Cara Delevingne foi protagonista de uma entrevista no mínimo caricata (quem não viu pode ser aqui). Tudo começou mal porque fica bastante claro que a actriz não gostou que lhe tivessem perguntado se tinha lido o livro que inspirou o filme Cidade de Papel ou se não o tinha feito devido à sua agenda apertada. A actriz decidiu gozar dizendo que não tinha lido o livro nem sequer o guião. Acredito que muitas pessoas pensem que se trata de uma pergunta desnecessária. Pessoalmente não acho. Entendo que para alguns actores bastaria ler o guião. Tal como acredito que muitos dizem que leram quando não o fizeram. Independentemente disto, acho que não existe motivo para que a actriz fique amuada.
A segunda pergunta é se a quantidade e a frequência de trabalhos fazem com que seja mais fácil manter-se focada no trabalho. Mais uma pergunta que a actriz odiou. A partir daqui Cara optou sempre por dar respostas absurdas antes de responder de uma forma mais verdadeira. A entrevista nunca se endireitou e chegou ao ponto em que os jornalistas lhe perguntam se está exausta. Fala-se também de que possa estar irritada e que a culpa seja dos jornalistas. Cara concorda e diz que sim, que é culpa dos jornalistas. Posto isto, a jornalista diz então a deixa ir embora para que possa dormir uma sesta ou beber um Red Bull. E a entrevista acaba ali. A equipa do programa Good Morning Sacramento abdica do tempo que ainda tinha para conversar com a actriz.
Cara Delevingne já se defendeu, recorrendo – independentemente de ser sincera ou não - que as pessoas não percebem o sarcasmo nem o humor britânico. Nos dias que correm tudo é desculpado com humor e com a falta de encaixe dos outros. Qualquer dia ainda hei-de ver políticos a dizer que era humor e que as pessoas não perceberam. Como se as pessoas tivessem a obrigação de conhecer o humor de todas as outras. Quanto aos jornalistas, aponto o dedo apenas à mulher que começa por lhe chamar Carla em vez de Cara. Isto é uma falha facilmente evitável. De resto, as perguntas não são absurdas nem polémicas. E a actriz só tem de responder às mesmas. Pois é paga para isso. Os actores não promovem filmes porque gostam de o fazer. Promovem porque é uma obrigação profissional que faz parte do contracto. Depois existem os que gostam de dar entrevistas e os que fazem fretes mas são todos obrigados.
Por outro lado, enalteço a atitude dos jornalistas em diversos pontos. Em questionar a sua falta de entusiasmo. E em acabar com a entrevista quando Cara, a brincar ou não (e os jornalistas que não a conhecem pessoalmente não têm de saber quando brinca ou quando fala a sério) diz que o problema é mesmo deles. E enalteço esta atitude porque sou jornalista num país em que os famosos são bajulados. Se isto fosse em Portugal, ao contrário do que se verificou nos Estados Unidos, a crítica seria centrada nos jornalistas e não na celebridade. E, neste caso específico, a culpa é na sua maior parte da celebridade.
um bom jornalista tem por obrigação perceber a ironia e identificar o tipo de humor. mas hoje em dia é tudo muito básico. a fasquia ta muito baixa. veja-se a qualidade dos jovens actores portugueses que apenas o são porque sim. falta-lhes muito trabalho de casa mas continuam a ser idolatrados. pelos jornalistas, claro
ResponderEliminarExistem espaços para a ironia. E aquele não é um deles. Tal como a promoção de um drama também não é. As pessoas têm de saber estar e as celebridades têm de deixar de pensar que todos têm de saber tudo sobre si. E além disso acho que está na moda desculpar tudo com humor.
EliminarPorque é que uma celebridade tem de ser simpática e igual a todos? Ao contrário de todas as celebridades (atrizes, cantoras, modelos) que parece que vêm todas da mesma fábrica com as mesmas respostas para tudo, é refrescante ver alguém com um bocadinho de personalidade.
ResponderEliminarEu vi o vídeo e bolas, vê-se que ela está a gozar. Se os jornalistas são demasiado atados para conseguirem prosseguir com uma conversa com alguém "difícil" talvez não devessem ser jornalistas. E se tivessem de entrevistar um assassino?
