Sou louco pelo "meu" Benfica. Vibro apaixonadamente com cada conquista. Fico triste com objectivos não alcançados. Gosto de fazer algumas piadas com os adeptos e clubes rivais. Mas fico-me por aí. A minha loucura (que considero sã, por mais estranho que possa soar) não me impede de olhar para determinados aspectos de outros clubes com olhos de ver. Sei apreciar talentos de clubes rivais. Consigo descortinar injustiças que acabam por me entristecer, mesmo não me dizendo respeito.
E Helton é exemplo disso mesmo. Mesmo sendo benfiquista custa-me assistir aquele que considero ser um triste final de carreira (ou de permanência no Porto) de um jogador que admiro e que vejo como símbolo de um clube rival. Habituei-me a ver Helton liderar os azuis e brancos. Sempre de sorriso no rosto. Sempre com algo a dizer. E, sobretudo, a dar a cara quando todos fugiam porque as coisas corriam mal. Não estou por dentro da realidade azul e branca mas olho para Helton como um dos jogadores mais titulados (num passado recente) do clube.
Os jogadores não são eternos. Tudo tem um final. Mas Helton merece mais do que um adeus abandonado. Custou-me ver o jogador dizer que se sentiu sozinho quando sofreu uma lesão igual à minha (ruptura total do tendão de Aquiles). Estou a milhares de quilómetros de distância de Helton mas percebo aquele desabafo. E percebo porque também aprendi muita coisa ao longo dos meses de recuperação de uma lesão muito chata.
O comunicado a dizer que Helton chegou ao fim é pouco. E é a prova de que o futebol tem memória muito curta. E quando vejo episódios destes dou razão aos jogadores mercenários que hoje amam este e amanhã dormem com aquele porque pagou mais. Não podemos criticar um jogador por não ter paixão a um clube quando tratam os atletas como mercadoria. Helton merecia mais. E este caso, que é mediático, é também uma lição de vida. Porque infelizmente isto não acontece só em grandes clubes. Acontece no emprego, no grupo de amigos e em todo o lado.
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