24.6.15

qual a maior intimidade que podemos ter?

Qual a maior intimidade que podemos ter? Ou qual é a intimidade mais embaraçosa, depois de exposta, para o convívio entre duas pessoas? E desta equação vou riscar os casais e as coisas que algumas pessoas passam a fazer junto de outra pessoa sem qualquer problema ou embaraço. Vou ter em conta apenas pessoas que não sendo casal até podem já se ter envolvido sexualmente. 

Por norma costuma escolher-se a nudez como a maior intimidade que podemos partilhar com alguém. E também aquela mais embaraçosa para um relacionamento, não necessariamente amoroso, entre duas pessoas. Mas será que este é o que fica no topo da lista? Será que manter uma amizade com alguém que já nos viu sem roupa, ou com quem já se teve relações sexuais, é o mais embaraçoso? Ou não passará de um mito aquela ideia de estar sempre a imaginar/visualizar a outra pessoa sem roupa? 

Será que a nudez é mais difícil de "ignorar" ou "esquecer" do que por exemplo a intimidade que uma mulher partilha com o(a) ginecologista com quem por acaso mantém uma relação de amizade fora do consultório? Ou será que a exposição da intimidade dentro do consultório impossibilita uma relação, seja ela qual for, no exterior do consultório. Será que existem profissões que impedem algo mais devido a tudo aquilo que a profissão envolve ou isso também é um mito.

Outro exemplo, os(as) médicos dentistas e os(as) assistentes que conhecem o interior da nossa boca como ninguém. É mais embaraçoso manter uma relação com alguém que nos conhece a este ponto ou com alguém que nos viu sem roupa? Ou são coisas que facilmente se esquecem, por maior que seja a confusão que vai dentro da boca de cada um?  

Estes são apenas dois exemplos de que me recordei. Existem muitos outros. E tudo isto que referi será que faz mesmo parte da intimidade? Ou, como é algo a que somos obrigados, é excluído da intimidade ou não é encarado pelas pessoas da mesma forma que é encarada a nudez, por exemplo, ou mesmo o simples acto de partilhar uma cama como alguém? Será que isto é que é a intimidade e o resto é outra coisa qualquer que não causa embaraço? Por outro lado, por mais embaraçosa que possa ser (na nossa cabeça) a intimidade, tudo se aceita e nada se questiona numa verdadeira relação de amizade?

10 comentários:

  1. Tudo depende do contexto.. Na praia anda tudo semi despido, senão mesmo despido e não sentem essa intimidade..

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  2. Eu acho que se torna constrangedor a parte do ver a outra pessoa nua, mas com o tempo passa e acabamos por não nos estarmos constantemente a recordar disso.

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    1. Acho que depende das pessoas e da forma como lidam com as coisas.

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  3. E a întimidade entre enfermeiros e pacientes que nos vêm nas nossas piores condições sobretudo se estivermos anestesiados e incapacitados... não acho que a nudez seja uma barreira à amizade entre sexos opostos, poderá sim ser estranha a convivencia caso uma das partes entretanto arranje outra pessoa que ignore o facto de o seu parceiro já ter dormido com aquela amiga...

    Para mim das maiores intimidades é mesmo uma pessoa doente precisar de outra, familiar ou não, partilhar os piores momentos da sua vida com alguém, é algo que nunca se esquece e que muda inteiramente a forma como olhamos para aquela pessoa

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    1. Uma análise muito bem feita e com a qual concordo. Faz-me recordar a minha recente operação. Estou deitado numa sala com cerca de dez pessoas (a maioria mulheres). Tenho apenas uma bata que nas costas nada cobre. Depois é o vira para aqui, vira para ali e por aí fora. A pessoa acaba por estar nua perto de pessoas que não conhece de lado nenhum. Mas que lidam com aquele momento com uma naturalidade que nos escapa (até determinado momento).

      Essa intimidade de que falas é muito valiosa. Por isso é que não a partilhamos com qualquer pessoa.

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  4. Acho que não têm nada a ver com a nudez mas com a forma como se está nu, ou seja, eu até posso estar nua em frente a um amigo que está tudo bem se ele assim como eu se estiver a burrifar para isso. Também posso estar nua em frente a um médico ou enfermeiro que desde que esteja consciente está tudo bem, não me sinto muito bem em pensar no quando não estive porque não sei o que aconteceu. Depende da forma como vês o teu corpo e o das outras pessoas. Para mim a nudez não traz grande intimidade só por si. Considero o silêncio não constrangido um acto de intimidade muito maior que a nudez assim como pode ser ainda mais constrangedor não saber o que dizer do que estar nu no montada no leão da rotunda do marquês.

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    1. É uma coisa que dá que pensar. Esse silêncio pode dizer muito.

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  5. Grandes questões.
    Uma das que mais me intimida é, de facto, como foi escrito nu dos comentários, a pessoa estar doente ou incapacitada de se mexer e ter de deixar que os outros façam a sua higiene, por exemplo, por si.
    Aconteceu-me há muitos anos, aí em Lisboa, ser operada, estava com o período quando vi que quem faria a minha higiene era um homem.
    Pedi a uma enfermeira que se aproximasse, expliquei o que se passava, e resolveu-se o assunto.
    Também com os nossos familiares doentes é muito complicado lidarmos com as suas fragilidades e eles não aceitarem que sejamos nós a trata-los.
    Um assunto delicado, neste aspecto, porque em relação ao nu, não vejo grande problema.
    Mas este assunto tem pano para mangas, não é fácil percebê-lo.

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    1. São situações frágeis de exposição máxima. E nem sempre é fácil perceber tudo.

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