Quando soube que a calçada portuguesa, nas ruas de Campolide, ia ser substituída por outro pavimento reagi com tristeza. Pelo simples facto de que considero que a calçada portuguesa é um símbolo nacional. É algo nosso. E considero também que tudo o que esteja dentro deste tipo de coisas deve ser preservado e cuidado ao máximo. Esta é a minha ideia.
Mais a frio, tentei colocar-me no papel de quem pode sofrer com este pavimento. E que me desculpem as mulheres que gostam de andar de saltos altos mas aquilo em que pensei foi sobretudo nos idosos para quem aquele pavimento é um perigo constante. Perigo esse que numa idade avançada facilmente resulta em problemas de saúde bastante graves. Só depois pensei nos sapatos das mulheres e também naquelas zonas mais escorregadias com que todas as pessoas sofrem. Mulheres de saltos ou homens de ténis. Novos ou menos novos.
Agora, fiquei a saber que a decisão de passar a calçada portuguesa para betão foi da responsabilidade de apenas 350 pessoas. E digo apenas porque ao que parece existem mais de 15 mil a pisar a calçada portuguesa que irá desaparecer naquela zona. Deste grupo de votantes, 61,5% quiseram a extinção da calçada portuguesa. Há quem considere este número insuficiente. E há quem considere que são mais do que suficientes para tomar a decisão. Pessoalmente, acho que este tipo de medidas exigem uma maior ponderação. Não se trata de decidir onde pintar mais uma passadeira ou colocar um sinal luminoso. É acabar com uma imagem da cidade, do país. E isso é algo que não deve ser decidido de ânimo leve pois leva à morte de uma tradição.
Tudo isto levanta ainda várias questões. As pessoas estavam a par da votação? As pessoas estão a marimbar-se para a decisão? As pessoas estão interessadas na preservação de algo nosso? Existe uma solução que mantenha o aspecto da calçada portuguesa, acabando com o risco de quedas mas mantendo a imagem da rua? São várias questões que dão que pensar.
Pessoalmente, depois de me tentar colocar no papel de quem sofre com este tipo de pavimento, não sou contra a mudança. Mas acho que se escolheu a solução mais fácil e a que dá “menos” trabalho. Acredito que hoje em dia existam meia dúzia de pessoas que saibam trabalhar com calçada portuguesa. Por isso é que vemos muitas ruas num estado lastimável. Aparentemente, a manutenção é pouca ou inexistente. E quando é feita deverá ser pela pessoa que estava ali mais à mão e com menos coisas para fazer. É este o meu palpite. E peço desculpa se estiver errado.
Enquanto português lamento que muitas decisões aparentemente banais, mas que do meu ponto de vista são importantes, sejam decididas de ânimo leve. E que se escolha o caminho mais fácil ignorando opções que possam ser melhores para todos, sobretudo para as tradições que ainda nos restam e que nos identificam. E isto não se aplica apenas a este caso.
Acho que se fizesse uma boa manutenção da calçada, não daria tantos problemas...
ResponderEliminarPara mim o tema é esse.
EliminarEu acho que com o dinheiro que vão investir na alteração deviam era fazer uma manutenção à séria da calçada. Aqui na terra existe calçada em quase todo o lado, com boa manutenção, e não há problemas para ninguém.
ResponderEliminarEu acredito que o verdadeiro problema é a manutenção.
EliminarA partir do momento em que nos mudaram a nossa língua que é a nossa essência e passámos a escrever como os brasileiros sem nenhuma oposição por parte de professores, jornalistas e escritores já nada me surpreende... Infelizmente
ResponderEliminarÉ uma tradição que acabará por se perder...
EliminarPenso que as pessoas têm a obrigação de ir votar. Como cidadãos devemos estar a par do que se passa no nosso país, cidade e bairro. Temos o direito de ir votar, mas temos a obrigação de estar informados, é essa a minha opinião.
