Cenário: um supermercado. Fila para pagar. À minha frente está uma senhora que se faz acompanhar da filha, que não deveria ter muito mais de dez anos. Têm um carrinho de compras e vão colocando as compras no tapete rolante para pagar. Deixam alguns artigos no carro. Que tapam, de modo a que fiquem escondidos e fazendo com que escapem aos olhos da funcionária da caixa. Artigos que acabam por não pagar.
Isto podia ser fruto da minha imaginação. Aquilo que parecia ser um roubo propositado poderia na realidade ter sido um lapso. Os artigos que ficaram no carrinho de compras poderiam ter passado despercebidos à mãe e à filha. São coisas que acontecem. Até ao momento em que mãe e filha, depois de pagarem as compras (aquelas que decidiram pagar) partilham um “high five” ao estilo: “boa! Roubamos alguns artigos e já enganámos mais uns. Somos mesmo espertas”. Nesse momento dissipam-se as dúvidas. Roubaram. E têm orgulho no que fizeram.
Tenho vergonha e pena de pessoas assim. E já nem ligo ao orgulho de roubar. Isso já não me surpreende. Aquilo que me espanta é ver uma mãe a roubar com a filha. E com orgulho no que estão a fazer. Como se roubar meia dúzia de coisas fosse digno de uma celebração. De uma conquista recheada de glória. Isso sim, é algo que me espanta. O orgulho com que uma mãe ensina a filha a roubar e a enganar o próximo.
Além disso, as pessoas arriscam tanto por tão pouco. Arriscam ser apanhadas por um segurança e passar a vergonha de ter de justificar esta situação. Mas acredito que quem faz este tipo de coisas não tem vergonha na cara. Por isso, caso sejam abordadas por um segurança vão dizer que se tratou de um lapso e vão pagar aquilo que roubaram. Quem rouba, resolve tudo assim. Sem vergonha. E testemunhei esta realidade de perto durante os anos em que trabalhei em lojas.
Mas, o pior de tudo é a lição que esta criança aprende. Cresce com a ideia de que roubar é algo correcto, justo e que merece ser celebrado. Mais vale poupar meia dúzia de euros e roubar. Isto é algo que esta criança tem como justo. No futuro, se esta criança vier a ser assaltada por alguém na rua não se poderá queixar. Poderá apenas imaginar que se cruzou com alguém que teve lições iguais às suas. Alguém que acredita que roubar é que é bom e que celebrou com um “high five” depois de lhe roubar a carteira e o telemóvel.
Num país em que há cada vez mais acesso à instrução (as universidades privadas até estão a fazer 'saldos' na propinas!), há - comparativamente - menos educação. E assusta-me pensar que serão crianças como a que referes que farão parte da geração 'governativa' que calhará na rifa quando eu for velha...
ResponderEliminarÉ algo assustador. Pensar que o futuro poderá passar por isto. Acho incrível que um pai festeje uma coisa destas com um filho.
EliminarNunca andei em universidades, nem os meus pais, e nunca aprendi nada disso, antes pelo contrario. A educação não tem nada a ver com os estudos!
EliminarA melhor educação é a que recebemos em casa. A outra é um complemento.
EliminarAnónimo: "that's my point" - educação é uma coisa, instrução é outra; eu conheço gente com curso mas sem educação e gente sem curso mas com educação. Tal como diz o HSB, e eu concordo, a educação começa em casa... mas, infelizmente, há cada vez mais casas com gente sem educação... :-(
EliminarTens toda a razão. É assustador o rumo das coisas.
EliminarOlá.
ResponderEliminarPois eu também já presenciei uma situação na caixa do supermercado. Uma senhora que colocou as compras no tapete, pouca coisa por sinal, só que após o registo das mesmas a funcionária questionou a cliente sobre uma suposta aquisição que já se encontrava dentro da bolsa. Após o falso espanto da senhora e a chegada do segurança, ela lá tirou o que tinha dentro da bolsa e qual não é o meu espanto quando vejo um saco com filetes congelados. Fiquei arrepiada. É preciso chegar a um ponto muito limite de necessidade para roubar comida. Se bem que nada justifique qualquer tipo de roubo, mas neste caso fiquei com uma certa pena da senhora. :(
Há quem roube sem ser por necessidade. E testemunhei muitos casos em lojas. Existiam pais que roubavam e que quando eram apanhados culpavam os filhos.
