19.4.20

futebol e os camiões que transportam mortos em bréscia

O Brescia ocupa o último lugar da Serie A, aquele que é o principal campeonato de futebol italiano. A preocupação da equipa de Mario Balotelli passava por evitar a descida de divisão. Esta era a realidade do clube até ao momento em que a competição ficou em suspenso, devido à pandemia de coronavírus. Agora, e numa altura em que a UEFA tenta arranjar forma de terminar os campeonatos europeus, o presidente do clube diz ser impossível concluir a Serie A.

Massimo Cellino vai ainda mais longe e confessa aquilo que irá fazer caso a Federação de Futebol Italiana ordene a continuação da prova nos próximos meses. "Não se podem continuar as competições por muitas razões. Em particular, há dois pontos: o respeito pela saúde e a salvação do sistema de futebol. Além de perder esta temporada, arruinamos também a seguinte, que será fundamental", conta ao Gazzetta dello Sport.

"Em Brescia [um dos principais focos da doença em Itália] temos camiões que levam os mortos para fora da cidade", acrescenta. O dirigente refuta ainda as acusações de que defende este ponto de vista de modo a tentar evitar a, quase certa, descida de divisão. "Se nos obrigarem a jogar, estou disposto a retirar a equipa do campo e perder todos os jogos à priori. É algo que faria em respeito aos cidadãos de Brescia e aos seus entes queridos que faleceram", refere.

"É igual descer, até ao momento merecemos a descida de divisão e também tenho as minhas responsabilidades. Mas terminar a Serie A em Junho implica ritmos impossíveis e perigosos. E para prolongar a temporada é necessário mudar regras nacionais e internacionais, contratos, pagamentos, mercado, pré-temporada", defende. Por fim, Massimo Cellino tece duras críticas à UEFA. "São arrogantes e irresponsáveis, só pensam nos troféus e interesses económicos. Se querem fazer algo útil, que nos enviem máquinas de oxigénio e ventiladores. Agradecemos", termina.

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