Parece que a crise económica e todos os escândalos que levam
muitas pessoas a temer o futuro do país não são suficientes para assustar os
portugueses. Como tal, o Instituto Nacional de Estatística decidiu elevar o
patamar do futuro assustador para outro nível. Como? Revelando que os
portugueses são menos. Além disso estão mais velhos. E também mais pobres.
Ao longo de dez anos, Portugal perdeu 45.749 habitantes. E
já nem os estrangeiros querem viver cá. Ao longo dos últimos três anos a taxa
migratória registou valores negativos. Ou seja, existem mais portugueses a
fugir daqui do que estrangeiros a tentar a sorte por cá. Além disto, os
nascimentos continuam a descer. De 101.381 em 2010 passamos para os 82.787 no
último ano. Por sua vez, as mulheres são mães (as que ainda são) cada vez mais
tarde com a média de idades do nascimento do primeiro filho a quedar-se nos 29,7 anos (mais cinco
do que em 1990).
Já faltavam os casamentos. Se as mulheres têm o primeiro
filho cada vez mais tarde, perto de 50% dos nascimentos acontecem fora do
casamento pois os portugueses casam cada vez menos e, quando o fazem, cada vez
mais tarde, com uma média de idades superior aos trinta anos. No lado oposto
estão os divórcios, que continuam a crescer ao longo dos últimos dez anos apesar de nos últimos três terem diminuído. Neste caso aponta-se a crise económica como um dado que leva
casais a manter famílias apenas por isso.
É impossível olhar para estes dados e não ponderar sair do
país. É quase impossível não ficar triste e não temer o desconhecido em relação
ao que aí vem. Será que irá piorar? Ou será que vai ter lugar uma animadora
reviravolta? Quero acreditar que tenho futuro no meu país mas, caso alguém
encontre por aí um futuro risonho e animador, digam-lhe que faz falta em
Portugal.
No outro dia ouvi alguém dizer que há menos divórcios simplesmente porque há menos casamentos e achei que fazia sentido. Mas se calhar o valor apontado não é termos absolutos, mas sim em percentagem (e aí já me parece possível que haja menos divórcios por questões económicas).
ResponderEliminarDe acordo com os especialistas, existem casais que se mantêm unidos apenas pelas questões financeiras. E conheço casos destes.
EliminarTens razão...faz mesmo falta um futuro risonho ao nosso país. Posso parecer utopista, mas ainda tenho fé na capacidade do nosso povo em dar a volta. Ainda acredito que o nosso cantinho à beira-mar consigo voltar a tempos mais dourados. Ou pelo menos, quero acreditar.
ResponderEliminarhttp://thelusofrenchie.blogspot.pt
Eu também quero acreditar nisso. Mesmo.
EliminarSão ciclos. O problema em PT é que estes ciclos se repetem cada vez mais frequentemente.
ResponderEliminarÉ isso mesmo. Ciclos que começam a ser uma constante.
Eliminareu vejo para mim um futuro risonho e animador! e não pretendo sair daqui outra vez tão depressa! tenho 34 anos, não tenho um contrato de trabalho, não casei, não tive filhos nem sei se terei, homens escasseiam, não tenho poupanças nem casa própria... os paradigmas estão a mudar. a vida já não tem de ser como nos disseram que tinha de ser e, pior, que ia ser. temos de mudar de perspetiva e não necessariamente de país (e quem muda de país também pode fazê-lo por outra razão que não seja fugir de Portugal). Tens o futuro que fores no presente. Menos portugueses, mais velhos e mais pobres. De repente percebi porque ainda estou solteira! Isso é que é crise! ;)
ResponderEliminarSe não me engano, falei uma vez contigo ao telefone, através da amiga que temos em comum. E é uma delícia ouvir-te falar. És daquelas pessoas que desmontam estas estatísticas em dois minutos e que transformam o cinzento na mais viva das cores. O meu eterno obrigado por isso e por esse espírito.
EliminarTal como tu, tenho 33 anos, ainda não casei, não sou pai, não tenho casa e as poupanças são um termo complicado para mim. Mas continuo a acreditar no amanhã, aproveitando cada momento do presente.
Obrigado pelas tuas palavras Rita ;)
Beijos
Bom dia :)
ResponderEliminarUi, poderia conversar contigo sobre este tema durante um dia inteiro! Durante anos tenho enchido cadernos com ideias que, em teoria, poderiam ajudar a melhorar o nosso paradigma de vida.
Eu sou igualmente realista e optimista. Sei ler a realidade mas acredito piamente que iremos conseguir.
Como optimista digo que, sem problemas não existiram soluções. Existe a oportunidade de criar algo melhor.
Como realista digo que, sem uma análise profunda sem pudores não vamos à raíz do problema, sem uma mudança de paradigma não resolveremos o problema, só trataremos dos sintomas até à próxima crise. Daí o ciclo vicioso. Existe a necessidade de criar algo melhor.
Quanto à pobreza, na minha óptica, um dos maiores defeitos é dependermos totalmente do salário, não existe nem auto-suficiência nem autonomia.
De forma muito resumida, a "minha" solução passaria por cada pessoa dividir o dia entre uma carreira profissional em part-time, e a agricultura de subsistência.
Quero acreditar nas oportunidades de que falas. E quero mesmo acreditar que este ciclo está perto do seu fim e que estamos a caminho de um futuro melhor. Gosto muito dessa ideia.
EliminarAndo a ponderar, muito seriamente, sair do país. E de uma coisa tenho a certeza neste momento, não é aqui que quero educar um filho, este país não merece.
ResponderEliminarÉ mau quando chegamos ao ponto de sentir isso em relação ao nosso país. É o que nos levam a sentir. Espero que uma reviravolta traga o amor pelo que é nosso de volta.
EliminarEu, optimista que sou, já estive mais pessimista, mas acho que isto vai dar uma volta. Há jovens com muito talento, com expectativas, com força para darem a volta a isto.
ResponderEliminarSó falta substituirmos os rostos e as mentalidades que estão no governo.
Beijinho
Quero acreditar no mesmo do que tu!
EliminarBeijos
Estou fora de Portugal e não penso em ter vida aqui (moro no Rio). No entanto, acho que o nosso problema passa em grande parte pela nossa forma de ver Portugal aos olhos dos outros. É impressionante como não temos uma "boa reputação" e exemplo disso é verificar empresas portuguesas que apenas viram o sucesso chegar quando passaram a incluir no produto "made in outro-país-qualquer-da-UE". É triste verificar como não defendemos o nosso país. Desde que me mudei, sou mais patriota. E quando todos formos assim, as coisas mudarão.
ResponderEliminarFalas de algo que ouço de várias pessoas que estão fora. Quando saem de cá começam a ver a nossa realidade com outros olhos.
Eliminar