22.1.15

gorjeta: dar ou não?

Faço parte do grupo de pessoas que tem por hábito dar uma gratificação após um bom serviço. Sendo que, no meu caso, é normal isto acontecer sobretudo em restaurantes. Gorjetas noutros cenários é algo que acontece em situações pontuais. E que acabam por ser situações que também envolvem atendimento ao público. Por exemplo, se for comprar uns ténis e se for bem atendido, pago apenas o valor dos ténis. Não pago mais do que isso. Tal como não dou gratificação se for comprar roupa. E acredito que isto acontece com a maior parte das pessoas.

Acho que o acto de dar gorjeta a um funcionário passou a ser algo que é visto como uma obrigação (em alguns países é mesmo) e como uma falta de respeito quando não acontece, sobretudo nos restaurantes. Há quem defenda que a gorjeta não passa de um suborno. Existem aqueles que acreditam que é uma forma dos patrões pagarem ordenados mais baixos usando como argumento que o valor recebido mensalmente irá subir com as gratificações. E existem os funcionários que acreditam que um melhor serviço irá gerar uma melhor gorjeta. Uma coisa em certa, é algo que pode ser embaraçoso para alguns clientes no momento de pagar a conta.

Existem estudos curiosos sobre as gorjetas. Um estudo, elaborado por uma universidade norte-americana, revelou que o motivo que leva um cliente a dar uma gratificação é aleatório. Não existe nenhuma relação. E existe apenas uma diferença de 1% entre os clientes que assumem dar gorjeta porque tiveram um bom atendimento e aqueles que não gostaram do serviço. A título de curiosidade, nos Estados Unidos da América a gorjeta oscila entre os 15 e 20%. É também popular a pré-gorjeta que garante uma boa mesa e aparentemente compra um bom serviço. No Reino Unido ronda os 10%. Em Itália existe o Coperto – a soma de um valor a pagar de acordo com o número de lugares e o pão distribuído como entrada – que faz com que o cliente não tenha de dar mais nenhuma gratificação. Tal como aqui, também em Espanha não existem valores atribuídos. Em França é praticamente imprescindível. E existem ainda países onde nem sempre são aceites.

Acredito que se pega na cultura de certos países para transformar a gorjeta numa obrigação ou num dever moral que, quando não acontece, faz do cliente um mau cliente e um parvalhão. O meu barómetro de gratificações está ligado à qualidade do serviço prestado. É isso que me leva a decidir se dou ou não. Mas assumo que em muitos cenários, tal como na roupa, não dou gorjeta, por melhor que seja o atendimento. Aliás, trabalhei durante algum tempo em lojas de desporto e de roupa onde lidei com clientes que ficaram extremamente satisfeitos com o atendimento mas nunca me deram uma gratificação. Nem esperei que dessem. O obrigado era mais do que suficiente. Por isso, gorjeta: dar ou não?

28 comentários:

  1. Eu sou reaccionária e... depende!
    Se no restaurante fui bem atendida (serviço) ou até no táxi: dou gorjeta sim (mas não muita que a vida custa muito a ganhar).
    Nas lojas nunca me lembro de ter dado. Nos cabeleireiros, por exemplo, também não dou.

    Mas, quando sou mal atendida não deixo gorjeta nenhuma. Faço questão disso.

    Não concordo com o facto de, noutros países, já vir incluída, independentemente do bom ou mau serviço... mas enfim, nesses locais tens de seguir as regras (mesmo não concordando).

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    1. Mas a lógica não deveria ser a mesma? Não nos foi prestado um bom serviço? Tem piada tudo o que envolve este tema.

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  2. E cultural. Crescemos em Portugal habituados a dar gorjeta por bom serviço mas n o damos noutro lado pq nunca o vimos. Já dei em táxis se acho q o serviço foi bom. Numa loja as vezes temos a oportunidade de fazer review online e referenciar o empregado.
    Eu dou gorjeta em restaurantes se e só se o serviço for bom senão n dou.

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    1. Acho que o teu comportamento acaba por ser o mais visto. Enquadro-me nele.