ResponderEliminarRelativamente à calçada, é lindíssima na baixa, avenida onde (apesar de não estar totalmente bem tratada) calceteiros a sério fazem um excelente trabalho, vêem-se desenhos muito bonitos e não é assim tão escorregadio. Haver calçada no resto da cidade é uma parvoíce. Primeiro porque não contratam calceteiros, mas sim homens da obras que não se especializaram nesta profissão. Depois, as pedras são todas iguais, não há desenhos sequer. E por fim, dizem para haver manutenção há décadas e não há. Quando há, um ou dois meses depois há novamente buracos e o piso está escorregadio porque não contrataram calceteiros a sério. Isto é um problema grave para toda a gente, para idosos, para crianças homens e mulheres. Pessoalmente estive a recuperar de uma operação ao joelho e foi horrível recomeçar a andar na rua, principalmente com chuva. Mais vale acabarem com a calçada de vez sem ser nas zonas históricas (desde que se mantenha bem preservada).
Acho que o grande problema é a manutenção e a falta de calceteiros que façam um trabalho excelente. Isso talvez mudasse a opinião das pessoas.
EliminarOlá :)
ResponderEliminarEu sou pela preservação da calçada portuguesa. Porque acho que esta é uma expressão da nossa identidade cultural, uma das poucas coisas que realmente nos distingue dos outros países e culturas mundiais. Porque é arte, porque é linda.
Sim, também eu, enquanto mulher, já tive os meus percalços. Lembro-me de uma situação particular, passada há muitos anos, em que para descer uma rua em Lx bastante inclinada e escorregadia, e estando de saltos, tive que ser amparada por dois colegas de turma ou garanto-te que iria a rebolar rua abaixo.
Mesmo assim sou pela sua preservação, tanto da calçada como da profissão de calceteiro. Talvez o que possa fazer para encontrar um casamento feliz entre ambos os pontos de vista, é abdicar da calçada somente nas ruas de circulação tortuosa.
Eu tive um momento que ainda hoje me faz rir. Era uma noite de chuva e tinha ido beber uns copos com amigos. A voltar para o carro escorreguei. Na minha cabeça tive cerca de meia hora a dar às pernas e aos braços para me equilibrar. Na realidade devem ter sido uns cinco/dez segundos. Foi de chorar a rir e a história acabou comigo em pé, sem ter ido ao chão.
EliminarA calçada portuguesa também não dá jeito algum a quem anda de cadeira de rodas ou de muletas... (infelizmente tenho uma vasta experiencia de ambas as coisas, ou não fosse eu motociclista desde sempre). Mas...não seria possível, por exemplo, evitar aqueles enormes desníveis que às vezes existem entre as pedras? A calçada é tão bonita... Quanto aos saltos altos, nada como ir bem acompanhada - se a coisa correr menos bem é agarrar o braço de quem for ao lado!
ResponderEliminarÉ por isso que acredito que o grande problema é a manutenção ou a falta dela.
EliminarSou a favor de uma calçada portuguesa que não escorregue. Amanhem-se lá como quiserem, mas a calçada é nossa e não nos podem privar dela.... podem, sim, fazê-la menos perigosa!
ResponderEliminarAcho que passava pela manutenção adequada e especializada.
EliminarNão são só os saltos das mulheres, são as pessoas de cadeiras de rodas, as pessoas de muletas e bengalas, as pessoas com carrinhos de bebé. E sobretudo, como dizes e bem, os velhotes que têm maior predisposição para quedas com consequências graves... Preserve-se a calçada em zonas turísticas ou em avenidas largas e planas, mas acabe-se com ela, onde ela é inimiga do cidadão.
ResponderEliminarEu quero acreditar que é possível fazer manutenção de modo a que deixe de ser inimiga.
EliminarEu discordo completamente. Acho muito bem que mudem para alcatrão pois a calçada é um terror. Vivi 4 anos na Covilhã, onde estudei, e para aí 60% ou 70% daquela terra é de calçada. É horrível para andar de carro, a pé, de bicicleta, de mota, o que seja. Mas lembraram-se que seria boa ideia aumentarem a quantidade de ruas com aquele tipo de pavimento.
ResponderEliminarAumentaram os acidentes, as junções de água quando chovia, as quedas e o descontentamento da população. Acho muito bem que tirem, principalmente de estradas com muito movimento e onde passam diariamente pessoas a pé, sejam elas idosos, crianças ou adultos. Não é prático, não é bonito e não é adequado.
Aí já estamos a entrar noutro tipo de questão. Mas compreendo perfeitamente o que dizes.
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