E eu acho um bocadinho insultante perguntar a uma atriz se ela leu o livro do filme que protagoniza - mesmo que se ache que não leu, não interessa - ao menos perguntei de que parte gostou mais do livro, algo do género.
Não defendo que as pessoas tenham de ser iguais. E não considero que faltar ao respeito a profissionais seja personalidade.
EliminarDizes que vê-se que ela está a gozar. Será que a jornalista está a gozar quando lhe chama Carla? Será que estão a gozar com as perguntas de que ela não gostou? E será que ela tem a obrigação de saber que os jornalistas estão a recorrer ao humor com ela?
Falas do assassino. Se entrevistar uma pessoa acusada de matar três pessoas não estou à espera de humor. É verdade que matou aquelas três pessoas? E o suposto assassino responde "É. Uma das vítimas ainda violei. A outra cortei a cabeça e à terceira deixei a minha inicial no peito feita com uma faca". Depois diz-me "Estou a brincar. Estou inocente. Estava a revelar o meu humor". Isto não faz sentido.
Não acho que seja um insulto porque a obrigação dela é ler o guião. O filme é inspirado num livro mas o realizador pode querer que os actores sigam o guião e não se fixem no livro. Por isso não considero a pergunta insultuosa. Até porque existem actores que evitam ler livros ou ver filmes anteriores para que não "copiem" algo.
As pessoas devem saber estar. Se for convidado para o 5 para a Meia Noite sei que vou ter pela frente uma conversa pautada por momentos divertidos. Se for à Prova Oral sei que irá ser falado de sexo e que o humor também estará presente. Se for entrevistado num telejornal sei que a postura terá de ser mais séria. Depois, tenho de saber distinguir uma entrevista sobre a minha vida/carreira e uma onde estou por obrigação profissional para promover o meu último projecto onde sou apenas um mero funcionário. Saber estar nestes diferentes cenários sem perder a individualidade que me caracteriza revela personalidade. Achar que sou comediante ou que todas as pessoas têm a obrigação de conhecer o meu humor revela falta de profissionalismo. Isto no meu modo de pensar.
Não é falta de respeito, outra vez, ela estava a brincar. Chama-se humor. Se os jornalistas não conseguem lidar, mudem de profissão.
EliminarSe entrevistar um assassino psicopata se calhar devia estar à espera que ele goze consigo. Ou diga coisas bem piores que essas.
Os jornalistas mostraram falta de profissionalismo em não saberem o nome dela e em fazerem uma pergunta básica como aquela. Bastava uma "o que achou do livro" em vez de "leu o livro", pois a última dá só a entender que a atriz é preguiçosa.
Ela não é uma celebridade profissional - é modelo e agora atriz. Não tem de ser simpática, não tem de responder às perguntas com a mesma fórmula de sempre, e se os jornalistas mostram incompetência ela tem o direito a gozar com eles, que absurdo.
Há saber estar para uns, para outros não. Há pessoas muito interessantes que se sabem adaptar a diferentes tipos de cenário e há outras que não sabem e não são menos interessantes por isso (nem menos profissionais). Há realizadores brilhantes que mandam jornalistas à merda por estes fazerem perguntas estúpidas e básicas, há quem goze com eles pelos mesmos motivos.. Se não aguentam isto, mudem de profissão.
Mas porque é que os jornalistas têm a obrigação de saber que ela está a brincar e ela não tem a obrigação de saber que eles também podem estar a brincar com ela? A minha questão é essa.
EliminarSe ouviste bem a pergunta do livro, não tem nada a ver com preguiça. É salientado que tem uma agenda muito apertada com diversos projectos, como tal, teve tempo para ler o livro? A pergunta é assim e não apenas "leu o livro?". Por isso não associo a preguiça.
O que é uma celebridade profissional?
E volto a dizer, ela está a ser paga para dar aquela entrevista. Aquilo não é um favor que ela faz a alguém. É algo a que está obrigada a fazer quando aceita fazer o filme. E ela está a ser a cara de um projecto que não é dela.