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  3. Trabalhando eu na área da saúde e na área da restauração, as gorjetas são frequentes. Mais na restauração, que tem dias em que são uma pequena " fortuna" e que somadas ao fim do mês quase que dão outro ordenado! Tenho por hábito deixar quase sempre gorjeta em restauração, tal como dizes quando o serviço é bom! Para quem trabalha nessa área ( falando pela minha experiência, que já lá vão uns aninhos) quando atendemos bem não é nunca a contar com a tal gratificação, mas se ela vem é bem vinda. No local onde trabalho, por norma está só uma única pessoa a atendar as mesas que são algumas, e quase sempre rodam por diversas vezes ( sim nesse restaurante não há crise) e no meio do movimento não se consegue fazer tudo, há sempre uma coca-cola esquecida de levar para a mesa, a demora da entrega da conta, ou até mesmo dos cafés acontece, e nesses dias de loucura ( quase sempre) uma das minhas palavras mais frequentes para com os clientes é Desculpe pela demora, desculpe esqueci-me completamente, desculpe venho já cá, peço desculpa por alguma coisa que não tenha corrido da melhor maneira, e apercebo-me que as gorjetas que deixam é mesmo a valorizar o meu/ nosso trabalho. Dou-te um exemplo de um Sr. que tinha um problema grave na garganta e que só conseguia comer tudo passado e quase liquido, pediu-me um peixinho que até era fácil de desfiar e poderia tentar comer e eu com o meu bom coração fui-lhe triturar todos os acompanhamentos do peixe e fiz um puré quase de sopa, quando lhe levei o prato com o peixe e o tal puré os olhos do senhor sorriram, e diz-me ele: " Nunca ninguém me tinha feito isso, agradeço-lhe do fundo do coração!!" e antes de ir embora chegou-se ao pé mim e deixou-me uma gratificação, mas mais importante e que isso foi o sorriso que ele me deu, e as palavras de agradecido!! Isso é muito mais importante que qualquer gorjeta, porque na restauração há muita BESTA quer a atender quer a ser atendido!! Costumo dizer que TODA a gente devia de uma vez na vida trabalhar nessa área só para valorizarem mais um bocadinho o nosso trabalho!!

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    1. Já trabalhei em diversos serviços com atendimento e nunca gostei de pessoas que viam em mim um escravo, como por exemplo acontecia numa loja de materiais de construção. Mas também nunca fiz nada a pensar em gratificações. Sempre fiz aquilo que achava correcto e aquilo que gosto que me façam quando sou cliente. Por isso enalteço a tua postura e condeno aquela dos funcionários que só se preocupam com aqueles que aparentemente vão dar uma boa gorjeta.

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    2. Sabe bem a gratificação, mas o que faço não é por ela!!! :)
      Convido-te a vires cá um dia experimentar, sem te identificares e depois logo vês o atendimento da casa :) 5* ( até às vezes no atraso da coca-cola para a mesa)

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  4. Não sou adepta da gorjeta e não tenho por hábito dá-la. Pago os serviços que consumo e quem paga aos bons funcionários (em teoria) deveriam ser os seus chefes e as empresas que se deveriam interessar por ter excelentes recursos humanos e dar-lhes bónus e incentivos: são as pessoas que fazem o negócio.

    Não quer dizer que não o faça muito de vez em quando, ou que não aceite com naturalidade quem gosta de dar gorjeta por hábito, mas quando me vêm dizer que não dar gorjeta é falta de educação....enfim, a minha opinião completa aqui: http://daspalavras.blogs.sapo.pt/sobre-a-falta-de-educacao-e-as-gorjetas-23855

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    1. Concordo a 100%. Se eu estou a pagar para ser servida, porque é que ainda tenho que pagar mais? Isso nunca fez sentido para mim.

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    2. Essa é uma teoria que ouço muito. Não devemos ser nós a premiar um bom empregado mas sim o seu patrão que tem um funcionário de qualidade.

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    3. E qual o Patrão que hoje em dia faz isso??? Tenho vários e prémios que é bom nada!! Ahh espera se calhar até nem trabalho nada com jeito, deve ser isso!!!

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    4. Nunca dou. Se vou a um restaurante é um dever do funcionário atender-me bem. É para isso que recebe um salário no final do mês. Tal como é meu dever, no meu trabalho, desempenhá-lo com eficiência e não sou mais bem paga por isso.
      Almoço fora todos os dias, se fosse a deixar gorjeta diariamente nem 50€ me chegavam para isso por mês. No way. E acho que ninguém tem que se sentir ofendido por isso que a vida não está fácil para ninguém.

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    5. É uma teoria com lógica mas que não impera junto dos patrões no momento de compensar os funcionários por uma prestação exemplar.

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    6. Vivemos em Portugal, não nos podemos comparar com os padrões do resto da Europa e do mundo onde os salários são o triplo ou o quádruplo dos nossos. Se o empregado de mesa ganha pouco, também eu sofri imensos cortes no meu salário e não tenho quem me dê gorjetas e ninguém se compadece com as minhas dificuldades. Minhas e de mais de metade deste país em que agem para "parecer bem". Enquanto não tivermos um nível salarial equivalente aos dos outros países não podemos adoptar alguns dos seus hábitos, como é o caso das gorjetas.

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    7. São pontos de vista lógicos e pertinentes.

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  5. Já tinha comentado num blog sobre este assunto.
    Dou nos restaurantes conforme o atendimento e no cabeleireiro à funcionária que me corta o cabelo e/ou se arranjo as unhas, à manicure.
    Em tempos, dava e quase todo o lado: funcionárias dos consultórios médicos, esteticistas, café, enfim,um sem número de lugares.
    Deixei de dar quando percebi que estava a ter muitos cortes no vencimento e se essas pessoas estavam a prestar um serviço do qual recebem um vencimento, então não tinha de lhes encher a carteira com as boas gorjetas que dava (é verdade, eu dava boas gorjetas).
    Então, como disse, só nos restaurantes e se por acaso estou em grupo e acho que a gorjeta é pouca para o serviço que tivemos, sou a primeira, e ás vezes a única, que deixa mais uns trocos.
    Nos EUA é obrigatório em certos restaurantes, sim.
    Estive lá há 8 anos, em NY, e penso que pagamos 10% do valor da jantar.
    Beijinho

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    1. O pior é que se começa a olhar de lado para quem não dá gorjeta.

