5.8.15

três meses completamente diferentes


Há três meses estava receoso, deitado numa cama de hospital do Hospital Garcia de Orta, em Almada. Aguardava pela ronda dos médicos para saber se seria operado naquele dia à ruptura total do tendão de Aquiles da perna direita. A equipa chegou perto das nove horas e ficou no ar a incerteza da operação. "Vamos tentar que seja hoje", disseram. E aquelas palavras foram suficientes para que fosse colado o autocolante vermelho "jejum" na minha cama. Pouco tempo depois a incerteza deu lugar a certeza. "És operado hoje", disse-me a enfermeira.

Os nervos aumentaram e só faltava saber a hora da intervenção. Como nunca tinha sido operado estava numa pilha de nervos. Que veio a verificar-se completamente desnecessária. Pouco depois da hora de almoço guiaram-me a cama até ao bloco. Deparei-me com uma equipa divertida e a anestesia fez de mim um puto num parque de diversões. Tudo correu bem. No dia seguinte vim para casa e desde então que luto e empenho-me para ficar mais forte do que naquele dia.

Foram seis semanas a desejar começar a fisioterapia e começar a usar a bota walker que me permite andar "normalmente". Foram longos dias a desejar não andar com o auxílio das duas muletas. Pelo menos de uma delas. Foram muitas horas a querer meter o pé no chão e em perder o medo de o fazer. Foram muitos dias a tentar perder o medo de que qualquer movimento pudesse rasgar novamente o tendão. Foram muitas semanas a desejar não ser dependente de ninguém e a não ter ninguém obrigado a alterar a sua vida por causa da minha. Já na fisioterapia foram (e continuam a ser) dias a desejar ser melhor e mais forte do que no dia anterior.

Três meses depois da operação os receios são quase os mesmos. Vai demorar até perder totalmente o medo em relação ao tendão. Passado este tempo ainda não tenho uma vida normal. Ainda não posso fazer tudo o que fazia nem da mesma forma que fazia antes de me lesionar. Um caminho destes não é fácil. É praticamente impossível não existirem momentos de desânimo. Momentos em que os cenários são todos pintados a preto.

Mas o caminho faz-se andando e os passos de hoje vão ser certamente mais fortes do que os de ontem. E este modo de pensar tem por base o apoio dos meus pais e da minha mulher, as pessoas que estiveram mais próximas neste período de tempo e que me apoiaram (e apoiam) ao máximo. E também da família que está comigo sempre que pode para um mimo que sabe sempre bem. E ainda dos amigos e das pessoas que por aqui passam e que me foram apoiando com comentários, mensagens e emails. Obrigado pelo apoio. Já faltou mais para que tudo volte à normalidade.

11 comentários:

  1. Sabes qual é a minha "teoria"? Destes contratempos saímos sempre enriquecidos. É facto que não é fácil, todos os medos e angústias que referes são normais, mas daqui a um tempo, quando tiveres recuperado a 100% e olhares para trás, a sensação que vais ter é que saíste enriquecido de todo esse sofrimento e, o que é mais importante, dessa experiência.
    Depois conversamos, e dir-me-ás se tenho, ou não, razão.:))
    Continuação das melhoras. Força, já falta pouco.:))
    Beijinho

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    1. Acredito que todas as pessoas saem mais ricas de uma situação destas. Até porque se aprende muita coisa que não se aprende de outra maneira.

      Obrigado

      Beijos

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  2. E graças à tua grande força de vontade, logo logo tudo entrará nos eixos (como se costuma dizer)! Tudo a correr pelo melhor e força :)

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    1. Espero que sim, até porque já foram dados diversos baby steps :)

      Obrigado

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  3. Também fui operada em Abril (13) e lembro-me na altura de vir aqui na altura que foste também. Felizmente correu tudo bem comigo e a minha recuperação foi mais rápida. O problema também nada tinha a ver. Mas o mais importante é mesmo darmos todo o valor e importância à saúde, porque sem ela não somos mesmo nada. Espero que corra tudo bem. Eu dispenso voltar a uma cama de hospital, a não ser para ter babys... porque tem mesmo de ser! EhEhEHEHEH

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    1. Fico muito feliz por ti :)

      É verdade. Por melhor que as coisas corram ninguém deseja voltar a uma cama de hospital pelas piores razões. Espero que voltes pelo teu desejo :)

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  4. O mais importante é que estejas a recuperar bem :)

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    1. Felizmente sim. O importante é também não querer queimar etapas :)

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  5. Pipocante Irrelevante Delirante7 de agosto de 2015 às 01:04

    A operação foi ideia do médico, havia opção de apenas fisioterapia?

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    1. Lesionei-me e fui logo ao hospital. Fizeram o diagnóstico e disseram que a operação era a solução. Nunca me perguntaram se queria fazer apenas fisioterapia. Os casos que conheço assim são de pessoas que deixaram avançar a lesão (não sei como conseguem porque era praticamente impossível andar com o pé no chão) e quando vão ao médico já não existe a opção de operar. Resta mesmo a fisioterapia.

      Fiz uma ruptura total por isso acredito que a operação é o melhor e a forma mais rápida de recuperar. No momento a dúvida era saber com que método seria operado. Se com o "tradicional", aquele que deixa a cicatriz grande que se vê muito ou se com o método de Achillon, que foi o que me aconteceu. Trata-se de uma cirurgia "recente" com um método menos invasivo (por isso é que tenho uma cicatriz pequena. É um "aparelho" que estica o tendão. Além de ser menos invasivo tem uma recuperação mais rápida e alguns aspectos diferentes em relação ao método "tradicional".

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    2. Acrescento apenas que, pelo que me foi dito, o método a seguir depende sempre da zona onde se deu a ruptura do tendão.

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