Esta altura do ano, em específico por causa das transferências no futebol, recorda-me sempre de que todas as pessoas têm um preço. Todas se vendem. É uma questão de o valor ser aquele que desejam. Lembro-me de, em tempos, ter lido uma entrevista de Jorge Jesus. Na altura, o treinador do Benfica comentava os rumores da ida para o Porto e dizia que sair do Benfica para outro clube português era dar um passo atrás na carreira. Era passar de cavalo para burro. Até que este ano, por mais alguns milhões, aceitou passar para o "burro" de que falava e que passou a ser o melhor cavalo de sempre.
Lembro-me também de, num passado não muito distante, um jogador italiano ter assinado pelo Inter, de Itália. Na conferência de apresentação disse, com orgulho, que acima do Inter só o céu. Ou seja, estava no topo, no melhor clube de todos. Dois anos depois, se a memória não me falha, esse mesmo jogador assinou contrato com o Milan, o maior rival do Inter. Na sua apresentação foi questionado sobre as palavras na apresentação pelo Inter. "Acima do céu só o Milan", explicou.
Num registo diferente, lembro-me da minha visita a Donetsk, na Ucrânia. A nossa guia, uma jovem rapariga, tinha três empregos e no total ganhava um ordenado miserável. Não me irei esquecer dela a contar que por lá é normal que as pessoas tenham diversos empregos. Depois, acrescentou que independentemente das profissões, todas as mulheres eram "prostitutas". Era tudo uma questão de valores, explicava, reforçando que aquele modo de pensar estava relacionado com as dificuldades com que as pessoas vivem.
Ainda noutro registo, recordo-me de numa viagem a Andorra ter ido com um amigo a um bar. Como não havia bebida fomos ao bar mais perto para que ele comprasse uma garrafa de whisky. Entrámos e ele perguntou à funcionária quanto custava uma garrafa de whisky. "Só vendo a copo. Não vendo garrafas", respondeu. "Mas eu quero uma garrafa", insistiu ele. "Mas não vendo garrafas", dizia ela. Argumentos semelhantes a estes, de parte a parte, prolongaram-se durante alguns minutos. Até que ele mete uma nota de 50 euros no balcão. E a reacção dela foi: "vai precisar de copos?". Trouxe uma garrafa de whisky, copos e um saco de gelo. Depois, voltou-se para mim e disse: "o dinheiro compra tudo".
E a verdade é que a vida está cheia de exemplos de que o dinheiro é que manda em tudo. Todas as pessoas se vendem. É uma questão de valores. Por mais que as pessoas digam que não, num determinado momento e com um determinado valor acabam por ceder. Porque, infelizmente, o dinheiro manda e compra praticamente tudo. São poucas as coisas que não são dominadas pelo dinheiro. E mesmo aqueles que já têm muito acabam por desejar mais. Neste sentido até acredito que os que menos têm são aqueles que se vendem com maior dificuldade.
Quero acreditar que ainda existem algumas e raras excepções de pessoas que realmente não se vendem por dinheiro nenhum. Mas quando penso nisto começo a pensar que é tudo uma questão de valor(es).
Concordo contigo, acredito que ainda haja pessoas que não se "vendam" facilmente, mas até essas pelo valor certo acabam por se vender!
ResponderEliminarCada vez mais acredito que as que menos têm são as que mais dificilmente se vendem.
EliminarO mundo do futebol é movido de interesses e dinheiro... tento acreditar que há amor à camisola e tudo o mais mas nem sempre acontece
ResponderEliminarRetirava daí o futebol. Deixava mesmo mundo.
EliminarA guia ucraniana tem razão, mas só trocava "mulheres" por "pessoas". Esta citação de "Peaky Blinders" (série que nunca vi), assenta bem:
ResponderEliminar"We are all whores. We just sell diferent parts of ourselves".
Não diria melhor do que isso. Bela frase.
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