EliminarQue belos valores são transmitidos...uma coisa (ainda que não justificável) é quando algumas pessoas por força da necessidade acabam por ir por esses caminhos...mas uma mãe dar o exemplo á filha e vanglorizar-se ainda por cima...enfim...triste, muito triste!
ResponderEliminarSe alguém roubar comida para comer não me choca. Agora, aquilo era algo completamente diferente. E a postura da mãe mostra isso mesmo. É ser mais esperta do que os outros.
EliminarVergonhoso e muito lamentável, sem dúvida! Que excelentes valores essa mãe está a passar à filha - é assim ao nível do "chico espertismo" que cada vez vejo mais (nas alturas de crise parece que os chicos espertos surgem como cogumelos).
ResponderEliminarMais tarde irá lamentar-se do que está a fazer.
EliminarVão roubar com os filhos, são perseguidos pela polica e o filho morre. Cadeia para o policia, indeminização para os pais.
ResponderEliminarConheces a história? Claro que roubar sempre compensa.
Histórias tristes.
EliminarO policia ainda ficou como culpado!!
EliminarInfelizmente existem várias histórias assim.
EliminarE a mãe toda feliz, como que a ensinar à filha o segredo do negócio de família!...
ResponderEliminarQuando os pais são assim, como podemos julgar os filhos? :S
O high five foi tão ridículo.
Eliminar:( Muito triste que os pais ensinem esse tipo de comportamento aos filhos... o "high five" só demonstra que foi propositado e que não deve ser a primeira vez! Muito mal vai este país...
ResponderEliminarO high five demonstra que são muito espertas e que enganaram a pobre coitada da caixa. Vamos mesmo muito mal.
EliminarNão percebes nada disto! O high five é óbvio - não foram apanhadas logo têm motivo para comemorar.
ResponderEliminarSó era mau ou errado se foram apanhadas - erro de execução.
http://abrildesonho.blogspot.pt/2014/02/olha-o-que-eu-digo-mais-ou-menos.html
É muito triste!
É uma tristeza. É uma falta de valores que até mete medo. Até no sushi já andam a fazer isso. Querem levar a comida sem pagar.
EliminarJá me aconteceu ver também. Mas, educadamente, disse à senhora (sim era uma senhora "muito senhora") que se tinha esquecido do vestidinho pendurado do lado de fora (do outro lado) do carrinho. Deve imaginar as desculpas que deu. (Não. Não se esqueceu. Também ela o tentava tapar e esteve sempre do outro lado do carrinho, não do lado da caixa, de forma a tapá-lo). Detesto "espertezas saloias".(é uma forma de dizer antiga. Nada contra os saloios, que penso serem dos arredores de Lisboa. Nem faço ideia da origem de tal dito. Mas ouço-o há mais de 50 anos!).
EliminarVivemos numa época em que o chico-espertismo está a conquistar novos adeptos.
EliminarNos hipermercados há cenas do "arco da velha", davam mesmo para escrever um livro, ou uma tese de doutoramento... São tantas, tantas, que às vezes até chateia! Confesso que já presenciei muitas, das filas, de gente que tenta passar à frente, do fenômeno das "caixas prioritárias", de gente que se finge gravida (sim, a serio...), mas confesso que tamanho descaramento como o que referes, nunca vi... Que falta de tudo!!!!
ResponderEliminarBeijinhos!!
Volta tudo ao mesmo, à crise de valores.
Eliminarbeijos
Às vezes o meu puto pede-me uma caixinha de amoras quando andamos às compras, e até chegarmos à caixa ele come todas, mas eu ponho sempre a caixa vazia no tapete para pagar... não me vou sujar por uns trocos... mas desconfio que quem me veja com a caixa das amoras vazias no tapete, me ache parvinha e burrinha, pois neste país quem são os maiores são os chicos espertos! Mas à noite durmo tranquila ;), se bem que essa gente também deve dormir bem... não me venham com a necessidade pois há instituições que ajudam e eu fui ensinada que mais vale pedir que roubar!