Não sei qual é a tua profissão mas enquanto jornalista posso dizer-te que existem muitas pessoas como as que referes que nenhum jornalista quer falar com elas. Por maior que seja a novidade que têm para dar.
E isto é algo que provavelmente também não sabes (caso não sejas jornalista) mas quando as celebridades - seja de que área for - querem promover os seus trabalhos, as suas borlas e tudo mais, são os melhores amigos do mundo dos jornalistas.
Quando na realidade não estão acima de ninguém. Tu achas que ela esteve muito bem (não concordo mas aceito porque é uma opinião válida) eu acho que eles estiveram bem em acabar com a entrevista quando ela diz que o problema é deles. E fico feliz por reparar que ela tem sido criticada pelo que fez. Porque por cá, ataque-se quem entrevista.
E não percebo isso do mudar de profissão. A entrevista estava a correr mal, não tinha qualquer piada para quem estava a ver e acabou antes do tempo. Lidaram com a situação bem. Tal como os entrevistados se levantam quando não gostam das coisas. Daí a mudar de profissão vai uma grande distância.
EliminarFalta de respeito foi a condescendência com que a tratarem desde o início (sem contar que a chamaram de Carla em vez de Cara). Ter como garantido porque só por ser modelo/atriz não ia ler o livro é do mais idiota que há. Isto para não falar de que os jornalistas deviam ter preparado a entrevista e saber que a pessoa em questão é sarcástica e tem um sentido de humor peculiar (basta seguir o Instagram por exemplo) ou saber que provém de famílias da classe alta inglesa e que provavelmente é mais culta e vivida do que aqueles três bananas juntos.
EliminarPorque os jornalistas deveriam ter a obrigação de saber ler as pessoas....? Porra faz parte da profissão deles, não? Adaptarem-se a todo o tipo de situações.
EliminarPronto, ela (e muitos colegas de profissão dela) associou a preguiça e a pergunta caiu mal a muita gente.
Uma celebridade profissional, não sabe o que é? Dou-lhe um exemplo, Kim Kardashian. Cá a Cinha Jardim. Não é nada assim tão estranho, já existem há muito tempo.
Está a ser paga para fazer aquela entrevista ou está a ser obrigada? Sim, os atores têm de promover o filme que fazem, está no contrato deles. Isso não significa que tenham de ser simpáticos.
Não sou jornalista, mas se fosse não queria entrevistar uma pessoa por ela ser simpática e porreira. Para isso tenho os meus amigos.
E lá está, há celebridades que fazem de tudo para promover o seu trabalho. Outros nem tanto. Dou um exemplo, o realizador Malick é um recluso que não fala com jornalistas há anos e anos e não aparece em qualquer evento público. No entanto o seu filme, Tree of Life, foi dos mais falados de 2011. O mesmo para o escritor Alan Moore. Ou para a modelo Naomi Campbell.
Ninguém diz que estas pessoas estão acima das outras. Mas também não acho que seja o dever deles bajular os jornalistas ou público em geral, perdendo toda a sua personalidade pelo caminho.
Disse que é dever dos jornalistas lidar com o mais variado tipo de situações (bolas, há repórteres de guerra). Se não conseguem lidar com que um ator, músico, realizador, pintor, etc. seja antipático para eles (quando os jornalistas demonstraram falta de profissionalismo) então sim, deviam considerar mudar de profissão.
@anónimo 19h49
EliminarSeguir o instagram de uma celebridade é sem dúvida um requisito obrigatório para um jornalista. É isso que ensina muito sobre alguém. De resto, critiquei que se tenha enganado no nome. Por fim, não entro nisso dos bananas, nem para eles nem para ela.
@anónimo 11h16
Continuo a desconhecer isso da celebridade profissional. Se me disseres que existem pessoas que são famosas por serem famosas é uma coisa. Isso da celebridade profissional não existe. Nem aqui nem em parte nenhuma do mundo. Significa que os rendimentos que têm são pagos pela fama? A fama é o patrão destas pessoas? A Kim Kardashian é paga a peso de ouro pelo programa que tem. E pelos negócios que faz e por muitas outras coisas que estão associadas ao programa, se bem que a fama inicial dela até vem de um filme pornográfico caseiro que foi tornado público. Resumindo, os rendimentos dela estão associados ao programa que por sua vez lhe dá fama e outras oportunidades de negócio. Daí a dizer que é uma celebridade profissional é algo que não tem (na minha opinião) lógica.
