16.11.15

tudo aquilo que não fazia falta neste momento

Os atentados de Paris falam por si mesmo. A realidade está ali ao nosso lado pois todos olhamos para a capital francesa como uma cidade que quase parece portuguesa. Quer seja pela proximidade geográfica, quer seja pela história que liga aquela cidade a tantos portugueses ou por ser um dos diversos destinos acessíveis para muitas pessoas. Isto, e provavelmente muitos outros factores, faz com que se olhe para esta cidade quase como uma extensão nossa.

E é mais ou menos por isto que estes atentados nos tocaram mais. Foram próximos de nós. Roubaram a vida a alguns dos “nossos”. Muitas pessoas têm amigos que lá estavam. Multiplicam-se os relatos de pessoas, mais ou menos próximas, que sobreviveram aos atentados. E isto gera medo. Boa parte dos portugueses terá sentido receio. Se calhar, e apenas para dar um exemplo, existem alguns que estão a adiar viagens a cidades europeias como Londres, Roma ou Madrid. Apesar de o medo não poder vencer trata-se de uma resposta normal ao que se passou num passado muito recente.

Agora, e por cá, existem duas reacções. Existe o medo. E existe uma espécie de alívio por Portugal ser um dos pequenos da Europa. Existem alturas em que lamentamos ser dos últimos mas nesta altura respira-se de alívio por Portugal não ser um dos países temidos da Europa. Nem ser um dos rostos maiores da guerra ao Estado Islâmico. Somos aquele amigo que dá uma palmadinha nas costas dos mais importantes. A realidade nua e crua diz que um atentado em Portugal não teria grande expressão a nível mundial. E ainda bem que assim é.

Por pensar isto é que considero que é um exagero Rui Machete, o ministro dos Negócios Estrangeiros, vir dizer que “não existem garantias absolutas” de que Portugal continue a ser “poupado” aos atentados terroristas. É tudo aquilo que não fazia falta neste momento. Até porque nada diz de novo. Garantias absolutas ninguém tem. Nem Portugal nem outro país. Até a própria França já falou da possibilidade de ser novamente atacada em breve. Mas criar uma onda de medo é totalmente desnecessário. Estas palavras levam ao medo. Que adensa ainda mais aquele que por cá paira vindo de Paris. E dar eco ao medo é um passo rumo à vitória daqueles que querem que exista medo e que as pessoas vivam com medo.

PS - Não é por nada que ao longo dos últimos meses foram impedidos diversos ataques terroristas na Europa. A maior parte deles só agora foi notícia e é assim que tem de ser. Para que o medo não vença.

2 comentários:

  1. Concordo contigo, é verdade que ninguém está a salvo e não sabemos o que o futuro nos reserva, mas não vale a pena andarmos sempre cheios de medo que vai acontecer A ou B, temos de viver a nossa vida de qualquer forma.

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