23.3.15

anorexia e a rigidez do imc

Neste texto falei sobre uma medida que querem implantar em França. De forma resumida, querem banir das passerelles as manequins que tenham um índice de massa corporal (IMC) que não seja considerado saudável. De acordo com a tabela do IMC (que ao contrário do que muitas pessoas dizem não foi feita mas adoptada pela Organização Mundial de Saúde) uma pessoa saudável tem um IMC entre os 18,5 e os 25. Dei o exemplo de três manequins – três anjos da Victoria´s Secret – que aos olhos desta tabela são subnutridas (duas) e subnutrida severa (uma). Aos meus olhos, parecem mulheres saudáveis mas como não as conheço pessoalmente dei ainda o exemplo da minha mulher que, de acordo com aquela tabela é uma subnutrida severa. Em relação às outras, nada sei. Em relação à minha mulher, é uma pessoa alta, magra, com um corpo lindo e saudável. É ainda uma pessoa que come tudo o que lhe apetece. 

Esta forma de pensar gerou diversos comentários. Defenderam que passei um atestado de estupidez à OMS apenas porque defendi que o IMC é limitativo. Uma pessoa, que não conhece a minha mulher pessoalmente, disse que era mentiroso pois a minha mulher não pode ser saudável com 1,80 m e 54 kgs. Por outro lado, algumas pessoas contaram o que se passa consigo e a forma como olham para si por serem pessoas magras.

Nada tenho contra a tabela do IMC. Mas, aos meus olhos, será sempre uma tabela indicativa e limitativa. Trata-se de uma fórmula matemática que relaciona altura e peso. Não mais do que isso. E as pessoas não são todas iguais. O peso de ossos poderá ser diferente. Tal como poderá ser diferente a massa gorda e a massa magra. Ou será que duas pessoas com o mesmo peso e altura têm obrigatoriamente a mesma gordura e músculo? Uma grande parte de pessoas musculadas é vista como obesa se olharem apenas para o seu IMC. Como referi, nada tenho contra esta tabela. Mas recuso-me a olhar para ela como a resposta universal para a minha saúde ou excesso de peso. Acho fundamental que sejam tidos em conta outros factores como massa gorda, magra e óssea.

Quando dei o exemplo da minha mulher foi para demonstrar que é possível ser saudável quando o IMC diz que não. Dizer que a minha mulher (1,80m e 54 kgs) é saudável não significa que todas as mulheres com a sua altura e peso sejam. Tal como aquelas que não são não fazem da minha mulher uma pessoa menos saudável. E posso ainda dar o meu exemplo. De acordo com o meu IMC estou a "tocar" na linha que separa o ser saudável do excesso de peso. Mas tenho uma percentagem de massa gorda baixa.

As pessoas são diferentes. Os corpos são diferentes. As alimentações são diferentes. Os estilos de vida são diferentes. E nada disto é tido em conta numa equação que envolve apenas peso e altura. E por isso que recuso a recorrer apenas a essa conta para saber se uma pessoa é saudável ou não. Procuro análises mais detalhadas que melhor expliquem se sou obeso, magro ou se tenho um peso saudável para o meu corpo.

17 comentários:

  1. O IMC é apenas um guia...

    No caso da tua mulher, não lhe fazia mal pesar um pouco mais, apenas porque é alta. Também é preciso perceber se a alimentação dela é rica em ingredientes essenciais ou se comete alguns pecados. Depois seria necessário saber se é magra por questões genéticas ou se é magra porque não tem uma alimentação equilibrada. Mas ela também pode ganhar massa muscular e, consequentemente, engordar um pouco mais para o peso e a altura estarem equilibrados (aqui é a minha opinião pessoal).

    Por alguma razão o IMC foi criado, as pessoas não se devem é esquecer de que antes de criticarmos o peso de alguém devemos entender todo o historial que se encontra por detrás. Muitas vezes as pessoas são magras porque sim e pronto.

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    1. É simples fazer uma análise ponderada não é?

      O IMC existe. Não deve ser ignorado mas é necessário ter em conta que envolve apenas dois valores que nada sabem das pessoas. Por isso é que tem limitações.

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  2. O IMC é apenas indicativo, e dá para os dois lados. Em tempos o meu IMC estava supostamente acima do que era devido. Mas eu não era gorda, tinha era muita massa muscular!

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    1. O meu IMC está perto de excesso de peso. Mas tenho uma percentagem de gordura muito mais baixa do que o normal.

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  3. Como disse no texto anterior concordo contigo, aliás todas os valores de referência relacionados com saúde só por si não significam nada, têm de ser analisados num contexto geral.
    Eu tive anos e anos peso abaixo do recomendado segundo o IMC e era perfeitamente saudável, aliás quando a minha mãe preocupada com a minha magreza questionava os médicos todos respondiam o mesmo, que era magra mas estava saudável e isso é que era o mais importante.
    Uma médica chegou mesmo a responder – Ela tem muito tempo para engordar!
    Não podia estar mais certa, com a idade o metabolismo desacelerou e ganhei peso, mais até do que aquele que gostaria de ter. Continuo saudável mas tenho saudades de ter o IMC abaixo do normal.
    Muitas mulheres têm inveja das mulheres magras, estranhamente não são as que têm problemas de saúde que lhe impossibilitam de serem magras, mas sim aquelas que se quisessem podiam sê-lo mas como teriam de fazer uma alimentação mais regrada e exercício físico para o conseguirem refugiam-se em desculpas.

