessoas de segunda vens agora falar de o essencial é ser cristão? Isto é risível e insultuoso e é a razão pela qual tu estás errada e maior parte das pessoas estão erradas. É até macabro.
EliminarDepois de termos deixado as colónias ( e vamos entender que as colónias extendiam-se até ao Médio Oriente e não só em África+Brasil+Uns sítios na Índia como no caso português) subdesenvolvidas e mirradas num sentimento nacionalista (muitas vezes aliado a extremismo religioso) vimos agora enquanto cristãos chorar porque nós somos tão justos e eles são tão maus. E nós fomos bons? Com isso não te importas.
Eu tinha escrito um comentário para este post (que infelizmente se perdeu quando tive de fazer log in e depois não em apeteceu escrever tudo outra vez) acerca do importante no mediatismo de determinados casos não serem as circunstâncias mas sim as consequências. Essa é a verdade, por isso é que o caro Homem publicou cinco posts sobre o Charlie Hebdo, porque para ele enquanto jornalista e vendo a questão pela lente errada de ter sido um ataque à liberdade de expressão sentiu-se mais afectado. É normal. Tal como se calhar alguém que ande de avião todos os dias se sente mais afectado. Ou quem vá mandar filhos de férias como no caso de muitos pais do avião GermanWings sentirá receio. É normal. Mas se as consequências imediatas são estas as circunstâncias não seguem necessariamente a mesma ordem de relevância. Por exemplo, porquê o redemoinho de preocupação acerca de pilotos suicidas em que está tudo já a falar de mudar a regulação, quando entre 2001 e 2011 houveram 12 acidentes aéreos motivados por perda de controlo (perda de controlo por falha em perceber o que se passa em determinado momento levando à perda da aeronave apesar da mesma estar em perfeitas condições de voar. Ver AF447)? É uma questão mais frequente e ninguém parece querer saber desta questão que já provocou mais mortes do que suicídios.
Parte II
EliminarVoltando à resposta acerca de cristianismo e porque é que é errada. Em primeiro lugar a ignorãncia mostra-se quando diz que o Charlie Hebdo gozava com todas as religiões. Procura por Siné Charlie Hebdo e informa-te melhor.
Segundo, eu sou cristão, católico, e não tenho medo nenhum de dizer isso seja onde for, posto isto, porque é que isso me havia de impedir de criticar os meus políticos ou as religiões. Eu acho que o Papa Francisco é um papa inútil, letárgico e com demasiadas palavras inócuas, opinião para a qual posso providenciar argumentos se quiseres. Não posso? Por ser católico, não posso dizer isto?
Porque é que os sírios não se convertem apenas? Sei lá, mas talvez porque o país está em ruínas após as revoltas incentivadas pelo poder ocidental. O país está em ruínas. Antes disso? Tal como já disse antes o poder ocidental, intimamente ligado ao clero até às revoluções liberais, que nunca se fizeram sentir nas colónias, dominou a seu bel'prazer esses países. Porque é que nós expulsamos os mouros e fundamos Portugal? Nacionalismo que cresce sempre que uma nação é oprimida. É difícil entender porque é que o islamismo se tornou predominante no Médio Oriente? O teu comentário ignora também a condição tribal desses países onde para manter a unidade do país apenas um ditador serve. Sendo que nos dá jeito ter estabilidade nesses países por causa do petróleo mantêm-se ditadores. Instalamos um no Egipto há pouco tempo. Deixamos estar o clã Al-Assad em paz muito tempo, deixamos estart o Kaddafi muito tempo, temos a Arábia Saudita que é dos países mais horríveis em termos de direitos humanos com uma ditadura. Porque não te perguntas antes porque é que os nossos poderes ocidentais não se preocupam com isso quando esse tipo de acção e manutenção de ditadores no poder é que perpetua a injustiça e fomenta a radicalização?
Só nos preocupamos com as consequências e nunca com as circunstâncias que explica maior parte dos eventos e que poderiam ajudar a ter um melhor entendimento dos outros e de nós próprios. Depois choramos porque o mundo está perdido como isso não fosse também culpa nossa.
