Com apenas 23 anos, Matheus Nunes é uma das grandes surpresas do Sporting de Rúben Amorim. Até porque estou a falar de um jogador que em 2018 estava no modesto Ericeirense. Seguiu-se o Estoril antes do salto para os “leões”, numa escalada muito rápida. Mas a verdade é que tudo isto poderia não ter acontecido na vida de Matheus Nunes. Algo que o próprio revelou a Guilherme Geirinhas no podcast ADN de Leão.
“Passei muitas dificuldades na vida, nem tinha comida para comer”, conta, recordando os tempos em que vivia na favela Palmeira, no Rio de Janeiro, Brasil. “A minha mãe, ainda hoje, diz que não sabe como nunca virei ladrão ou traficante de droga”, acrescenta. Explicando ainda que ter crescido sem pai fez com que tivesse uma maior responsabilidade. “Fui habituado a ter responsabilidade. Cresci sem pai. A minha mãe fez de mãe e de pai. Sempre cresci com um certo tipo de responsabilidade, porque fiquei como figura masculina em casa quando o meu irmão mais velho saiu de casa”, refere.
“Nem tinha comida para comer”
Durante a conversa houve ainda tempo para recordar a conquista do título pelo Sporting, colocando assim um ponto final num jejum que se arrastava há 19 anos. “O momento mais emocionante não foi quando o árbitro apitou, não foi quando fizemos o golo, foi quando passado dez minutos de o acabar olhei lá para cima e vi a minha mãe”, recorda. “Foi indescritível, começou a passar o filme todo na minha cabeça, quando era pequenino, as dificuldades que passei antes de conhecer o meu padrasto. Não tinha comida para comer, chegava a casa com a sola do pé toda preta, a minha mãe gritava: ‘não toques no sofá’. Primeiro tens de acreditar nos teus sonhos e depois é teres as pessoas certas na hora certa”, prossegue.
Sem preferência a nível de selecções
Matheus Nunes destaca ainda o papel do padrasto na sua carreira. “Se não houvesse o meu padrasto nunca tinha vindo para Portugal. Se não tivesse vindo nunca teria conhecido o meu padrinho, não teria tido as oportunidades que tive. É acreditares, rodeares-te das pessoas certas e teres talento”, defende. Por fim, o médio assume não ter preferência entre a selecção brasileira ou portuguesa. “Não escolho, a que me chamar vou. Se me chamarem para a formação, depois ainda posso mudar. Ainda não chegou o documento. Num Portugal-Brasil ao intervalo troco de T-shirt", conclui sorridente.
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