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    1. As mulheres que não conseguem ser magras tendem a ofender aquelas que são. Não passam de um monte de esqueletos e de umas anorécticas. É pena que seja assim.

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  4. Completamente de acordo. No meu blog perguntei o que as pessoas achavam deste nova lei, a maior parte concordou. Eu ainda não dei a minha opinião, mas é muito semelhante à tua ^^

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    1. Acho que a lei é muito redutora. Essa lei não impede que sejam contratadas pessoas que não sejam saudáveis. Está a limitar tendo em conta uma relação entre peso e altura. Acho que isso é redutor. Estamos a falar de pessoas e não de camisolas em que se põe para o lado aquelas que têm um pequeno buraco. Acho que as próprias manequins merecem mais respeito do que isso.

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  5. Falo por mim: tenho um IMC dentro dos limites do saudavel e, quando olho para mim, não me sinto (e muito menos vejo) alguém saudável!

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  6. Concordo plenamente, o IMC por si só, não é 100% certo.

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  7. Talvez te lembres que sou nutricionista, e posso-te dizer que profissionalmente só uso o IMC às vezes... Mas nunca o vejo, ou uso como factor "essencial" / definitivo! Porque tal como o teu texto disse é uma tabela meramente indicativa, mas que não tem em conta a história clinica da pessoa, vários aspectos que são muito mais importantes do que uma simples tabela! ;) Eu acredito que a medida em França também tenha sido tomada por uma questão de exemplo para as mulheres (sobretudo jovens) que continuam a ver as modelos etc como deusas, esquecendo todo o trabalho artístico que os fotógrafos e as tecnologias de hoje em diz fazem! ;) As próprias fotos que colocaste no texto anterior são obviamente trabalhadas e muito! ;) Quanto ao exemplo da tua mulher... só vendo! lol Confesso que me custa visualizar um corpo não excessivamente magro com 1,80 e 54kg...tendo e m conta que eu tenho 1,63m e peso 53 - 54kg... e nao sou gorda nem magra, se bem que regra geral quando me descrevem sou magra! lol Se me dissesses 1,80 e 60kg por exemplo, já conseguiu facilmente até imaginar um corpo bem trabalhado em termos de músculo, isto porque referiste que tem um corpo bonito e de aspecto saudável!! :P lol Mas fora de "brincadeiras" e falando muito a sério... o nosso peso não passa ou se explica exclusivamente pelos valores da balança! ;) E é isso que as pessoas têm que ter atenção! Acredito que em França essa medida tenha sido tomada muito por isso... Vamos ser realistas... as modelos das passerelles, e não falo das famosas etc, são esqueletos andantes!! Ao vivo então...ui!!! Nem quero imaginar!! Na minha vida profissional no passado já pude ver ao vivo várias pessoas famosas e comentando para comigo pensava "como pode ser possível? Como pode ser a pessoa que vemos na tv e nas revistas?".... O mundo virtual engana muito, não é verdadeiro, mas muitas vezes é "ele" que segue de exemplo para quem os vê de fora... dai estas medidas de chamada de atenção! E vou-me calar e aproveitar que nestas bandas estamos de fim de semana mega prolongado! ;)
    Boa semana e boas leituras! :)

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    1. Se fores ao instagram do blogue ou ao facebook do blogue encontras fotos da minha mulher. A mais recente é do dia da mulher. Se olhares para a imagem, apesar da minha mulher estar de costas, duvido que digas que tem ar de subnutrida severa.

      Modéstia e orgulho à parte, a minha mulher tem um corpo que muitas mulheres querem ter e que não conseguem ter. Muitas porque não "trabalham" para isso. E o trabalhar não é deixar de comer. É ser saudável e praticar desporto. Só que isso dá muito trabalho. A minha mulher é magra. Sempre foi e acredito que sempre será.

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    2. ;) Sim até porque há um factor genético muito importante também a ter em conta! ;) Percebo bem o teu post, atenção e concordo que sim o importante a reter é mesmo que o IMC não é nem nunca será decisivo! ;) Mas acho mesmo que o tema ou o motivo principal foi esse, chamar a atenção para as mulheres não sonharem com um IMC x! ;)

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  8. Não sei se disse isto no texto anterior, mas efectivamente o IMC não é a medida mais correcta para avaliar a composição corporal, muito pelo contrário.
    Para avaliar a composição corporal correctamente tem que se ter em atenção a diversos factores, como também referes neste texto, a massa gorda, a massa magra (músculo e órgãos), densidade óssea tudo isso conta para o peso.
    Além de que uma pessoa pode estar no considerado saudável pelo IMC e ter uma percentagem de massa gorda superior a 26% que já ultrapassa o limite do que é recomendado (mulheres 15-25% e homens 10-20%).


    B

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