Mas quem é que defende a bajulação dos jornalistas? Sendo um facto (e uma realidade que não conheces) que é algo que existe quando é uma necessidade das celebridades.
O que um repórter de guerra tem a ver com um jornalista que está num estúdio a entrevistas uma pessoa? Qual a ligação?
A entrevista foi péssima do início ao fim. Começou mal, a entrevistada não gostou, os entrevistadores também não. Prolongar a mesma era mau para todos.Acabou ali e bem.
Sabe que há pessoas que não têm patrões....? Tipo donos de empresas e trabalhadores independentes. E sinceramente não há título oficial para essas pessoas, chamo-lhes celebridades profissionais porque sim, são pagas para serem famosas! São pagas para irem a festas só por aparecerem, são pagas para terem programas porque são conhecidas, etc. A Kim Kardashian (não estou a criticá-la) nunca fez nada para merecer a fama que tem, simplesmente foi crescendo, foi ganhando fama porque sim. E claro que escalou quando apareceu o seu programa. Normalmente as pessoas são conhecidas por alguma coisa pública (arte, política). Ela é famosa porque sim.
EliminarNão conheço a realidade porque não sou jornalista? A sério? É essa a justificação? E que tal estudar, ler, falar com pessoas, ver entrevistas, ver filmes... Não é suficiente para conhecer minimamente uma realidade? Há detalhes que não devo conhecer, tal como tu não conheces todas as realidades da tua própria profissão porque não trabalhas em todos os jornais do mundo.
A ligação, não me pareceu ser complicada, é que se um jornalista de guerra consegue enfrentar uma guerra, um jornalista que entrevista celebridades consegue enfrentar uma mal disposta.
Vou voltar a explicar. Como não és jornalista e não estás no meio não conheces a realidade em que os famosos bajulam os jornalistas porque lhes dá jeito. Isto é algo que não passa para quem compra um jornal, lê uma revista, lê uma noticia num site ou vê um programa de televisão. Esta realidade (e era apenas desta que falava) só pode ser conhecida por quem assiste/lida com estas coisas. Simplesmente isso.
EliminarVoltando à Kim, ela não é um exemplo de pessoa que não tem patrão. Pelo menos na sua totalidade porque o seu maior rendimento vem de um programa que não é seu. É sobre a sua família mas não é seu. Logo, existe um patrão que lhe paga para que ela exponha a sua intimidade na televisão.
Sobre o jornalismo de guerra, isso levava-me para um debate que nada tem a ver com este assunto sobre os verdadeiros jornalistas de guerra e aqueles que cobrem a guerra na varanda do hotel cinco estrelas onde não existe perigo mas para quem as pessoas olham como verdadeiros heróis.
E para acabar com este assunto, para ti a Cara esteve muito bem e os jornalistas são uns parvalhões. Tudo bem! Aceito esse ponto de vista.
Obrigado pela conversa.
Isto é uma questão complexa, eu cá acho que os jornalistas são, na maior parte das vezes, bastante inconvenientes, no entanto, deve certamente haver excepções. como em tudo na vida.
ResponderEliminarNeste caso não porque são perguntas sobre a vida profissional. Não são perguntas pessoais.
EliminarVi o vídeo da entrevista e estava à espera de outra coisa, pelo que dizias. Concordo que as perguntas não eram ofensivas, mas curiosamente também não acho que as respostas tenham algo de mal. Terminaram a entrevista precocemente, do meu ponto de vista. Acho que eles estiveram pior do que ela.
ResponderEliminarA jornalista entra mal quando lhe chama Carla. Depois, ela não gostou da primeira nem da segunda pergunta. E aquilo foi sempre a descer. Com ela a gozar antes de dar uma resposta séria. E como pau que nasce torto nunca se endireita, acabou. Existem comportamentos condenáveis de parte a parte mas fico agradado que ela seja criticada porque é algo a que as pessoas - sobretudo em Portugal - não estão habituadas.
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