1.6.16

quando deixamos desleixar a montra que somos

Aquilo que vou contar será certamente comum (e facilmente identificável) a qualquer pessoa que já tenha passado algum tempo solteira e que já tenha tido uma relação mais ou menos longa e em que o casal decidiu viver na mesma casa. E qualquer pessoa saberá que no momento em que está solteira tem a montra sempre arranjada. Tal como desleixa essa mesma montra no momento em que entende que já não é necessário que alguém olhe para ela.

Ou seja, qualquer pessoa quando está solteira não aceita nada menos do que a sua melhor versão. A montra (leia-se imagem) tem de ser sempre aquela mais bonita. Aquela para onde todos olham. E aquela que tem de se destacar das demais. E a mais pequena imperfeição é capaz de provocar uma tempestade capaz de abalar o mundo. Uma simples borbulha que aparece no rosto no dia de uma saída de amigos(as) significa uma noite arruinada, mesmo que a borbulha seja tão pequena que ninguém a consiga ver.

Por outro lado, quando existe uma relação estável a montra já não é assim tão importante. Pode ficar com pó, pode ter os manequins caídos e até a roupa dos mesmos pode já ter saído de moda há anos que nada disso é um problema. Quem tinha de olhar já olhou. E quem tinha de olhar não se importa que a montra esteja meio ao abandono porque o amor é gostar da montra no seu melhor e no seu pior. Isto para dizer que, para muitas pessoas, a imagem (e o cuidado com a mesma) deixa de ser importante e quase que dá lugar a desleixo. Nem dez borbulhas são suficientes para provocar o drama de uma única e insignificante borbulha na cara de um(a) solteiro(a).

É certo que poderá haver um grande exagero na preocupação com a montra quando a pessoa é solteira. Tal como o desleixo também poderá não ser assim tão acentuado nos comprometidos. Mas quase todas as pessoas já lidaram com estas duas realidades. Como em quase tudo na vida o equilíbrio anda ali pelo meio. Erram as pessoas que acham que é apenas a montra que conquista alguém tal como erram aquelas que acham que se podem desleixar porque já têm alguém que amam.

16 comentários:

  1. Quem assim se prepcupa com a montra tem uma auto estima, enfim, um pouco duvidosa, ou não será por aqui?!:(

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    1. Acho que todos nos devemos preocupar sempre com a montra. Não deve ser a nossa principal prioridade mas deve estar sempre cuidada.

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  2. Começo por pedir desculpa, mas ao ler o texto fiquei com a ideia que efectivamente a "montra" é o mais importante.
    Não me considero uma mulher vaidosa, não ando sempre em cima da moda, preferido roupa confortavel, mesmo que já tenha passado de moda há um tempo.
    Tenho bastante cuidado com a higiene e cuidados com a roupa.
    Não me visto para que ohem para mim e nem uso maquilhagem.
    Mas não é por isso que me considero desleixada.

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    1. A montra é importante a ponto de estar sempre cuidada. Não mais do que isso. Não deve ser aquilo que realmente importa.

      E não serás desleixada por isso. Serás uma pessoa que dá à montra a atenção que ela deve ter.

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  3. Dou mais valor à dedicação que a tua mulher teve contigo aquando da tua cirurgia.
    Acho que isso é que deve sempre bem cuidado. Arranjada ou não.
    O companheirismo ou a lealdade, não envelhecem nem ganham borbulhas.

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    1. Vou partilhar algo contigo que nunca partilhei aqui. Existem momentos em que percebes o que a pessoa que está ao teu lado sente por ti. Quando a operação se tornou uma realidade e quando acabei no hospital a discutir com um médico tive sempre a minha mulher (e os meus pais) ao meu lado. Percebes pelo receio que vês na pessoa que te ama mesmo muito. Outro momento foi quando a minha mãe teve cancro. Aí também percebi o quanto a minha mulher me ama. E isto só percebes quando o "barco" parece ir virar. Porque quando tudo está bem tudo corre bem. E valorizo muito mais isso do que outra coisa qualquer.

      Mas, mesmo assim, acho que as pessoas devem ter atenção à imagem. Devem cuidar-se, não sendo escravas da imagem. Ainda em relação à minha mulher, sou o primeiro a elogiar quando se arranja. Fico louco a olhar para ela.

      A tua última frase é muito importante para mim. Valorizo muito aquilo que escreves. Mas defendo que as pessoas devem cuidar-se.

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    2. O companheirismo e a lealdade só se conseguem se existir amor e uma amizade profunda a quem decidimos viver em conjunto e partilhar a nossa vida. Eu posso dizer que consegui chegar a esse companheirismo. E é fantástico. Claro que não nos desleixamos na aparência. Eu gosto de o ver bem arranjado, dentro dos nossos padrões, tal como ele me gosta. O desleixe é muito mauzinho.

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    3. É mesmo muito fantástico. E quando não existe é porque o amor também não está lá.

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  4. Eu durante anos o meu ex- namorado reparava sempre na minha aparência, ora elogiava ora criticava!Tentava ter em conta os conselhos dele. Mas quando fazia algum comentário acerca da aparência do menino, este dizia-me se não estava bem que me mudasse. Há quem goste de apontar o dedo mas quando fazemos o mesmo sentem-se ofendidos.

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    1. Conheço muitas pessoas assim. É como aquelas que gostam de gozar mas ficam ofendidas quando são a piada.

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  5. Devemos sempre cuidar de nós próprios e dos que nos rodeiam. Sempre!

    Cátia ∫ Meraki

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  6. Eu sempre cuidei da "montra" quer esteja acompanhada ou não. É perfeitamente indiferente porque cuido de mim por mim e não pelos outros. Claro que gosto de olhares aprovadores :) e até gosto dos olhares invejosos !!! não sou de ferro!

    A nossa aparência funciona como um cartão de visita. O resto vem depois, ou não !

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  7. Se a tua cara metade sofresse de um problema de saúde que durante muitos anos a deixasse disforme, com nauseas permanentes, irritada, que não podesse de todo usar maquiagem, só vestir roupas largas e ainda por cima só 100% algodão......
    È muito triste saber que muitos homens abandonam as companheiras nestas circunstâncias. As estatisticas conferem. Afinal a aparência é o mais importante

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    1. A minha mulher será sempre a mulher que amo, com ou sem maquilhagem. Até porque não a incentivo a maquilhar-se.

      Mal de quem abandona pessoas nesses casos. É porque o amor nunca existiu. Mas não defendo que a aparência é o mais importante. Defendo sim que as pessoas sejam sempre a sua melhor versão. Por si, não pelos outros.

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