João,
EliminarOs teus comentários davam pano para mangas. Vou falar da parte que me toca. Como dizes e bem, o caso Charlie Hebdo tocou-me de perto. Porque sou jornalista. E porque uma pessoa já ameaçou vir ao meu local de trabalho com uma metralhadora. Como referi na altura, ri-me com a ameaça, quando aconteceu o que aconteceu em França, pensei e se chega o dia em que não é brincadeira? Recordei-me também dos colegas que já foram ameaçados e agredidos. Foi por isso que aquele caso me tocou mais. Mas enquanto autor deste blogue. E só isso.
Enquanto jornalista critico que se dê demasiada atenção a pequenos detalhes que não são notícia e que se ignorem realidades chocantes como a que teve lugar no Quénia. E que apesar de ser distante é próxima o suficiente para que as pessoas abram os olhos em relação a muitas coisas.
Não defendo que se dê destaque a tudo e mais alguma coisa mas trata-se de um terrível atentado terrorista.
Caro Homem,
EliminarEu percebo perfeitamente que o caso do Charlie te tenha afectado é normal. Não posso deixar de pensar que, mais uma vez, as motivações dos terroristas foram deturpadas por forma a ninguém ver a realidade por detrás das motivações, mas isso são outros quinhentos e uma coisa não implica realmente a outra.
Só não gosto é da visão que muita gente apresenta de civilizações superiores e inferiores como se não vivêssemos todos no mesmo planeta e o nosso passado, presente e futuro não estivessem profundamente interligados.
Eu também não defende que se dê destaque a tudo, mas acho que quando se dão notícias devem dar-se as notícias inteiras, já que em Portugal temos três canais de notícias no cabo e jornais de hora e meia nos generalistas teríamos tempo e mais que tempo para dar um "background" apropriado a cada notícia o que não acontece.
Parece mesmo que o Quénia, e este é apenas um exemplo, é noutro planeta distante. E tens razão no tratamento da informação. Toda a razão.
EliminarJoão,
ResponderEliminarNão percebi onde te ofendi para reagires com longos testamentos e semi-insultos. Desculpa anyway.
Só queria esclarecer que eu não disse que "o essencial é ser cristão", disse que as pessoas não se identificavam tanto com o ataque por ele ter acontecido devido a essa razão. Não estava a fazer nenhum juízo de valor sobre nenhuma religião em particular, como a maioria das pessoas acho que deveria existir liberdade para se praticar qualquer uma - seja a católica, a muçulmana ou a ateia.
Último comentário, fui pesquisar Siné e o que encontrei provou o meu ponto - eles sempre criticaram tudo e todos à vontade, religiões em particular, apenas quando o fizeram com a judaica foram repudiados pelos poderosos e o director decidiu despedir o jornalista (conhecia o episodio, não o nome do Sr.) Mas isso não impediu o que já estava feito.
E atenção: eu acho na teoria que eles DEVIAM poder gozar com todas as religiões e pessoas. E que isso não legitima nem um bocadinho qualquer coisa que lhes façam - influências judaicas inclusive.
Eu só tentei dar uma hipótese de resposta à diferença entre 149 + 1 e 148, só que entretanto troquei o avião pelo Charlie -.-' (juro que nunca tinha feito este smile)
Mas a génese manter-se-ia: como "agente" andamos de avião, a probabilidade de entrarmos num avião que vai abaixo (seja por loucura, maldade ou distracção) é muito maior do que por professarmos uma fé nos venham dar uma tareia. Percebes o meu ponto? Atenção mediática correlacionada com possibilidade de ocorrência. Na minha opinião.
Bem-hajam.
O comentário não é para mim mas obrigado pelo esclarecimento.
EliminarInfelizmente tens toda a razão, situações destas acontecem quase todos os dias, as pessoas é que estão demasiado focadas em si e no seu umbigo, que nem querem saber...
ResponderEliminarE somos selectivos nas informações que divulgamos.
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