gostava de ser cozido vivo? os caracóis também não

Nota prévia antes de dar início ao motivo que me leva a escrever este texto. Sou contra as touradas mas respeito que seja tradição em alguns locais e respeito quem gosta das mesmas. Sou contra o uso de peles animais. Respeito, por mais que não concorde, todos os movimentos e estilos de vida. Mas tento ter sempre a lucidez necessária para separar causas nobres de fanatismos que descredibilizam outras causas.

Foi criada uma campanha de defesa dos caracóis. “Gostava de ser cozido vivo? Ele também não” é o mote da campanha e dos cartazes acompanhados de uma fotografia de um caracol. A campanha pretende alertar para a “libertação animal”, promover o veganismo e ainda alertar para o sofrimento dos caracóis nas circunstâncias em que são instrumentalizados. E isto, na minha humilde opinião, está muito próximo de um exemplo de fanatismo.

Respeito os vegetarianos e as causas que defendem. Mas sinto que não devo ser obrigado a seguir esse caminho. Tal como não devo obrigar os vegetarianos a comer tudo aquilo que como e de que gosto. Tal como não vou fazer campanhas a alertar para o sofrimento dos vegetais e das frutas, a brincadeira que já corre nas redes sociais. São opções que devem ser respeitadas dentro da diferença de cada um. Qualquer dia existem movimentos a defender as verduras e as frutas. Ou movimentos a condenar as pessoas que matam mosquitos no momento em que lhes sugam o sangue.

Acho que são acções como esta que fazem com que muitas pessoas olhem para quem as faz sem reconhecer qualquer crédito. E descredibilizando outras iniciativas mais nobres que são defendidas. É o risco do fanatismo. Por outro lado, e apesar de considerar esta campanha exagerada, condeno muitos comentários que são deixados nas notícias sobre esta campanha. São ofensas atrás de ofensas. Quer seja de quem defende os caracóis como daqueles que acham que é apenas uma campanha ridícula.