ResponderEliminarSou como tu. Quando chego ao supermercado cheio de sede vou logo buscar uma água. Bebo e coloco a garrafa vazia no carrinho. Chego à caixa, pago e peço para deitar fora. Simples.
EliminarVinha dar o mesmo exemplo que tu... também já fiz isso de ir buscar uma agua e chegar à caixa e pagá-la vazia.
EliminarFui ensinado assim. E não fico mais rico por pagar algo que consumi.
EliminarRoubar com os filhos... pelo título pensei que era um texto sobre os Espírito Santo.
ResponderEliminarTambém podia ser.
EliminarAhahahahahaha Muito bem !!!
EliminarTambém há aqueles que gamam milhões, e depois dizem que foi engano ou que se esqueceram de o declarar... ups...
ResponderEliminarou então foi tudo fruto de contabilidade criativa.
Esses exemplos também andam a crescer muito.
EliminarAndam a crescer? Andam é a descobrir-se mais. Lá um político ou outro se zangou...
EliminarQuando se zangam é que se descobrem estas coisas.
EliminarVamos acreditar, pelo bem da nação, que este foi um caso singular. Pelo menos eu nunca presenciei tal coisa...
ResponderEliminarJoão M.
Ter trabalhado em lojas levou-me a ver todos os tipos de roubos. Coisas simples com clientes e até esquemas complexos elaborados por funcionários que roubaram largos milhares de euros em produtos. E até pais que roubam e que culpam os filhos. Porém, espero sempre que seja uma minoria.
EliminarHá coisas que por mais anos que viva, nunca entenderei, roubar é uma delas. E ensinar um filho a roubar pior ainda. Mas que tipo de pais são esses? Não quererão o melhor para os seus filhos?
ResponderEliminarHá uns tempos observei uma senhora que trocava os autocolantes das caixas dos bolos, ou seja levava o que tinha mais peso pelo preço do mais leve. Fiquei incrédula com o à vontade com que o fazia, estava mais do que habituada. E não, não tinha ar de passar necessidades. Sinceramente tive muita vontade de informar uma funcionária, ainda hoje não sei porque não o fiz... Enfim... é triste, muito triste!
Vangloriarem-se do roubo é patético. Parece que ficaram com milhões de euros.
EliminarSe uma pessoa estiver atenta num hipermercado vê tanta coisa... Muito triste.
Olha que bela educação que se dá à criança...
ResponderEliminarEnfim, sem comentários...
Perde a moral de se queixar de muita coisa no futuro.
EliminarNem mais. A tua ultima frase diz tudo. Esta criança e mesmo a maezinha ao sairem do hiper deviam ter sido assaltadas...e aí dirias...Karma is a bitch xD
EliminarKarma is a bitch aplica-se muito bem.
EliminarEncontrei por acaso este post, numa busca relacionada com 'roubos em supermercado'.
ResponderEliminarTenho supermercado que já era de meus pais, sempre me custou bastante confrontar com a situação de as pessoas nos roubarem. Muitas vezes ficarmos prejudicados a ver gente sem vergonha e sem consideração a levar sem pagar coisas que nós compramos e pagamos.
Devo dizer que estou no limite da paciencia.
A lei actual até favorece quem rouba, pois em caso de queixa de alguma situação têm que ser pagas as custas de instrução do inquérito, no valor de centenas de euros, lei esta feita para diminuir estatísticas de roubos, diminuir processos e trabalho da policia.
Pois bem quando as coisas são caras temos que recorrer a mais baratas em caso de dificuldades, é o que estou a pensar fazer, em vez de recorrer a uma justiça cara e ineficiente, penso seriamente recorrer à justiça mais acessível e imediata, umas pauladas na cabeça dadas sem querer, depois pede-se desculpa.