João e Inês continuavam a percorrer as ruas de Dublin e quem os visse iria garantir que eram um normal casal de turistas que visita a cidade. Porém, nem um nem outro iriam lembrar-se dos locais por onde passavam. Na cabeça de ambos estava apenas tudo aquilo que tinham acabado de viver. Ainda que não falassem sobre isso, João e Inês relembravam cada detalhe do intenso momento de paixão carnal que tinham acabado de protagonizar num beco irlandês. E nenhum deles tinha ainda a noção de que ambos desejavam não esquecer aquilo que tinha acabado de acontecer.
Quando trocavam palavras, João e Inês tentavam verbalizar o impacto que aquele momento teria no futuro de ambos. E aí destacava-se aquilo que tinham dito. Principalmente as ideias de Inês que deixavam João num mar de dúvidas. "Não teria gostado do que tinha acontecido ou estaria arrependida de o ter feito", eram as palavras que ecoavam na sua cabeça. Por outro lado, e era nisso que mais queria acreditar, agarrava-se à ideia de que Inês estava a escolher um caminho fácil que levaria a que se afastasse dela.
Inês tentava passar a ideia de uma mulher que não estava minimamente preocupada com aquilo que ia acontecer dentro de pouco tempo. E aquilo que mais temia era que estivesse a transmitir sinais físicos daquilo que estava realmente a pensar. E que não era muito diferente dos pensamentos de João. Acrescentando ainda o receio de estar a passar a ideia de que era uma cabra sem sentimentos. E foi por isso que ficou assustada quando João voltou a quebrar o silêncio que estava a imperar naquele momento.
"Sei que disse que queria aproveitar o momento sem me preocupar com o futuro, mas tenho de te perguntar isto", começou por dizer João. Inês engoliu em seco com medo do que poderia ouvir. "Peço-te que sejas sincera apenas nisto. Estás só a querer fazer com que me afaste de ti? Ou melhor, a tentar fazer com que não me aproxime em demasia de ti? E poderia alongar-me mais nos motivos em que estou a pensar, mas faço a pergunta apenas assim", disse.
Inês ficou calada. Muito mais tempo do que queria e do que imaginava ter passado. "Nem sei o que te responder. Nem sei o que estou a fazer", é aquilo mais sincero que posso dizer-te neste momento. "Não sei o que isto pode significar para ambos e não quero que nenhum de nós fique com uma péssima imagem um do outro", explicou. "Acho que é evidente que estou a adorar este momento e aquilo que tem acontecido, mas não posso pensar muito além deste momento. Nem o quero fazer", acrescentou. "E desculpa se não era isto que querias ouvir", disse Inês. "É justo", reagiu João.
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