Aos 36 anos, Robinho faz parte do plantel dos turcos do Basaksehir. Longe do fulgor de outros tempos, o brasileiro conta apenas com 8 jogos e pouco mais de duzentos minutos ao longo desta época. Para trás fica a passagem por clubes como Santos, Real Madrid, Manchester City e AC Milan. Ao talento dentro do campo juntam-se algumas polémicas fora do relvado. Em conversa com a Marca, Robinho abre o livro e fala de tudo.
Sendo um desportivo espanhol, o pontapé de partida para a conversa foi a chegada do brasileiro a Madrid. Isto numa altura em que era desejado por grandes clubes. Os benfiquistas até estarão recordados das notícias que davam conta de que a Luz poderia ser a porta de entrada para a Europa. "Quando o Real Madrid veio atrás de mim, vi que havia um grande grupo de brasileiros no plantel e o treinador era o Vanderlei Luxemburgo. Por que haveria de ir para o Barcelona?", começa por dizer.
"Quando o Real Madrid veio atrás de mim, vi que havia um grande grupo de brasileiros no plantel e o treinador era o Vanderlei Luxemburgo. Por que haveria de ir para o Barcelona?"
Com a camisola merengue, Robinho participou em 137 jogos. Marcou 35 golos e fez 27 assistências. Números suficientes para deixar a sua marca, ainda que não tenha correspondido aquilo que tanto se esperava de si. O carinho dos adeptos ficou ainda mais baixo quando o brasileiro fez força para sair do clube. "O meu objectivo era ir para o Chelsea. Scolari disse-me que faria a diferença na equipa. Mas o Real Madrid não se deu bem com eles. Não gostaram de ver o Chelsea a vender camisolas com o meu nome antes do acordo estar feito", recorda. "Não me arrependo de deixar Madrid. Mas lamento ter acabado mal quando saí. O Real Madrid foi o clube que me abriu as porta e ofereceu a oportunidade de conquistar a Europa", acrescenta.
Acabou por mudar-se para o então já milionário Manchester City. Onde ficaram famosas as saídas à noite. "Gostei muito de Manchester, do clube, dos restaurantes... mas não vamos esquecer as discotecas", conta. "Gostava de me divertir. Mas os ingleses sempre saíram mais do que os brasileiros. Joe Hart estava sempre a sair, Micah Richards e Shaun Wright-Phillips o mesmo. Mas quando os brasileiros saiam, eram sempre apanhados", recorda. Robinho relembra ainda as conversas com Sheik Mansour, o proprietário dos citizens. "Ele disse que ia fazer um óptimo trabalho, contratando Kaká e Messi” [nunca aconteceu], refere. Falando ainda sobre aquilo que mais lamenta da sua passagem por Inglaterra. "Fui campeão em todas as equipas em que joguei, exceto no City. Se me arrependo de qualquer coisa é de não ter dado um título ao City, é a única coisa que me deixa um pouco triste".
"Gostava de me divertir. Mas os ingleses sempre saíram mais do que os brasileiros"
Durante a conversa, Robinho falou ainda de alguns companheiros de equipa famosos. Como é o caso de Zltana Ibrahimovic. "Zlatan costumava dizer que convenceu o Milan a contratar-me. ‘Estás aqui por minha causa’. Se ele é arrogante? Sim, mas de uma boa forma. É apenas confiança e confiança no seu talento. Para mim ele é tudo o que um avançado deve ser: um showman e um vencedor", defende. Recordando um treino na equipa italiana. "Desafiou o Gattuso para uma luta de jiu-jitsu. Lá estava aquele feroz do meio campo a fazer artes marciais contra Zlatan, que é cinturão negro. Quem ganhou? O Zlatan vence sempre", remata.
"Na verdade, os espanhóis tinham ciúmes porque ele [Beckham] falava mais português do que espanhol"
Robinho falou também da companhia de David Beckham no balneário do Real Madrid. Fazendo uma revelação sobre o ex-jogador inglês. "Beckham estava sempre com os brasileiros. Ele fazia parte do nosso grupo. Na verdade, os espanhóis tinham ciúmes porque ele falava mais português do que espanhol. Então passava mais tempo connosco", revela. O jogador comentou ainda as comparações com Pelé o facto de muitos acreditarem que acabaria por vencer uma Bola de Ouro, algo que nunca veio a acontecer. "Sei que algumas pessoas esperavam que ganhasse. Quando Pelé fala sobre ti, as pessoas ouvem. Eles fizeram essas comparações, mas não há novo Pelé, nem agora nem nunca", conclui.
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