12.6.15

os laboratórios estão cheios de marotas sensuais e choronas

Sempre imaginei um laboratório como um local pacato. Não no sentido de ser o maior aborrecimento do mundo mas sempre imaginei ser um sítio onde, independentemente de certamente existir tempo para brincadeiras, as coisas têm de ser levadas mais a sério. Isto porque, pelo menos é nisso que acredito, os erros devem ter uma dimensão consideravelmente maior do que noutras profissões.

Não sei se a minha ideia corresponde à realidade mas é aquilo que imagino. Talvez por olhar para os laboratórios com um ar bastante sério. Mas, ao que parece estou errado. Sobretudo quando estão presentes mulheres num laboratório. E quem o diz é Tim Hunt, agraciado com um Nobel em 2001. Segundo o próprio, quando existem mulheres em laboratórios acontecem três coisas.

“Três coisas acontecem quando há mulheres no laboratório: você se apaixona por elas; elas se apaixonam por você e elas choram quando são criticadas”, disse durante uma conferência realizada na Coreia do Sul. Tim Hunt já revelou arrependimento pelas suas palavras. Também já abandonou o cargo de professor na University College London. Mas as suas palavras não conseguem ser apagadas e geraram uma onda de indignação junto das mulheres que trabalham em laboratórios.

Tim Hunt tentou apagar o que disse referindo que já se apaixonou por colegas e que colegas já se apaixonaram por si e que isso acabou sempre por interferir com o trabalho de pesquisa científica. Se as palavras originais fossem estas não existiria polémica nenhuma. A temática seria o amor no trabalho e não a presença de mulheres numa determinada profissão. E acredito que boa parte das pessoas concorda que amor e trabalho podem facilmente resultar em confusão. Especialmente quando o casal não consegue fazer a distinção entre as coisas.

Os meus pais trabalham juntos há muitos anos e tudo corre bem. Os meus sogros idem. Mas conheço muitos casais que acabaram por se separar quando misturaram trabalho e amor. Simplesmente porque não conseguiram separar as coisas. Não sabiam diferenciar o tempo em que estão a trabalhar, e onde não devem ser um casal, do tempo em que são casal e em que devem tentar abstrair-se do trabalho. Depois podem ser acrescentados ingredientes como ciúmes, entre muitos outros. O que facilmente pode originar problemas. Mas isto não é um problema das mulheres. Nem dos homens. É um problema de pessoas. A forma como Tim Hunt se expressou transforma a questão num problema feminino dando a entender que elas estão a mais nos laboratórios. E isto muda a questão por completo.

Voltando à polémica, diversas cientistas estão a responder ao Prémio Nobel partilhando, nas redes sociais, fotografias “sexys” brincado com o facto de aparentemente serem uma distracção para os colegas que se apaixonam por não resistir à sua sensualidade e por também chorarem sempre que são criticadas. #distractinglysexy é a hashtag que acompanha as referidas imagens e que ajuda na pesquisa das mesmas nas redes sociais. Existem mulheres que dizem estar orgulhosas por não ter chorado pela primeira vez. Outras brincam com a sensualidade irresistível dos fatos que usam. E há quem agradeça trabalhar com machos de espécies preservadas o que invalida a distracção. Partilho a foto mais engraçada que encontrei onde se explica que conseguiram parar de chorar tempo suficiente para tirar esta fotografia e partilhar a mesma nas redes sociais.

Zoé Vincent-Mistiaen

8 comentários:

  1. ||||||||||||||||
    Enfim na condição de humanos... Tudo é possível, mas como tu dizes, é preciso separar as águas, entre uns e outros. As pessoas ficam amedrontadas quando é com o seu trabalho, mas quando é com os outros, noutras atividades copem para o ar...
    Não existe fumo sem fogo... Essa que é e essa...

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    1. Acho que aquilo a que ele se refere é uma situação de pessoas e não algo exclusivo das mulheres ou dos laboratórios.

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  2. Não me ocorre nome suficientemente mau para classificar esse tipo e intriga-me como é que conseguiu receber um prémio nobel...enfim

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  3. Ahahah, muito boa a foto.
    Acredito que num laboratório onde hajam muitos homens e apenas uma ou duas mulheres, isso aconteça, mas não acredito que seja regra.

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    1. Acho que não depende da profissão nem das mulheres ou dos homens, é mesmo algo de pessoas.

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