não faz sentido nenhum. mas as pessoas continuam a dizer

Existem expressões características que muitas pessoas utilizam. Por exemplo, quem nunca disse algo como “esta é uma dor boa” ou “este pão é guloso”? E, caso alguém não diga, certamente que já ouviu um familiar, amigo ou conhecido reproduzir estas palavras ou outras semelhantes. 

No caso do primeiro exemplo, é comum dizer-se aquelas palavras depois de um duro treino no ginásio. O corpo está dorido mas as pessoas dizem, e eu sou um dos que diz, que é uma dor boa porque é sinal de que se treinou bem. No caso do segundo exemplo, é bastante comum dizer ou ouvir estas palavras num almoço/jantar em que o pão é bom, o que faz com que seja quase impossível parar de o comer. Nessa altura, algumas pessoas, mais uma vez sou dos que diz, dizem que o pão é guloso.

Agora, vou analisar aquilo que muitas pessoas dizem. Dor boa? Mas existe alguma dor que seja boa? É certo que a pessoa pode ficar satisfeita porque treinou no duro e as dores musculares são a prova disso. Mas isso não faz da dor algo bom porque certamente que todas as pessoas, se tivessem essa opção, preferiam treinar com a mesma intensidade mas sem dores pós-treino. O pão é guloso? Será mesmo assim? Ou os gulosos são aqueles que não conseguem parar de comer o pão porque lhes está a saber tão bem? Guloso é aquele que gosta de iguarias apetitosas e o pão não pode ser acusado disso.

Numa análise fria, são duas frases sem qualquer sentido. Mas a verdade é que quase ninguém as corrige e quase todas as pessoas as dizem. E quando alguém tenta corrigir o que foi dito, é quase sempre em jeito de brincadeira, motivando um momento divertido no grupo de pessoas que estão presentes na conversa. E mesmo sabendo que não faz sentido, as pessoas continuam a falar em dores boas e em pães gulosos. E ainda bem.