11.11.19

cláudia raia, nudez, sexo anal e muito mais

Cláudia Raia faz parte do imaginário da minha adolescência. Cresci numa altura em que as telenovelas do Globo eram um produto de eleição (e ainda são) e a actriz brasileira era presença assídua no pequeno ecrã. E se admiro a profissional que é, gosto bastante da mulher que faz questão de mostrar que é. Que se traduz em detalhes como estar sempre bem com o corpo que tem e falar abertamente de temas que muitos preferem ignorar. Ou falar às escondidas. Como é o caso do sexo.

Aos 52 anos, Cláudia Raia aceitou ser fotografada nua (num excelente trabalho do fotógrafo Guilherme Nabhan) para a revista Ela, da Globo. Poderia falar sobre a excelente forma física da actriz, mas isso está evidente nas fotos que aqui partilho. Como tal, prefiro dar palco à conversa que acompanha as fotos. E na qual Cláudia Raia fala abertamente sobre sexo. Algo que aplaudo de pé.

“Quero falar sobre o que der na telha, sem filtro. Já que estou encalacrada sendo esta mulher de 52, por que não posso falar sobre sexo anal, por exemplo, algo que incomoda tanta gente?”, pergunta Cláudia Raia. “O homem vai lá e quer te obrigar a dar o cu! Não gosto, dá licença? Porra. Por que tenho que fazer algo que detesto para agradar a alguém? Com a maturidade, descobri que posso dizer do que gosto e não gosto – na verdade, sempre disse, mas o feminismo veio reforçar isso”, defende.

E faço aqui uma pequena pausa, só para relembrar que esta não é a primeira vez que Cláudia Raia fala publicamente sobre sexo anal. “É uma coisa que é difícil para mim, eu não me sinto confortável, não é por nada, é por dor. Tentei já, mas não é uma coisa que me dê prazer, eu não gosto. Então eu tenho uma primeira opção, não precisa ser a segunda opção”, referiu num passado recente.

Voltando à conversa com a revista, a actriz manteve-se na temática do sexo. “Outra coisa: por que é errado ser uma mulher que gosta de sexo que nem eu, uma 'transarina'? Por que no Brasil quem gosta de sexo é vista como puta? A gente tem vergonha de dizer que gosta. E quanto mais velha, pior. Se for mãe então…”, desabafa. Algo que, na minha modesta opinião, não acontece apenas no Brasil. Aliás, não é preciso sair de Portugal. À parte disto, Cláudia Raia dá a conhecer o [felizmente] único caso de assédio sexual com que teve de lidar ao longo da vida.

“Fui estudar balé em Nova Iorque e fiquei hospedada na casa de um bailarino amigo da minha mãe. Um dia, ele sentou-se ao meu lado e começou a conversar, colocou a mão na minha perna, e daqui a pouco a mão veio subindo, subindo… Imediatamente olhei para o lado para ver o que me cercava, o que eu poderia usar para me defender. Quando ele veio com mais força, peguei a primeira coisa que alcancei, uma coruja de cristal, e 'pow!' na cabeça dele. Não seria diferente porque fui criada para jamais abaixar a cabeça para nada. Felizmente, só passei por isso uma vez na vida”, conclui.







Fotos: Reprodução Instagram/Guilherme Nabhan

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