      Beijos

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  6. Em África as coisas passam-se de outra maneira: em Angola não consegues fazer nada sem dar "gasosa"... Nos serviços estatais (desde as finanças ao serviço de estrangeiros), com a polícia, enfim, para resolver qualquer questão: GASOSA! Até para que se perca menos tempo, muitas vezes mais vale dar logo gasosa e é seguir viagem.
    Nos restaurantes obviamente que todos esperam receber gorjeta e nos cabeleireiros também.
    No entanto, se fores por exemplo ao Botswana, é melhor nem pensares em dares "GASOSA". Gorjeta sim, é normal nos lodges (onde se podem fazer dos melhores safaris do mundo...), nos hotéis, na restauração em geral, mas nem pensar em subornar alguém, que o tiro pode sair pela culatra.
    No hemisfério Norte, e tanto na América como na Europa, sou a favor de dar gorjetas de acordo com o serviço (se bem quer em alguns países vem mencionada na conta, e por muito mau que seja o serviço não se pode "retirar" aquela gorjeta) tanto na restauração, como na hotelaria, táxis, cabeleireiros, spas... Nos serviços em que não é habitual dar gorjetas o que costumo fazer é oferecer uma prenda, quando a pessoa já me presta esse serviço há bastante tempo e considero que o mesmo é excepcional. Há pessoas que pela simpatia e pelo profissionalismo demonstrado não só me deixam muito contente com os serviços que me prestam mas também fazem com que o meu dia a dia seja melhor, pelo que com toda a certeza merecem um mimo que lhes demonstre o apreço e a consideração que lhes tenho.

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    1. A famosa gasosa. Obrigado pelo teu testemunho e gosto dessa maneira de ser e de reconhecer algo.

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  7. Olá :)
    A última gorjeta que dei, foi há pouco tempo, quando vieram fazer a entrega de uma nova máquina de lavar. Gosto de dar gorjetas neste tipo de situações. Nem sempre, mas quando sinto que quem vem cá a casa prestar um serviço foi eficiente e simpático, faço questão. E quando o assunto é chato, tal como andar a carregar um electrodoméstico pesado, fazemos questão de dar uma boa gorjeta. Ou quando vêm entregar uma pizza, ou ainda aos senhores da assistência técnica.
    Nos restaurantes depende do atendimento. No cabeleireiro, já perdi um pouco esse hábito. Depende, se me der a vontade, se achar que devo, ou melhor dizendo, se achar que quero, porque acho que não se deve olhar para as gorjetas como obrigação. Se a entidade empregadora não paga o suficiente, é um problema que tem que ser resolvido com esta, não há obrigatoriedade de encarar a gorjeta como mais uma taxa sobre o consumo.
    Gosto de pensar que, quando dou, é como um "miminho", um agradecimento, uma forma tangível de reconhecer um bom serviço. Também já trabalhei no atendimento ao público, em vários contextos e, se a gorjeta é realmente algo agradável, nunca substituirá o valor da boa educação, um sorriso sincero e um agradecimento por parte do cliente.

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    1. Percebo-te e funciono como tu mas estamos a dar uma gorjeta por um trabalho que alguém é pago para fazer bem. Em muitos casos as gorjetas levam os patrões a pagar menos usando como desculpa esse argumento. Alguém irá pagar o que ele não quer pagar.

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  8. Só não suporto que pessoas achem que é obrigação do funcionário 'aturar' o cliente... ou ser escrevo... ou coisas do género. Sou muito profissional mas acho que não podem esperar muito se quando se diz 'bom dia' nem respondem. Educação é boa para os dois lados. Podia enumerar 'N' situações, mas muitas vezes fico a pensar que esses clientes não fazem ideia de como é estar deste lado (infelizmente começo a constatar que os outros lojistas são os piores clientes. E isso então deixa-me fora de mim). Mas é o que penso em relação a quase tudo... não custa nada agradecer quando nos deixam passar no trânsito, um bom dia quando seguram a porta do elevador, uma palavra quando avisamos que a pessoa deixou cair alguma coisa... bem sei que já estou a fugir ao tema. Boa educação e simpatia sabem tão bem como uma gorjeta!

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  9. Apenas dou gorjeta em entregas ao domicílio e em restaurantes, regra geral, e isto se o serviço for bem efectuado. Mas por exemplo, se eu for cliente habitual de determinado estabelecimento (café, padaria, etc), às vezes deixo o troco, ou, como costumo dizer "deixe ficar assim" - tipo quando dou uma nota de 5€ para pagar uma despesa de 4.60€, por exemplo.

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  10. A gorjeta é lamentável e humilhante, tanto para quem a dá como para quem a recebe. Cheira a suborno, a esmola, a qualquer coisa de pouco asseado. E se dá uma vez, tem de se dar para sempre...

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