madeira a arder. e agora?

Mais triste do que o cenário dantesco em que o Funchal se transformou é saber que tudo aquilo é obra de uma pessoa. De um homem, de 24 anos, que já tinha ateado fogos em mais duas ocasiões. Do acto tresloucado desta pessoa resultaram, até agora, três mortos e muitos danos.

Para trás vão ficar vidas perdidas, casas que eram o sonho de uma vida, negócios que talvez fechem, sonhos que arderam à velocidade alucinante do fogo. E tudo por causa de um homem. Obra de uma pessoa que decidiu pegar fogo ao Funchal. A pergunta que surge e que talvez fique sem resposta é: e agora?

Por exemplo, o que fazer aquele homem? Colocá-lo numa cela é suficiente? (Se é que chega a ser preso). Isso dá paz aos familiares dos que morreram? Isso devolve o dinheiro perdido por tantas pessoas. Certamente que não! Qual o castigo? Pegar-lhe fogo? Há quem considere que colocar alguém numa cela é castigo suficiente. Não sei se será. Mas acredito que penas mais severas metam medo a quem gosta de, neste caso, atear fogos.

Por outro lado, entristece-me que se assista a mais de trinta minutos de telejornais em que aquilo que se mostra é incêndios e desespero de pessoas. Chega-se a entrevistar pessoas que estão a apagar fogos e/ou a tentar salvar bens e animais. Algo que não compreendo...

Coloco os incêndios no mesmo patamar do terrorismo. Informar, sim! Mostrar, não! Não são necessárias imagens ao longo de trinta minutos para que se saiba que o País está a arder. E isto não é uma homenagem a ninguém. Não ajuda ninguém. A notícia deve ser dada sem recurso a imagens em directo do meio do incêndio. Mostra-se um gráfico. Fala-se com as autoridades. Mas não se mostra o incêndio nem se explora a dor de tantas pessoas que nem têm noção de que estão a ser "usadas" para benefício de alguém.

Por outro lado, se as televisões mostram é porque as pessoas gostam de ver. Se mostram durante meia hora é porque ninguém muda de canal. E isto mostra que o mal não está apenas nas televisões mas também em quem gosta de ver o "inferno" dos outros. É a tal curiosidade mórbida que também deveria acabar.