Há três meses estava receoso, deitado numa cama de hospital do Hospital Garcia de Orta, em Almada. Aguardava pela ronda dos médicos para saber se seria operado naquele dia à ruptura total do tendão de Aquiles da perna direita. A equipa chegou perto das nove horas e ficou no ar a incerteza da operação. "Vamos tentar que seja hoje", disseram. E aquelas palavras foram suficientes para que fosse colado o autocolante vermelho "jejum" na minha cama. Pouco tempo depois a incerteza deu lugar a certeza. "És operado hoje", disse-me a enfermeira.
Os nervos aumentaram e só faltava saber a hora da intervenção. Como nunca tinha sido operado estava numa pilha de nervos. Que veio a verificar-se completamente desnecessária. Pouco depois da hora de almoço guiaram-me a cama até ao bloco. Deparei-me com uma equipa divertida e a anestesia fez de mim um puto num parque de diversões. Tudo correu bem. No dia seguinte vim para casa e desde então que luto e empenho-me para ficar mais forte do que naquele dia.
Foram seis semanas a desejar começar a fisioterapia e começar a usar a bota walker que me permite andar "normalmente". Foram longos dias a desejar não andar com o auxílio das duas muletas. Pelo menos de uma delas. Foram muitas horas a querer meter o pé no chão e em perder o medo de o fazer. Foram muitos dias a tentar perder o medo de que qualquer movimento pudesse rasgar novamente o tendão. Foram muitas semanas a desejar não ser dependente de ninguém e a não ter ninguém obrigado a alterar a sua vida por causa da minha. Já na fisioterapia foram (e continuam a ser) dias a desejar ser melhor e mais forte do que no dia anterior.
Três meses depois da operação os receios são quase os mesmos. Vai demorar até perder totalmente o medo em relação ao tendão. Passado este tempo ainda não tenho uma vida normal. Ainda não posso fazer tudo o que fazia nem da mesma forma que fazia antes de me lesionar. Um caminho destes não é fácil. É praticamente impossível não existirem momentos de desânimo. Momentos em que os cenários são todos pintados a preto.
Mas o caminho faz-se andando e os passos de hoje vão ser certamente mais fortes do que os de ontem. E este modo de pensar tem por base o apoio dos meus pais e da minha mulher, as pessoas que estiveram mais próximas neste período de tempo e que me apoiaram (e apoiam) ao máximo. E também da família que está comigo sempre que pode para um mimo que sabe sempre bem. E ainda dos amigos e das pessoas que por aqui passam e que me foram apoiando com comentários, mensagens e emails. Obrigado pelo apoio. Já faltou mais para que tudo volte à normalidade.
Sabes qual é a minha "teoria"? Destes contratempos saímos sempre enriquecidos. É facto que não é fácil, todos os medos e angústias que referes são normais, mas daqui a um tempo, quando tiveres recuperado a 100% e olhares para trás, a sensação que vais ter é que saíste enriquecido de todo esse sofrimento e, o que é mais importante, dessa experiência.
ResponderEliminarDepois conversamos, e dir-me-ás se tenho, ou não, razão.:))
Continuação das melhoras. Força, já falta pouco.:))
Beijinho
Acredito que todas as pessoas saem mais ricas de uma situação destas. Até porque se aprende muita coisa que não se aprende de outra maneira.
EliminarObrigado
Beijos
E graças à tua grande força de vontade, logo logo tudo entrará nos eixos (como se costuma dizer)! Tudo a correr pelo melhor e força :)
ResponderEliminarEspero que sim, até porque já foram dados diversos baby steps :)
EliminarObrigado
Também fui operada em Abril (13) e lembro-me na altura de vir aqui na altura que foste também. Felizmente correu tudo bem comigo e a minha recuperação foi mais rápida. O problema também nada tinha a ver. Mas o mais importante é mesmo darmos todo o valor e importância à saúde, porque sem ela não somos mesmo nada. Espero que corra tudo bem. Eu dispenso voltar a uma cama de hospital, a não ser para ter babys... porque tem mesmo de ser! EhEhEHEHEH
ResponderEliminarFico muito feliz por ti :)
EliminarÉ verdade. Por melhor que as coisas corram ninguém deseja voltar a uma cama de hospital pelas piores razões. Espero que voltes pelo teu desejo :)
O mais importante é que estejas a recuperar bem :)
ResponderEliminarFelizmente sim. O importante é também não querer queimar etapas :)
EliminarA operação foi ideia do médico, havia opção de apenas fisioterapia?
ResponderEliminarLesionei-me e fui logo ao hospital. Fizeram o diagnóstico e disseram que a operação era a solução. Nunca me perguntaram se queria fazer apenas fisioterapia. Os casos que conheço assim são de pessoas que deixaram avançar a lesão (não sei como conseguem porque era praticamente impossível andar com o pé no chão) e quando vão ao médico já não existe a opção de operar. Resta mesmo a fisioterapia.
EliminarFiz uma ruptura total por isso acredito que a operação é o melhor e a forma mais rápida de recuperar. No momento a dúvida era saber com que método seria operado. Se com o "tradicional", aquele que deixa a cicatriz grande que se vê muito ou se com o método de Achillon, que foi o que me aconteceu. Trata-se de uma cirurgia "recente" com um método menos invasivo (por isso é que tenho uma cicatriz pequena. É um "aparelho" que estica o tendão. Além de ser menos invasivo tem uma recuperação mais rápida e alguns aspectos diferentes em relação ao método "tradicional".
Acrescento apenas que, pelo que me foi dito, o método a seguir depende sempre da zona onde se deu a ruptura do tendão.
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