Num destes dias deliciei-me a ouvir o Joaquim Letria à conversa com Fernando Alvim no programa Prova Oral. Enquanto jornalista e apaixonado pelo mundo da comunicação tenho em Joaquim Letria um exemplo e uma fonte de inspiração. Acho até que é impossível falar da história nacional da comunicação sem mencionar o seu nome num ou noutro momento. Fez parte de projectos marcantes dos quais todas as pessoas se lembram, como é o caso do jornal Tal & Qual.
Existiram vários momentos da conversa que me marcaram. Mas houve um que me deu um especial gozo. Refiro-me ao momento em que Joaquim Letria confidenciou que sempre gostou de ter dois empregos. Que sempre foi assim, desde muito novo. “Era uma questão de segurança? Caso um corresse mal, tinhas o outro?”, questionou Fernando Alvim. “Não. Era para poder mandar um chefe à merda”, respondeu, sem papas na língua e igual a si mesmo, Joaquim Letria.
Este “vai à merda”, algo que acabou por fazer apenas uma vez e com uma pessoa que considera um grande chefe, não era apenas pelo prazer ou gozo de o fazer. Era algo que queria poder fazer num momento que verdadeiramente o merecesse. E a verdade é que todos os trabalhadores, em algum momento, já tiveram este mesmo desejo. Umas vezes merecido, outras vezes apenas por questões pessoais sendo que raramente esta expressão é proferida. Em grande parte por medo de eventuais represálias.
Quanto mais o ouvia falar, mais certezas tinha de que fazem falta pessoas assim nos cargos de chefia. E não me refiro apenas ao jornalismo. Em muitas empresas, quem manda não sabe o que faz. Não têm noção das coisas ridículas que pedem às equipas que comandam. Não têm noção dos quilómetros de distância que separam as suas palavras da realidade com que os funcionários lidam. Em muitos casos, porque nunca lidaram com a realidade. Foram somente chefes. Mesmo sem o saber ser. E assim vão crescendo os “vai à merda” que ficam acumulados nos trabalhadores e que raramente são ditos.
Na cadeira do poder senta-se muita gente que não fez por merecê-lo e poucos, muito poucos aceitariam um "vai à merda" e aprenderiam com a situação.
ResponderEliminarNice fim de coiso...
Já nem vou aos vai à merda. Muitos chefes não aceitam aprender com quem está numa posição inferior.
EliminarSem dúvida. :)
EliminarO que é pena.
EliminarTantos acumulados “vai à merda” que eu tenho... :(
ResponderEliminarQuem não tem?
EliminarÉ mesmo isso. E a expressão é essa "mandar à merda". Joaquim Letria no seu melhor :)
ResponderEliminarRecomendo o programa que está disponível em podcast :)
EliminarO chefes atualmente proliferam que nem cogumelos e com uma arrogancia de quem posso, mando e quero.Sem conhecimentos práticos de nada, sem experiencias de vida Há excepções, e ainda bem, mas nos geral a humildade não é caraterística que se lhes aplique.
ResponderEliminarOh, se há tantos "vai à merda" guardados ou ditos na sua ausência.
É um quero, posso e mando muitas vezes despido de argumentos e apoiado apenas no argumento "porque sou o chefe". Quando as coisas correm mal, o chefe culpa a equipa. Simples.
EliminarUma verdade.
ResponderEliminarQuantas foram as vezes que, entre dentes e/ou para o meu decote, mandei os chefes à merda.
Beijinho
Quem não o fez?
Eliminarbeijos
HSB quem tem cu tem medo e os portugueses morrem de medo...à exceção de meia dúzia deles que esses sim podem mandar tudo e todos " à merda".
ResponderEliminarRefira-se que "os sem abrigo e outros marginais" também nos mandam com facilidade para esses lados....os extremos tocam-se
Madame Pompadour
Como dizia o Joaquim Letria, naquela altura era mais fácil mandar alguém à merda. Hoje, é só represálias que se alargam, em alguns casos, a outras pessoas.
EliminarTens razão HSB, o trabalho hoje em dia está descapitalizado
EliminarMadame Pompadour
Isto hoje é uma selva.
EliminarO mês passado mandei os meus superiores 'à merda'. Despedi-me e pronto, de um dia para o outro. Fui tão mal tratada, as condições eram tão precárias que nem sequer avisei com tempo (recibos verdes). Quando me perguntaram o porquê, disse tudo o que tinha a dizer (com educação, claro).
ResponderEliminarAs empresas cada vez tratam pior os seus colaboradores devido à crise mas temos de lutar contra isso.
Os meus parabéns! Fizeste muito bem.
EliminarConcordo plenamente!
ResponderEliminarEu já mandei (mentalmente, não verbalizei) alguns chefes à merda e... não mais do que uma vez... a liberdade de poder dizê-lo a viva voz é "priceless".
Sobretudo quando tens razão e quando os fazes engolir muitos sapos.
EliminarComo tu tens razão...acho que cada vez estamos mais num mundo de "yes sir" (são esses os que supostamente sobem na vida)...e umas tantas pessoas deviam de vez quando ouvir um valente "vai à merda".
ResponderEliminarBom fim de semana :) Bjs
Já diz a sabedoria popular, quanto mais nos baixamos...
Eliminarbom fim-de-semana :)
beijos e prova a bola de berlim
E ainda não foi desta que fui provar essas fabulosas bolas de berlim...tenho cá para mim que o tempo desaparece sem darmos conta :) Fui dar um passeio pela cova do vapor e experimentei as deles, que me tinham falado maravilhas...não eram más, mas confesso não fiquei fã :)
EliminarTens de provar as do Emílio ;)
EliminarÉ isso mesmo, há muito boa gente que precisava que lhe dissessem um grande vai à merda. É uma praga transversal em todas as áreas profissionais, infelizmente.
ResponderEliminarMuitas pessoas mereciam ouvir isso. E várias vezes.
Eliminare os broncos que quando lhes dizes isso, é quando "afinam" e parecem depois um relógio suíço...
ResponderEliminarà parte - mas ter ouvido no dia anterior a malta do CM e CMTV e depois ouvir o Joaquim Letria serviu como limpeza, foi mau demais ouvir aquela malta...
Ficam logo ofendidos. Típico. Só o ouvi na Prova Oral.
Eliminara malta do CM e CMTV foi na prova oral no dia anterior à do JLetria
EliminarNão ouvi. Gostava de ter ouvido a Cristina Ferreira naquele registo mas também não ouvi.
Eliminarnão ouvi até ao fim, só 40m mas mais do mesmo, só mudou um "pouco" por causa do registo do programa...
EliminarAssim não fico com vontade de ouvir.
EliminarGosto muito deste teu texto. Gosto muito pouca da minha falta de coragem para às vezes não "mandar à merda" quem devia ir sozinho e de olhos fechados... Bj
ResponderEliminarÉ uma falta de coragem mais do que normal nos dias que correm. É um preço muito alto e nem toda a gente o pode pagar.
EliminarBeijos
Escreveste isto para mim??? Tenho aqui alguns 'vai à merda' atravessados! Hoje não foi o dia, mas estará para breve. Nem será preciso proferir tais palavras, basta só uma cartinha em cima da secretária do boss :))))
ResponderEliminarAté para mim escrevi isto que já devia ter dito mais do que os que disse.
EliminarPois tem toda a razão...
ResponderEliminarO pior é que quando uma pessoa se candidata a um emprego, qual é a primeira coisa que pedem? Referências ao empregador anterior...
Cumprimentos,
Compreendo-te. Mas acho que é quase sempre possível encontrar alguém que dará boas referências sobre nós.
EliminarAbraço