Já tinha manifestado a minha opinião ao dizer que não sou o maior fã de Salvador Sobral, nem da música com que conquistou o Festival Eurovisão da Canção. O que não implica que não tenha desejado a sua vitória. Sentimento transversal a tantas outras músicas que tentaram aquilo que apenas agora Salvador Sobral conseguiu. Até porque passaram grandes nomes (em épocas diferentes) pelo Festival da Canção. Músicas sem sucesso internacional mas que conquistaram o seu espaço na história da música nacional.
Não sendo o maior fã, assumo que existem ideias de Salvador Sobral com as quais me identifico. A forma como olha para o panorama nacional (e mesmo internacional) da música é uma dessas coisas. É uma indústria muito característica. Em que existem fenómenos, sem qualidade, que são fabricados a pensar no sucesso. Com estratégias muito bem montadas que vão da produção até à forma como as músicas são tratadas nas rádios, fazendo com que as músicas acabem, quase que à força, por conquistar as pessoas que acabam por ser afastadas de outras músicas.
Por outro lado, olho para o caso de Salvador Sobral como um exemplo de outro fenómeno actual. Quando as coisas correm mal, ninguém tem culpa de nada. Poucos dão uma palavra de apreço. Poucos apoiam algo. Todos dizem coisas como "sabia que ia correr mal" e por aí fora. Basicamente ninguém quer estar perto da pessoa. Quando as coisas correm bem, tudo muda. Todos querem uma fatia do sucesso. Todos sabiam que tudo correria bem. Todos estão lá para apoiar e para revelar um amor incondicional que dura desde sempre.
E Salvador Sobral é exemplo da forma como se olha para um caso de sucesso nos dias que correm. E pelas suas palavras, acredito que sabe que é isto que lhe está a acontecer. E como é óbvio só tem que tirar o melhor proveito do "barulho" que é criado ao seu lado. E que nunca existiu quando já revelava o seu talento a cantar nas ruas. Ou que nunca existiu quando lançou o seu primeiro álbum.
Infelizmente, a forma como Salvador Sobral olha para a música (e com razão) não é muito diferente da forma como as pessoas olham para os fenómenos, sejam eles da música, do desporto ou da televisão. Que seja bem sucedido na missão de conseguir alterar o panorama musical nacional. Pode ser que assim também consiga mudar algumas pessoas.
Espero que ele tenha sorte e que mude mentes: independentemente de se gostar ou não da música (eu gosto, é right up my alley), há que reconhecer-lhe o talento e os pés no chão. E que tem razão, apesar do leve toque arrogante - a música já não é música, é negócio.
ResponderEliminarJiji
A música é um negócio. Os artistas são meios para atingir o sucesso. Haverá excepções nos relacionamentos mas devem ser poucas.
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